O cardeal Gianfranco Ravasi, responsável pela cultura no Vaticano, vive a «paixão pelo diálogo» e recusa os «automatismos» do pensamento, afirmou hoje o padre José Tolentino Mendonça, vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP)
A «monumental obra escrita» do presidente do Pontifício Conselho da Cultura «tem uma marca idiomática que a distingue», constituída por um «diálogo operado por citações», da filosofia à literatura, passando pelo cinema e artes visuais, a Bíblia e dezenas de escritores, pensadores, cientistas, compositores, cineastas e mestres de espiritualidade, sublinhou.
«Há um reiterado desejo de assumir a escrita e o pensamento» como «vaivém que liga o eu ao tu», «reivindicando a «polifonia» e distanciando-se do «solipsismo», afirmou Tolentino Mendonça, padrinho do doutoramento “Honoris Causa” pela Universidade Católica do biblista italiano.
Gianfranco Ravasi «representa de forma nítida o que pode ser um cristão e um humanista» e é uma «fonte extraordinária de inspiração», acentuou o sacerdote madeirense, também especialista em estudos bíblicos.
O magno chanceler da Universidade Católica, D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, que entregou o doutoramento “Honoris Causa” ao cardeal, acentuou que a UCP «não pode falhar a sua missão», tendo «um papel renovado que corresponde ao das suas origens».
A reitora da UCP realçou que a instituição busca a «humildade da interrogação e da busca da verdade», a par da «iluminação da fronteira entre conhecimento e ignorância», acrescentando que a missão da universidade não está apenas em «formar, mas também em formar-se».
Maria da Glória Garcia observou que os «diminutos apoios do Estado entravam a liberdade de escolha» dos estudantes, e falou sobre as «custosas» decisões de «contenção» financeira da UCP.
A sessão académica do Dia da Nacional da Universidade Católica Portuguesa, dedicado ao tema “Alargar horizontes”, contou com a presença do secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes.
Fundada em 1967 e oficialmente reconhecida pelo estado português em 1971, a UCP tem sede e Lisboa, centros regionais no Porto, Braga e Viseu, e está associada à Universidade de S. José, em Macau, que tem como reitor o padre Peter Stilwell.
A UCP tem faculdades e departamentos que lecionam e investigam nas áreas de teologia, ciências económicas e empresariais, ciências humanas, direito, direito canónico, ciências da saúde, estudos políticos, artes, biotecnologia, bioética, ciências da saúde, educação, psicologia, arquitetura e tecnologia, ente outros campos de saber.
«O incremento da cultura» baseada «nos valores cristãos», o apoio à «integração» e «síntese do saber com a doutrina católica, promovendo continuamente o diálogo entre a fé e a razão», a preparação de quem é chamado «a exercer serviços específicos na Igreja» e de «quadros para a sociedade», a par do estudo da «realidade portuguesa» constituem alguns dos objetivos da UCP.
Rui Jorge Martins