James Tissot
«Se neste dia também tu tivesses conhecido o que te pode trazer a paz!» (Lucas 19,42). Estas palavras de Jesus, ao constatar o quanto Jerusalém permaneceu impermeável ao apelo dos profetas e indiferente à mensagem que Ele mesmo lhe levava, derramam-se como um pranto, como um lamento desconsolado, um grito que explode.
E com efeito o evangelista S. Lucas diz que Jesus se pôs a chorar. Há momentos em que as palavras não são palavras, ou não são apenas palavras. As lágrimas de Jesus correm através dele, banham-no de uma intensidade de um significado novos.
Que coisas são as lágrimas? «Através das minhas lágrimas eu conto uma história», explica Roland Barthes nos seus “Fragmentos de um discurso amoroso”. Quando choramos, mesmo que o façamos na mais completa solidão, dirigimo-nos a alguém. Choramos sempre para que um outro veja.
Se isto é verdade, para quem chora Jesus? Chora diante do Pai porque na Terra não é reconhecido como aquele que «poderia levar a paz»? Chora para que Jerusalém (que etimologicamente significa “a cidade da paz”) acorde do seu sono? Chora por todas as ruínas? Por todas as vítimas?