Bento XVI recebeu a assembleia plenária do Conselho Pontifício da Cultura
Bento XVI recebeu no último sábado (9 de Março) em audiência no Vaticano os participantes na assembleia plenária do Conselho Pontifício para a Cultura, que durante três dias debateram o tema "A Igreja e o desafio da secularização".
Uma questão, que, como hoje salientou o Papa, é fundamental para o futuro da humanidade e da Igreja.
“Hoje, mais do que nunca a abertura recíproca entre as culturas é um terreno privilegiado para o diálogo entre os homens e mulheres empenhados na procura de um humanismo autêntico, para além das divergências que os separam.
A secularização, que se apresenta nas culturas como delineamento do mundo e da humanidade sem referencia á Transcendência, invade todos os aspectos da vida quotidiana e desenvolve uma mentalidade na qual Deus está de facto ausente, em tudo ou em parte, da existência e da consciência humana."
Esta secularização – disse depois Bento XVI – não é apenas uma ameaça externa para os crentes, mas manifesta-se já desde há tempos no seio da própria Igreja. Desnatura a partir de dentro e em profundidade a fé cristã, e por conseguinte, o estilo de vida e o comportamento quotidiano dos crentes. Eles vivem no mundo e muitas vezes são mesmo condicionados pela cultura da imagem que impõe modelos e impulsos contraditórios, na negação pratica de Deus: já não existe necessidade de Deus, de pensar n’Ele e de voltar a Ele. Além disso, a mentalidade hedonista e consumista predominante favorece, tanto nos fiéis como nos pastores, uma deriva para a superficialidade e um egocentrismo que prejudica a vida eclesial
No seu discurso o Papa constatou que a “morte de Deus” anunciada nos decénios passados por muitos intelectuais, cede o lugar a um culto estéril do individuo, e que neste contexto cultural existe o perigo de se cair numa atrofia espiritual e num vazio do coração, caracterizados às vezes por formas sucedâneas de pertença religiosa e de vago espiritualismo.
E salientou a este propósito: ”é quanto mais urgente reagir a semelhante deriva mediante a chamada dos valores elevados da existência, que dão sentido á vida e podem apagar a inquietação do coração humano, á procura da felicidade: a dignidade da pessoa humana e a sua liberdade, a igualdade entre todos os homens, o sentido da vida e da morte e daquilo que nos espera depois da conclusão da existência terrena."
Bento XVI concluiu o seu discurso aos participantes na assembleia plenária do Conselho Pontifício para a Cultura exortando sobretudo os pastores do rebanho de Deus a uma missão incansável e generosa para enfrentar, no terreno do diálogo e do encontro com as culturas, do anúncio do Evangelho e do testemunho, o preocupante fenómeno da secularização, que enfraquece a pessoa e lhe cria obstáculos no seu desejo inato de Verdade inteira. Possam assim os discípulos de Cristo…. continuar a anunciá-lO no coração das culturas, porque Ele é a luz que ilumina a razão, o homem e o mundo.
Rádio Vaticano | SNPC
10.03.2008
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