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Papa Francisco prefacia textos inéditos de Madre Teresa de Calcutá

Imagem Capa (det.) | D.R.

Papa Francisco prefacia textos inéditos de Madre Teresa de Calcutá

«Há uma expressão de Madre Teresa que gostaria que servisse de cenário à minha reflexão: “Nós não somos uma ONG. As ONG trabalham para um projeto; nós trabalhamos para Alguém”. Por isso também eu repito que a Igreja não é uma ONG, porque trabalha para Cristo e para os pobres nos quais vive Cristo, estende-lhes a mão, invoca ajuda, pede o nosso olhar misericordioso, a nossa ternura.»

É com estas palavras que o papa inicia o prefácio do livro “Amiamo chi non è amato” [Amamos quem não é amado], volume de 92 páginas que estará disponível nas livrarias de Itália a 29 de julho, com uma recolha de textos inéditos de Madre Teresa de Calcutá, que será declarada santa por Francisco a 4 de setembro.

«Relendo estas páginas pensei recolher algumas reflexões em torno a cinco palavras. A primeira palavra é oração. Madre Teresa convida-nos incansavelmente a atingir a fonte do Amor, Jesus crucificado e ressuscitado, presente no sacramento da Eucaristia, para depois ter a força de o socorrer nos mais pobres entre os mais pobres, com o coração repleto de alegria. Madre Teresa iniciava o seu dia participando na Santa Missa e terminava-a com a adoração a Jesus no Santíssimo Sacramento, Amor infinito. Assim, torna-se possível transformar o trabalho em oração. Nunca esqueçamos de ter um pequeno Evangelho no bolso, de lhe ler uma página e de entrar também nós na narrativa que lemos. Procuramos entrar nos pensamentos e nos sentimentos de Jesus, falamos com Ele, pedimos a graça do seu Espírito: assim tornar-nos-emos homens e mulheres que têm o gosto da vida e saberemos dar um olhar renovado a quem encontramos», assinala Francisco.

A segunda palavra meditada pelo papa é «caridade»: «Significa fazer-se próximos das periferias dos homens e das mulheres que encontramos a cada dia, experimentar compaixão pelos últimos no corpo e no espírito – e experimentar compaixão é possível só quando a necessidade e as feridas do outro são acolhidas no meu coração -, fazer-se testemunhas da carícia de Deus por cada ferida da humanidade. Tudo isto é possível quando cada um de nós está com o Senhor Jesus, fala com Ele, deixa-se habitar pelo seu Espírito. Assim nós seremos capazes de oferecer quanto as pessoas desejam: a presença e a proximidade de Deus misericórdia».

Francisco prossegue a introdução com a terceira palavra, «misericórdia»: «Poderemos também dizer obras de misericórdia corporais e espirituais, isto é, assumir o cuidado de todo o homem e de cada homem. Na “Misericordiae vultus”, bula de prescrição do Jubileu extraordinário da Misericórdia, escrevo: “É meu vivo desejo que o povo cristão reflita, durante o Jubileu, sobre as obras de misericórdia corporal e espiritual. Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida perante o drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina. A pregação de Jesus apresenta-nos estas obras de misericórdia, para podermos perceber se vivemos ou não como seus discípulos. Redescubramos as obras de misericórdia corporal: dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos”. Madre Teresa fez desta página do Evangelho o guia da sua vida, o caminho para a santidade, e ele poderá tornar-se também para nós».

«A quarta palavra é família. Nela ressalta a figura e a presença da mamã, e dela fala nestas páginas Madre Teresa: “As mamãs são o coração da casa e são elas que formam a família, aceitando, amando e assumindo o amoroso cuidados dos seus filhos. (…) [Com efeito] muitos dos sofrimentos dos jovens são causados pela vida familiar. (…) É a mamã que faz da casa um ninho de amor. Às vezes ser mãe pode ser uma experiência verdadeiramente árdua, pode ser uma cruz; mas temos connosco Nossa Senhora, a melhor das mamãs, que sempre nos ensina a ser ternos com os nossos filhos”. Na família, efetivamente, aprendemos da mamã e do papá a sorrirmos, a perdoarmo-nos, acolhermo-nos, a sacrificarmo-nos uns pelos outros, dar sem pretender nada em troca, rezar e sofrer juntos, alegrar e ajudarmo-nos reciprocamente. Em nenhuma outra situação de vida é possível viver como e quanto se vive numa família. E Madre Teresa, numa das respostas durante os encontros reportados neste livro, diz-nos: “Deveis tornar-vos cada vez mais a alegria e a consolação de Deus, rezando nas vossas famílias. A família tem necessidade de amor, comunhão e trabalho árduo. E este será o maior dom que podereis oferecer à Igreja”.»

A quinta e última palavra da refletida pelo papa Francisco na introdução ao livro de Madre Teresa é «juventude»: «“De modo particular me dirijo a vós, jovens! Dizem que a Albânia é o país mais jovem da Europa e eu dirijo-me a vós. Convido-vos a construir a vossa existência sobre Jesus Cristo, sobre Deus: quem constrói sobre Deus constrói sobre rocha, porque Ele é sempre fiel, mesmo se nós faltamos à fidelidade (cf. 2Tm 2,13)”. Com estas palavras no “Angelus” em Tirana, durante a minha visita à Albânia, a 21 de setembro de 2014, me dirigia aos jovens daquela terra. A todos os jovens peço, agora, para não perderem a esperança, para não se fazerem roubar o futuro, que está nas suas mãos. Permanecei no Senhor e amai-vos como Deus vos ama, sede construtores de pontes para interromper a lógica da divisão, da recusa, do medo uns dos outros, colocai-vos ao serviço dos pobres, enfrentai com coragem a vida, que é dom de Deus. Voai alto, como a águia símbolo do país de origem de Madre Teresa! Encorajo-vos a envolver os vossos contemporâneos; a alimentar-vos assiduamente da Palavra de Deus abrindo os vossos corações a Cristo, ao Evangelho, ao encontro com Deus, ao diálogo entre vós para oferecer um testemunho ao mundo inteiro».

A terminar, escreve Francisco: «Abençoo-vos com afeto. Desejo que estas páginas façam bem ao vosso coração como fizeram bem ao meu, enquanto invoco paz e misericórdia nas vossas casas, nas vossas famílias, na vossa vida. Paz e misericórdia invocamos de Deus, sobre o mundo inteiro, por intercessão de Madre Teresa».

O livro contém dois discursos sobre o tema “Os pobres são esperança”: o primeiro foi dirigido a dois mil jovens e o segundo a um milhar de religiosos, que Madre Teresa pronunciou a 18 de outubro de 1973, na cidade de Milão, onde no dia seguinte participou na primeira grande vigília missionária italiana. A 19 de outubro daquele ano, Madre Teresa foi recebida pelo arcebispo milanês, cardeal Giovanni Colombo, e pelo presidente do município, Aldo Aniasi.

A obra reporta também a transcrição do diálogo livre e vivo que a fundadora das Missionárias da Caridade teve com o público. Segundo os últimos dados disponíveis, o seu instituto tem hoje 5305 membros em 758 casas, distribuídas em mais de 130 países. A 4 de março quatro religiosas da congregação foram mortas por um comando de terroristas armados em Aden, Iémen, juntamente com outras 12 pessoas.

«Dedicamos o nosso serviço àqueles que consideramos os mais pobres entre os pobres espiritualmente, aqueles que não são amados, não são queridos, não são assistidos, pessoas que ninguém ama», afirmou Madre Teresa na cidade de Santo Ambrósio.

«A vida vivida pelas nossas irmãs e pelos nossos irmãos é o fruto daquela união com Deus que nasce da oração e da fidelidade aos votos que professaram. A nossa atividade, o nosso trabalho, o nosso serviço aos pobres são a expressão concreta do nosso amor por Deus. Com o propósito de levar um pouco de alívio à vida dos pobres, nós escolhemos livremente ser pobres como eles, de modo a poder compreender a sua pobreza. A pobreza, para nós, é a liberdade de servir os mais pobres entre os pobres», vincou.

A editora EMI, responsável pela publicação, realça que este é um livro que dá a «crentes e não crentes» a possibilidade de entrar «no íntimo de uma mulher» que «marcou» a contemporaneidade, «testemunhando como a caridade é o melhor estilo de vida» para a realização pessoal.

 

Corriere della Sera, Avvenire, EMI
Trad. / edição: Rui Jorge Martins
Publicado em 22.07.2016

 

 

 
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Na família, efetivamente, aprendemos da mamã e do papá a sorrirmos, a perdoarmo-nos, acolhermo-nos, a sacrificarmo-nos uns pelos outros, dar sem pretender nada em troca, rezar e sofrer juntos, alegrar e ajudarmo-nos reciprocamente. Em nenhuma outra situação de vida é possível viver como e quanto se vive numa família
A todos os jovens peço, agora, para não perderem a esperança, para não se fazerem roubar o futuro, que está nas suas mãos. Permanecei no Senhor e amai-vos como Deus vos ama, sede construtores de pontes para interromper a lógica da divisão, da recusa, do medo uns dos outros, colocai-vos ao serviço dos pobres, enfrentai com coragem a vida, que é dom de Deus. Voai alto
A vida vivida pelas nossas irmãs e pelos nossos irmãos é o fruto daquela união com Deus que nasce da oração e da fidelidade aos votos que professaram. A nossa atividade, o nosso trabalho, o nosso serviço aos pobres são a expressão concreta do nosso amor por Deus. Com o propósito de levar um pouco de alívio à vida dos pobres, nós escolhemos livremente ser pobres como eles
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