Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura

«O que foi que levou a sentir o conflito como algo normal no mundo?»: Mensagem do papa para o Dia Mundial da Paz

“A cultura do cuidado como percurso de paz” é o tema da mensagem para o 54.º Dia Mundial da Paz, que se assinala a 1 de janeiro, na qual o papa sublinha que os recursos gastos em armas «poderiam ser utilizados para prioridades mais significativas», pede medidas para garantir o acesso às vacinas contra a Covid-19 «a todos aqueles que são mais pobres e mais frágeis», e acentua que é imprescindível dar protagonismo às mulheres.

«O que foi que levou a sentir o conflito como algo normal no mundo? E, sobretudo, como converter o nosso coração e mudar a nossa mentalidade para procurar verdadeiramente a paz na solidariedade e na fraternidade?», questiona Francisco, que sugere que se tome a decisão «corajosa» de criar fundo mundial com o dinheiro gasto em despesas militares «para poder eliminar a fome e contribuir para o desenvolvimento dos países mais pobres».

Dois meses após a publicação da encíclica “Todos irmãos”, o papa lança um apelo ao mundo: «Não cedamos à tentação de nos desinteressarmos dos outros, especialmente dos mais frágeis, não nos habituemos a desviar o olhar, mas empenhemo-nos cada dia concretamente por «formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros».



«Ao lado de numerosos testemunhos de caridade e solidariedade, infelizmente ganham novo impulso várias formas de nacionalismo, racismo, xenofobia e também guerras e conflitos que semeiam morte e destruição»



No ano marcado pela pandemia, o pensamento de Francisco vai, «em primeiro lugar», para aqueles «que perderam um familiar ou uma pessoa querida, mas também em quem ficou sem trabalho».

«Lembro de modo especial os médicos, enfermeiras e enfermeiros, farmacêuticos, investigadores, voluntários, capelães e funcionários dos hospitais e centros de saúde, que se prodigalizaram – e continuam a fazê-lo – com grande fadiga e sacrifício, a ponto de alguns deles morrerem quando procuravam estar perto dos doentes a fim de aliviar os seus sofrimentos ou salvar-lhes a vida», assinala.

O tema da mensagem, que visa «erradicar a cultura da indiferença, do descarte e do conflito, que hoje muitas vezes parece prevalecer», emerge da constatação de que, «ao lado de numerosos testemunhos de caridade e solidariedade, infelizmente ganham novo impulso várias formas de nacionalismo, racismo, xenofobia e também guerras e conflitos que semeiam morte e destruição».

Depois de evocar que a história do cristianismo, desde as origens, tem sido inseparável do cuidado pelo ser humano, o texto aponta para a doutrina social da Igreja, que proporciona «a todas as pessoas de boa vontade um precioso património de princípios, critérios e indicações, donde se pode haurir a “gramática” do cuidado: a promoção da dignidade de toda a pessoa humana, a solidariedade com os pobres e indefesos, a solicitude pelo bem comum e a salvaguarda da criação».



A «bússola» que aponta para os princípios enunciados pela doutrina social da Igreja pode encorajar todos a «tornarem-se profetas e testemunhas da cultura do cuidado, a fim de preencher tantas desigualdades sociais», o que «só será possível com um forte e generalizado protagonismo das mulheres



Francisco reitera que é da dignidade de cada pessoa que «derivam os direitos humanos, bem como os deveres, que recordam, por exemplo, a responsabilidade de acolher e socorrer os pobres, os doentes, os marginalizados, o nosso próximo, vizinho ou distante no espaço e no tempo».

Ao mesmo tempo que se assume o cuidado por cada ser humano, não se pode esquecer que os projetos «devem ter sempre em conta os efeitos sobre a família humana inteira, ponderando as suas consequências para o momento presente e para as gerações futuras. Quão verdadeiro e atual seja tudo isto, no-lo mostra a pandemia Covid-19».

A «bússola» que aponta para os princípios enunciados pela doutrina social da Igreja pode encorajar todos a «tornarem-se profetas e testemunhas da cultura do cuidado, a fim de preencher tantas desigualdades sociais», o que «só será possível com um forte e generalizado protagonismo das mulheres na família e em todas as esferas sociais, políticas e institucionais».

A crise do Covid-19, que agravou «outras crises inter-relacionadas como a climática, alimentar, económica e migratória, e provocando grandes sofrimentos e incómodos», assim como «outros acontecimentos», ensinam «a importância de cuidarmos uns dos outros e da criação, a fim de se construir uma sociedade alicerçada em relações de fraternidade».


 

Rui Jorge Martins
Fonte: Sala de Imprensa da Santa Sé
Imagem: Ying-Ple Pasaneeya/Bigstock.com
Publicado em 17.12.2020

 

 

 
Relacionados
Destaque
Pastoral da Cultura
Vemos, ouvimos e lemos
Perspetivas
Papa Francisco
Impressão digital
Paisagens
Prémio Árvore da Vida
Vídeos