Vemos, ouvimos e lemos
Paisagens
Pedras angulares A teologia visual da belezaQuem somosPastoral da Cultura em movimentoImpressão digitalVemos, ouvimos e lemosConcílio Vaticano II - 50 anosBrevesAgenda VídeosLigaçõesArquivo

Tradição e contemporaneidade

«Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova»: Santo Agostinho em Lisboa para crentes e não crentes

O Patriarcado de Lisboa realiza este sábado, 24 de março, uma leitura de textos da obra “Confissões”, de Santo Agostinho, dirigida especialmente a quem não crê em Deus ou se interrogam sobre a sua existência.

A iniciativa que decorre às 16h00 na igreja do Sagrado Coração de Jesus vai ser protagonizada por atores e dois músicos, entre os quais Rão Kyao, revelou ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura o responsável pelo espetáculo, Júlio Martin.

«A leitura de Santo Agostinho tem-me permitido entrar na viagem belíssima de vida que as “Confissões” oferecem», afirmou.

O espetáculo de uma hora, que conta com a presença do cardeal-patriarca, D. José Policarpo, compreende 40 minutos de leitura «a várias vozes» por parte de atores do Teatro do Ourives, de que Júlio Martin é encenador.

Cada um dos quatro momentos de leitura vai ter cerca de 10 minutos, o que exige «uma seleção muito difícil de fazer, dada a riqueza da obra», salientou o responsável, embora a escolha não se faça a partir da totalidade do livro mas de uma triagem prévia.

«Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei!», o fragmento que mais cativou Júlio Martin, fará parte dos excertos a serem lidos por se tratar de um texto «muito belo a nível vivencial, poético e teatral».

ImagemSandro Botticelli

Depois de acentuar que «a experiência de Santo Agostinho é a de alguém que parte da descrença para um processo de conversão, até incarnar na plenitude a mensagem cristã», o encenador sublinhou que o espetáculo dirige-se sobretudo «para as pessoas que não creem ou estão em fase de conversão».

«Estamos a optar por textos que colocam dúvidas e inquietações, fazendo o percurso interior até à conversão», explicou Júlio Martin, salvaguardando que a iniciativa também pretende cativar os católicos que desconheçam a obra, como era o caso do encenador.

Os textos do Doutor da Igreja de origem africana que viveu entre os séculos III e IV vão ser acompanhados por projeções de pinturas e fotografias nas amplas paredes da igreja.

ImagemSanto Agostinho ensinando em Roma (Benozzo Gozzoli)

A encenação «muito simples» também pretende salientar «como a inteligência também é tocada» no itinerário de Santo Agostinho até à adesão ao cristianismo.

«A vivência cristã vai para além do aspeto sentimental, é algo que é pensado e interrogado», frisou Júlio Martin, que considera que as “Confissões” são também um estímulo à ação: «É muito importante a transformação da realidade a partir do que acreditamos».

A  leitura integra-se no programa da “Missão Metrópoles”, iniciativa promovida pelo Conselho Pontifício para a Nova Evangelização que decorre em 12 cidades europeias.

ImagemSanto Agostinho e Santo Ambrósio (Fra Filippo Lippi)

A terminar, o excerto que mais tocou Júlio Martin e que constitui o núcleo da obra:

«Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu lá fora a procurar-Vos! Disforme, lançava-me sobre estas formusuras que criastes. Estáveis comigo, e eu não estava convosco!

Retinha-me longe de Vós aquilo que não existiria se não existisse em Vós. Porém chamastes-me com uma voz tão forte que rompestes a minha surdez! Brilhastes, cintilastes, e logo afugentastes a minha cegueira! Exalastes perfume: respirei-o suspirando por Vós. Saboreei-Vos, e agora tenho fome e sede de Vós. Tocastes-me e ardi no desejo da Vossa paz.»

 

Rui Jorge Martins
© SNPC | 20.03.12

Redes sociais, e-mail, imprimir

Imagem
Santo Agostinho
Piero Della Francesca

 

Ligações e contactos

 

 

Página anteriorTopo da página

 


 

Subscreva

 


 

 


 

 

Secções do site


 

Procurar e encontrar


 

 

Página anteriorTopo da página

 

 

 

2011: Eurico Carrapatoso. Conheça os distinguidos das edições anteriores.
Leia a última edição do Observatório da Cultura e os números anteriores.