cristovao/Bigstock.com
A arquidiocese de Braga assinala a 12 de junho a festa litúrgica de Nossa Senhora do Sameiro, a que está ligada um dos mais significativos santuários em Portugal.
Braga foi a primeira cidade portuguesa a dedicar um monumento evocativo do dogma da Imaculada Conceição, proclamado a 8 de dezembro de 1854.
O Santuário de Nossa Senhora da Conceição do Monte Sameiro fica implantado a 570 metros de altitude, sobre os vales dos rios Ave e Cávado, permitindo uma privilegiada paisagem sobre a cidade minhota.
Rodeado por parque arborizado, jardins, cruzeiro, fontes, capela e edifícios de apoio, o Santuário é composto por escadório, que culmina com a Igreja-Basílica e monumentos evocativos.
O promotor da construção da imagem e fundador da primeira capela construída no Sameiro foi o P. Martinho Pereira da Silva.
A 14 de junho de 1863 ocorreu o lançamento e bênção da primeira pedra de um pedestal em granito que serviria de suporte a uma estátua da Virgem Maria. Uma escultura esculpida em mármore, do italiano Emídio Carlos Amatucci, homenageava Nossa Senhora da Conceição, constituindo o primeiro marco do que é hoje o Santuário.
Essa primeira escultura apareceu derrubada em janeiro de 1883, tendo a cabeça sido encontrada intacta entre os escombros e depois guardada.
A imagem da Virgem do Sameiro, com 2,20 metros de altura, chegou a Braga em 1878. A obra do italiano Eugenio Maocegnali ficou dois anos na igreja do Pópulo. Terminada a construção da primeira capela do santuário, a imagem, incorporada em grandiosa peregrinação, foi para lá levada, sendo entronizada em agosto de 1880. Da imagem, que se encontra no trono do santuário, foram feitas duas cópias.
ribeiroantonio/Bigstock.com
Basílica
A 31 de agosto de 1890 o arcebispo D. António Honorato lançou a primeira pedra de uma igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição do Sameiro.
Devotos de todo o país, entre os quais a rainha D. Amélia, contribuíram para a coroa em ouro, desenhada por Roque Gameiro (1892-1944), destinada à imagem da Virgem. A coroação solene decorreu durante as comemorações do cinquentenário da definição dogmática da Imaculada Conceição, em 12 de junho de 1904.
O altar-mor do santuário foi sagrado em 1941 e em 1954 foram inaugurados os monumentos ao Coração de Jesus, a Nossa Senhora e ao papa Pio IX. Em 1957 inaugurou-se o monumento ao P. Martinho e em 1964 o Santuário foi elevado à categoria de basílica, pelo papa Paulo VI.
A igreja, de estilo neoclássico, em cruz latina, apresenta planta longitudinal composta por nave única, ladeada por torres quadrangulares dotadas de carrilhão de sinos e dois corpos retangulares. O eixo do corpo é pentagonal de cantos arredondados, mais largo, onde se inscrevem a capela-mor, capelas laterais, vestíbulo, sacristia e sala dos benfeitores.
O interior, no qual se encontra um vasto recheio artístico de imaginária e peças de arte sacra, é em cantaria de granito com pavimento em madeira e passadeira central em lajes de granito polido, com cobertura em abóboda de berço.
O altar-mor, de grande imponência, é em granito de várias cores, sustentado por duas colunas monolíticas em mármore róseo, com uma arquitrave encimada de anjos, que contém uma escultura de mármore branco, representando a Santíssima Trindade no ato de coroar a Santíssima Virgem, e nicho entronizando a imagem da Senhora do Sameiro, envolta numa nuvem de anjos esculpidos em baixo-relevo.
O escadório, que desemboca no amplo recinto fronteiro à Basílica, está ladeado pelas estátuas do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora da Conceição do Sameiro, imagens voltadas para Braga, como que a abençoar a cidade.
O principal acesso à Basílica é definido por quatro estátuas: os doutores Marianos, S. Cirilo de Alexandria, S. Bernardo de Claraval, Santo António e Santo Afonso Maria de Ligório.
Para acolher o número crescente de fiéis, especialmente por ocasião das grandes concentrações, foi construída uma cripta, inaugurada em 1979.
Existe uma profunda relação entre Lourdes e o Sameiro, dado que em ambos os santuários se venera a Imaculada Conceição. Por isso, no piso inferior do terreiro, do lado norte da basílica, a Confraria mandou construir uma gruta dedicada a Nossa Senhora de Lourdes.
Em 2012, a basílica foi coroada, como previsto no projeto inicial, com uma esfera armilar encimada por uma cruz iluminada.
No primeiro domingo de junho, realiza-se a grande peregrinação da Arquidiocese de Braga, antecedendo a festa litúrgica do dia 12. As celebrações a 8 de dezembro, dia da Imaculada Conceição, também têm relevo no Santuário.
ribeiroantonio/Bigstock.com
O Sameiro e S. João Paulo II
O papa S. João Paulo II incluiu o Santuário no programa da sua primeira visita a Portugal, a 15 de maio de 1982.
«Santuário do Sameiro, monumento da gente portuguesa, do amor à Santíssima Virgem, aqui venerada e invocada sob o título de Imaculada Conceição. Os numerosos nubentes que escolhem este Santuário para a celebração do seu casamento, fazem-no certamente para colocar os seus lares sob a especial proteção de Nossa Senhora. Seja este gesto de devoção penhor de solidez dos lares cristãos desta tegião, confirmando aquilo que afirmava o senhor arcebispo: que nesta região, geralmente, as famílias assentam em bases cristãs e florescem nelas, com frequência, vocações “sacerdotais, religiosas e missionárias», afirmou o papa na homilia da missa a que presidiu.
A intervenção, dedicada às famílias, terminou com uma prece: Virgem Imaculada, Nossa Senhora do Sameiro, / Mãe do “Menino” posto como “Sinal de Contradição”: / junto do vosso Filho, Jesus Cristo, / cujas palavras conserváveis e meditáveis no Vosso coração / dai a todas as famílias de Portugal a graça / de saberem ouvir e guardar fielmente a Palavra de Deus! / Mãe do Verbo divino, na Sagrada Família de Nazaré, / obtende para estas famílias a harmonia, o amor e a graça! / Que nelas nunca seja contradição “o Sinal”, / nunca seja contradito o amor de Deus misericordioso, / manifestado em Jesus Cristo! Ámen».
Dois anos depois da peregrinação era inaugurado um monumento ao papa polaco, que a 8 de dezembro de 2004, no âmbito das celebrações dos 150 anos do dogma da Imaculada Conceição, concedeu a "Rosa de Ouro", distinção que os pontífices atribuem a personalidades, santuários, igrejas ou cidades em reconhecimento por serviços relevantes prestados à Igreja ou para bem da sociedade.
ribeiroantonio/Bigstock.com