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Quem pensa que refugiados ameaçam cristianismo, está contra o Evangelho

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Quem pensa que refugiados ameaçam cristianismo, está contra o Evangelho

A Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana classifica de «alarmantes» as afirmações de «um governante de um estado europeu» que diz «temer pela perda das raízes cristãs da Europa devido à chegada do grande número (fala de “invasão”) de refugiados, sobretudo muçulmanos».

A posição daquele departamento da Conferência Episcopal Portuguesa foi tornada pública na nota "Refugiados: A exigência da fraternidade", divulgada hoje, dia de apresentação da PAR - Plataforma de Apoio aos Refugiados, que envolve vários organismos da Igreja católica e à qual os bispos de Portugal deram o seu apoio.

Reagindo ao artigo, publicado num jornal alemão, no qual o responsável, não identificado, considera que é «"alarmante” o facto de os povos europeus não conseguirem “defender os próprios valores cristãos"», a Comissão Episcopal vinca que as afirmações «contrariam objetivamente a pessoa de Jesus e o seu Evangelho».

O comunicado, enviado ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, recorda recentes tomadas de posição públicas por parte de prelados, como é o caso do bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, que apela à abertura das «portas fechadas da Europa».

«Não podemos ficar mais indiferentes, isto põe à prova toda a identidade, generosidade e solidariedade cristãs», defende, por seu lado, D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima.

O presidente da Comissão da Pastoral Social e Mobilidade Humana e arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, sustenta que «já não bastam discursos» nem «reuniões e encontros», ao mesmo tempo que é «urgente» questionar as causas de haver «tantas pessoas [que] querem deixar os seus países».

No mesmo sentido se pronuncia o bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, para quem «a ação terá de ser cada vez mais nos países» de origem dos refugiados, o que reclama «uma colaboração muito importante da Europa» para que as causas que conduzem à fuga das pessoas «terminem o mais breve possível».

«A dramática situação de tantos milhares de pessoas que demandam a Europa como lugar de paz e de sustento para si e para os seus, arrostando com duríssimas dificuldades para chegar e permanecer no nosso Continente, exige de todos nós a resposta mais humana e capaz», aponta o cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente.

O bispo das Forças Armadas e Segurança, D. Manuel Linda, membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social, invoca «o direito de exigir aos políticos do mundo soluções sérias e sustentáveis», a par da criação de uma «nova mentalidade» alinhada com o «projeto universal de Deus que há-de sobrepor-se aos regionalismos e às barreiras humanas».

«É sempre uma situação difícil, mas é possível acolher muito mais gente», dado que Portugal «tem lugar para muitos», assinala o bispo de Beja, D. António Vitalino, também membro da Comissão da Pastoral Social.

Vários organismos da Igreja em Portugal têm procurado nos últimos dias mobilizar recursos materiais e organizar estratégias para acolher os refugiados.

A maior parte dos bispos do episcopado nacional inicia na segunda-feira a visita "ad limina" ao Vaticano, jornada que os membros dos episcopados nacionais realizam, normalmente a cada cinco anos, para rezar junto dos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo e reunir-se com o papa e altos responsáveis de departamentos da Santa Sé.

Antes da visita, os bispos enviam para o Vaticano um relatório sobre o estado das suas dioceses, documentos que servem de base ao discurso orientador que o papa dirige habitualmente aos prelados. O encontro do episcopado de Portugal com Francisco está marcado para segunda-feira.

Dos 43 bispos em Portugal (20 residenciais, 1 administrador apostólico, um coadjutor, sete auxiliares e 14 eméritos), 38 participam nesta visita "ad sacra limina apostolorum" (aos sagrados túmulos dos apóstolos), incluindo o P. José Ornelas Carvalho, que Francisco nomeou recentemente bispo de Setúbal, refere a Agência Ecclesia.

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 04.09.2015 | Atualizado em 17.04.2023

 

 
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«A dramática situação de tantos milhares de pessoas que demandam a Europa como lugar de paz e de sustento para si e para os seus, arrostando com duríssimas dificuldades para chegar e permanecer no nosso Continente, exige de todos nós a resposta mais humana e capaz»
«Já não bastam discursos» nem «reuniões e encontros», ao mesmo tempo que é «urgente» questionar as causas de haver «tantas pessoas [que] querem deixar os seus países».
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