«Conhecer o pensamento e os costumes de outros enriquece-nos e estimula-nos a aprofundá-los em nós mesmos para poder entabular um diálogo sério e frutuoso com o meio que nos rodeia», sublinha o papa.
Na carta por ocasião do primeiro centenário da Pontifícia Universidade Católica do Peru, divulgada hoje pela Sala de Imprensa da Santa Sé, Francisco frisa que «ensinar e aprender é um processo lento e minucioso, que necessita atenção e amor constante, pois está-se a colaborar com o Criador a dar forma à obra das suas mãos».
«Ser evangelizado para evangelizar» constitui o objetivo primário «de uma instituição universitária católica»: «A aprendizagem de conhecimentos não basta, requer-se levá-los à vida, sendo fermento no meio da massa».
Francisco acentuou a importância da coerência cristã: «Somos discípulos missionários e estamos chamados a converter-nos no mundo num evangelho vivo. Através do exemplo da nossa vida e das nossas boas obras estaremos a testemunhar Cristo, para que o coração do homem possa mudar e transformar-se numa criatura nova.
A Universidade Católica do Peru alcançará a sua finalidade se «levar ao tecido social essas doses de profissionalismo e humanidade, que são próprias do cristão que soube procurar com paixão essa síntese entre a fé e a razão», afirmou o papa.
O caminho da beleza nos santuários
Também neste sábado Francisco lembrou que entre os propósitos dos santuários católicos está a sua «valorização cultural e artística», de acordo com a «"via pulchritudinis" [caminho da beleza], enquanto modalidade peculiar da evangelização da Igreja».
Na carta em que transfere as competências relativas aos santuários da Congregação do Clero para o Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, o papa lembra que «muitos santuários foram a tal ponto percecionados como parte da vida das pessoas, das famílias e das comunidades que plasmaram a identidade de gerações inteiras, até incidirem na história de algumas nações».
«Estes lugares, apesar da crise de fé que atinge o mundo contemporâneo, são ainda percecionados como espaços sagrados» em direção aos quais os peregrinos se dirigem «para encontrar um momento de pausa, de silêncio e de contemplação na vida muitas vezes frenética dos nossos dias», salienta o documento.
O texto assinala que «um desejo oculto faz surgir em muitos a nostalgia de Deus», e nesse sentido «os santuários podem ser um verdadeiro refúgio para se redescobrir a si próprio e encontrar a necessária força para a própria conversão».
«Caminhar para o santuário e participar na espiritualidade que estes lugares exprimem são já um ato de evangelização, que merece ser valorizado pelo seu intenso valor pastoral», salienta Francisco.