«A oração marcava os nossos dias e à noite lia-nos sempre a Bíblia. A fé em Deus influenciou absolutamente a sua ação política», declarou Kerry Kennedy, filha de "Bobby" Kennedy, senador e candidato à presidência dos EUA, falecido a 6 de junho de 1968.
Em entrevista à televisão católica italiana Tv2000, a escritora e ativista dos direitos humanos recordou: «Antes de irmos dormir, íamos todos para o seu quarto, colocávamo-nos à volta da cama dos meus pais e recitávamos o terço».
«A fé do meu pai influenciou absolutamente a sua ação política. O pensamento do meu pai foi inspirado pela sua fé, uma fé que o guiou em todas as suas ações», frisou.
Cinco anos após o homicídio do irmão John Fitzgerald Kennedy, então presidente dos EUA, a corrida à Casa Branca de "Bobby", então com 42 anos, terminou a 5 de junho de 1968 com oito disparos de pistola que o viriam a matar em Los Angeles, pouco tempo após vencer as eleições primárias na Califórnia e Dakota do Sul. Kerry tinha então oito anos.
São muitas as recordações de Robert Kennedy, pai de onze filhos, que em casa mitigava os conflitos entre os filhos, enquanto que fora ocupava o cargo de procurador da Justiça dos EUA, antes de ser eleito senador por Nova Iorque.
«Quando éramos crianças, lembro-me que quando acordávamos, de manhã, ele vinha ao nosso quarto e rezávamos juntos. Rezávamos com ele primeiro e no fim de cada refeição. Depois do jantar, todas as noites, lia a Bíblia e lia-a», afirmou Kerry.
A filha está convicta de que o pai teria «apreciado muito o trabalho do atual pontífice: «Quando as pessoas me perguntam quem, no mundo, é hoje o meu herói, eu respondo o papa Francisco».
«Quando o meu pai se candidatou à presidência do país, disse: "Paz, justiça e compaixão por todos aqueles que sofrem são os valores que devem representar os Estados Unidos". Infelizmente estes valores não representam hoje os EUA e Donald Trump não os representa absolutamente», vincou.
Kerry elogia as qualidades da encíclica "Laudato si'", do papa Francisco: «É um chamamento a todos nós para proteger o nosso planeta, proteger o nosso ambiente, o respeito pela criação».
«A maneira como colhemos a beleza de Miguel Ângelo ou Leonardo da Vinci e através da criação, e o modo como conhecemos Deus é através da criação de Deus. Penso que neste momento da história, a natureza está em risco, e a ação do papa Francisco é um chamamento à ação, à mudança por parte de todos nós», observou.
"Bobby" Kennedy era «um homem jovem que estava a oferecer a própria pessoa ao serviço público do seu país», declarou o papa Paulo VI a 6 de junho de 1968, ao comentar o estado grave em que se encontrava o senador. Ambos tinham-se encontrado a 4 de fevereiro do ano anterior. A memória de Robert tem honras de capa na edição de hoje do jornal do Vaticano, "L'Osservatore Romano".
A 9 de junho de 1968, na oração do Angelus, Paulo VI haveria de recordar não só Bon, mas também o irmão, John, e o pastor Martin Luther King, todos assassinados: «Faremos bem em recordar a voz, em prol dos pobres, dos deserdados, dos segregados, do progresso urgente, numa palavra, da justiça social, obtida não com a violência e com as divergências entre os cidadãos e irmãos, mas com a afirmação enérgica e coerente da liberdade, da fraternidade e da responsabilidade».
O jornal do Vaticano termina a evocação com um gesto: caído no chão da cozinha do hotel Ambassador, onde foi atingido pelos disparos, o moribundo Robert Kennedy recebe nas suas mãos um terço de um seu fervoroso admirador, Juan Romero, camareiro mexicano de 17 anos.