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Itália

Festival artístico recuperou tradição dos sermões

A 55.ª edição do Festival de Spoleto, no centro da Itália, realizada de 29 de junho a 15 de julho, incluiu a apresentação de sermões sobre os sete pecados capitais entre a programação de exposições, concertos, representações teatrais, ópera e dança.

O primeiro sermão, sobre o orgulho, foi proferido pelo arcebispo D. Rino Fisichella, presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, tendo-se seguido, em dias alternados, as prédicas sobre a gula (padre Andrea Leonardo), inveja (arcebispo Vincenzo Paglia, presidente do Conselho Pontifício da Família) e preguiça (padre Pierangelo Sequeri).

O presidente do Conselho Pontifício da Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi, falou sobre a lúxuria, o monge Enzo Bianchi refletiu acerca da ira e Renato Boccardo, arcebispo da diocese de Spoleto-Norcia, discorreu sobre a ganância.

As sete pregações foram enriquecidas por citações «que recordaram ou ensinaram que a cultura cristã conserva um tesouro de textos centrados no conhecimento da alma humana», que mantêm a atualidade muitos séculos depois de terem sido escritos, nota Lucetta Scaraffia na edição desta quarta-feira do jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano.

No texto de apresentação da iniciativa, publicado no site do festival, a responsável explica que até 1900, pelo menos fora das cidades, os sermões eram, além de encontros religiosos, uma ocasião social em que a comunidade local se reunia.

FotoD. Rino Fisichella

«Antes de tudo o pregador tinha de falar à consciência dos fiéis e despertá-la, mas esse resultado poderia ser obtido apenas através do exercício da melhor capacidade retórica para captar a sua atenção e estimular os seus sentimentos».

A intervenção de um bom pregador significava «experimentar emoções fortes», pelo que os bons oradores eram famosos e muito procurados, especialmente durante a Quaresma, o momento central para a pregação penitencial. 

Além do envolvimento emocional, a população era muitas vezes conduzida ao arrependimento sincero das suas faltas. Entre nós subsiste, entre outros, o exemplo do padre António Vieira, que aliou a força espiritual ao virtuosismo linguístico.

FotoDresden SemperOper Ballett

«Este tipo de ensino, esta antiga forma de comunicação caiu no esquecimento devido à concorrência nos meios de comunicação de massa e à depreciação de comunicação retórica», assinala a autora.

Os sermões que atualmente se ouvem após as leituras bíblicas da missa são «cada vez mais uma forma de comentário sobre as palavras do Evangelho, ao invés de um verdadeiro exercício retórico com o objetivo de surpreender e emocionar os ouvintes», sublinha.

Com a proposta dos sermões, o Festival de Spoleto, em colaboração com o Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, pretendeu recuperar essa forma de oratória.

FotoIgreja de S. Domingos, em Spoleto, onde foram pregados os sermões

Lucetta Scaraffia refere no L’Osservatore Romano que o diretor artístico do festival, Giorgio Ferrara, destacou no fim do evento o sucesso das pregações, atendendo à afluência de público e às reações da crítica.

A iniciativa, salienta Lucetta Scaraffia, «foi sobretudo um excelente exemplo de comunicação da tradição cristã fora dos seus âmbitos clássicos».

As pregações deram a conhecer a muitas pessoas, incluindo as que possivelmente não entrariam na igreja para participar na missa e ouvir a homilia, a «riqueza de pensamento» de «uma grande tradição» que «pode justamente reivindicar o facto de ser perita em humanidade».

 

© SNPC | 17.07.12

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