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Cinema: “O Novo Testamento de Jesus Cristo segundo João”

Distinguido em 2014 com o Prémio Árvore da Vida, do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, no festival de cinema IndieLisboa, o filme “O Novo Testamento de Jesus Cristo segundo João”, de Joaquim Pinto e Nuno Leonel, assinala em 2023 os dez anos da sua revelação ao público, ocasião para o (re)ver, em alta definição, na plataforma Vimeo.

A obra de 129 minutos oferece «uma leitura integral e em continuidade do Evangelho segundo João pelo ator Luís Miguel Cintra», a partir do texto da Vulgata latina traduzido em português por António Pereira de Figueiredo (1725-1797).



Imagem D.R.


«Ler, reler, filmar e gravar este texto no exterior, no Mundo, fez-nos vivenciar a presença de Cristo, libertando-nos das leis exteriores que se tornam supérfluas e da rotina aprisionadora desse Mundo que a Ele “aborrece”. Essa é a experiência que pretendemos partilhar», apontam Joaquim Pinto e Nuno Leonel, que também assinam a imagem, o som e a montagem.

Os cineastas sublinham que a interpretação de Luís Miguel Cintra ao longo do dia de leitura, «desde o início da tarde até ao pôr do sol», permite «vislumbrar, através de todos os séculos de fixações, transcrições e traduções de um texto que é já uma condensação em camadas sucessivas de uma experiência pessoal de Jesus, a emanação da força espiritual da vida de Cristo».

«O primeiro capítulo é acompanhado por imagens do local, seguindo-se um bloco em que somos imersos no “grão da voz” de Luis Miguel. A partir daí, a essa voz materializa-se na expressão, no gesto, na presença, no ritmo, na respiração, na pulsão do corpo do ator, que se transforma em veículo da materialização do texto», explicam.



Imagem D.R.


Escreveu Luís Miguel Cintra sobre o filme: «Há alguma coisa que me transmite uma enorme alegria de viver no contacto, no trabalho com o Joaquim e o Nuno: a inabalável confiança na realidade, na sua transcendência. Por outras palavras que é isto senão amor à vida?»

«Parece que [os realizadores] me estão sempre a mostrar que só é preciso não nos deixarmos ficar surdos, cegos. O cinema com eles só difere da vida porque usam duas máquinas. Apetece dizer que fazer cinema é usar uma máquina para gravar som e outra imagem. Ponto final. Estaremos sempre perante Deus, não vale a pena fingir. E grava-se, filma-se aquilo que é verdade, vale sempre a pena, se o que se passa se passa mesmo, sem batota. Aquilo que as circunstâncias nos permitiram viver. Parece tão simples como a vida. Mas depende do amor. Da capacidade de amar. De nos expormos, de não ter medo. E de gostarmos do que nos rodeia e dos que nos rodeiam.»

Para Luís Miguel Cintra, que o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura distinguiu em 2017 com o Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes, «o Evangelho de João é todo ele uma definição do amor».


Imagem D.R.


E prossegue: «Tem-me acompanhado numa imensa ânsia de alternativa para uma sociedade hipócrita, uma organização política do mundo atual verdadeiramente assassina, para uma tardia educação filosófica que não me deixe triste quando perceber que vou morrer».

«A tarefa a que se dedicam o Joaquim e o Nuno é para mim uma exemplar militância política: mudar pelo exemplo a maneira de viver de toda a gente. E bastou não me deixarem parar, porem-me no meio do campo a dizer o Evangelho só com eles e dois amigos mais como parceiros, sentir que o sol se punha enquanto eu lia a narrativa das palavras que João deixou escrito que o Cristo que ele amava disse há dois mil e tal anos, para toda a fancaria artística deixar de me interessar. Eu só quero entender. E ter companhia. “Creio no Espírito Santo.” E não quero perder a vida em compromissos», acentua Luís Miguel Cintra.

As receitas de vendas e alugueres do filme revertem a favor do mosteiro beneditino de Santa Escolástica, em Roriz.


Imagem D.R.







 

Rui Jorge Martins
Imagens: D.R.
Publicado em 27.03.2023

 

 

 
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