As imagens de Deus não estão no «computador» nem «enciclopédias», mas apenas se a vida se tornar desinstalada, sublinhou hoje o papa Francisco na homilia da missa a que presidiu, no Vaticano.
«Quem não se mete a caminho nunca conhecerá as imagens de Deus, nunca encontrará o rosto de Deus. Os cristãos sentados, os cristãos quietos não conhecerão o rosto de Deus: não o conhecem», vincou o papa, citado pela Rádio Vaticano.
Os cristãos imóveis dizem «“Deus é assim, assim…”, mas não o conhecem»: «Para caminhar é necessária aquela inquietude que o próprio Deus colocou no nosso coração e que leva por diante a procurá-lo»
«Pôr-se a caminho é deixar que Deus ou a vida nos meta à prova, pôr-se a caminho é arriscar», pois só assim é possível encontrar a «identidade» pessoal, declarou Francisco.
Jesus encontra pessoas que «têm medo de pôr-se a caminho» e que se satisfazem «com uma caricatura de Deus», apontou o papa, referindo-se ao trecho do Evangelho proclamado nas missas desta terça-feira.
«Estes não inquietos fizeram calar a inquietação do coração, pintam Jesus com mandamentos e esquecem-se de Deus», como se lê no Evangelho de hoje: «Vós deixais de lado o mandamento de Deus, para vos prenderdes à tradição dos homens».
Na leitura evangélica de hoje, Jesus chama os fariseus de «hipócritas» por anularem a palavra divina com a tradição que transmitiam.
Comportando-se desta maneira, comentou Francisco, «afastam-se de Deus, não caminham para Deus, e quando têm uma insegurança inventam ou fazem outro mandamento».
«Que o Senhor nos dê a todos a graça da coragem de nos pormos sempre a caminho, para procurar o rosto do Senhor, aquele rosto que um dia veremos, mas que aqui, na Terra, devemos procurar», concluiu o papa.
Rui Jorge Martins