O papa vai receber a 3 de junho, no Vaticano, cerca de 400 crianças vítimas dos sismos que em agosto de 2016 sacudiram as localidades de Accumoli, Amatrice, Arquota del Tronto e Núrsia, em Itália, causando mais de 250 mortos.
O encontro insere-se no programa da quinta edição do "Comboio das Crianças", organizada pelo Átrio dos Gentios, plataforma coordenada pelo Conselho Pontifício da Cultura para promover o diálogo entre crentes e não crentes.
Os «pequenos viajantes, grandes embaixadores» entregarão a Francisco o livro "Nós nesta terra que dança... a propósito dos terramotos", que trata do tema do sismo com uma linguagem dirigida às crianças.
O pequeno volume, que conta com o patrocínio do Senado da República Italiana, da Proteção Civil da Região de Emilia-Romagna e do Conselho Pontifício da Cultura, inclui o depoimento do arquiteto Renzo Piano, distinguido com o prémio Pritzker, considerado o "Óscar" da especialidade, e membro vitalício do Senado.
A obra conta também com textos do presidente do Senado, Pietro Grasso, e do presidente do Conselho Pontifício da Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi, que participaram hoje, no Vaticano, na conferência de imprensa de apresentação do "Comboio das Crianças", acompanhados pelos autores do livro e pelo presidente do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia, entre outras personalidades.
À semelhança dos anos anteriores, o projeto, que em 2017 se intitula "Guardiães da Terra", conta com a colaboração da companhia ferroviária estatal italiana, que disponibiliza um comboio para levar os participantes à estação de caminhos de ferro do Vaticano, raramente utilizada.
«Deus deu-nos a terra para a cultivar e guardar com respeito e equilíbrio. Cultivá-la "demasiado" – isto é, explorando-a de maneira míope e egoísta – e guardá-la pouco, é pecado»: as palavras de Francisco na mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, em 1 de setembro de 2016, serviram de inspiração para esta edição do "Comboio das Crianças".
Antes do encontro com o papa, os pequenos serão recebidos em Roma por membros da organização Sport Senza Frontriere Onlus, que promove a prática do desporto para pessoas carenciadas, e por uma orquestra proveniente das favelas do Rio de Janeiro.
«[As crianças] transmitirão a memória do terramoto a quem não o experimentou, para não esquecerem que a Itália é uma região sísmica. Estes pequenos "guardiães da Terra" far-se-ão embaixadores de uma mensagem importante: não podemos evitar as catástrofes, mas podemos fazer muito para estarmos preparados de forma eficaz», salienta o "Átrio dos Gentios" no Facebook.
Na conferência de imprensa, o cardeal Ravsi declarou que o papa «aceitou de imediato, com entusiasmo», a proposta, também por ter visitado as localidades afetadas pelo terramoto, que são«lugares de sofrimento mas também de esperança».