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O esplendor da austeridade

Prefácio
Aníbal Cavaco Silva, presidente da República

«Um mover de olhos brando e piedoso...», assim começa um dos mais belos poemas de Camões. É exatamente essa a sensação do leitor que observa as páginas que se seguem. Magnificamente ilustrado, numa edição de grande qualidade, este livro mostra-nos os mosteiros e os conventos das ordens e congregações religiosas que, pedra a pedra, ajudaram a construir a História de Portugal.

Da simplicidade das celas ao esplendor das igrejas, passando pelos claustros onde a alma se recolhe e debruça sobre si mesma, esta obra é um encanto para o espírito e para o olhar. A vita contemplativa, a que muitos se entregam no interior dos mosteiros, é uma interpelação a que não podemos resistir quando folheamos um livro que alia o grande interesse do conteúdo à beleza das imagens, apresentadas com extremo apuro visual e gráfico.

Contemplar o património histórico, cultural e artístico nacional, que a presença das ordens e congregações entre nós tanto enriqueceu, é dos principais contributos deste autêntico breviário da portugalidade que tendes entre mãos.

Por tudo isto, a equipa que concebeu e produziu esta obra, surgida na sequência do “Dicionário Histórico das Ordens e Instituições Afins em Portugal”, merece o nosso reconhecimento, que aqui deixo publicamente registado.

 

Introdução
José Eduardo Franco, diretor da obra

A obra que aqui se apresenta é um ponto de síntese profusamente ilustrado e destinado ao grande público, do trabalho que tem vindo a ser realizado de há dez anos a esta parte por uma equipa de investigadores. A partir da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e em parceria com diversas instituições académicas e culturais, o Gabinete de Estudo das Ordens do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (CLEPUL) tem procurado oferecer um conhecimento mais global e aprofundado sobre a história da experiência monástica cristã materializada em formas institucionais pluriformes que se metamorfosearam em diferentes expressões e contextos ao longo da história portuguesa.

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Contrariamente ao que vulgarmente se possa pensar, a vida monástica e o seu alheamento do mundo não provocaram o desinvestimento na transformação da história dos homens. É pertinente observar como a experiência de vida que resultou do ideal da fuga mundi, isto é, da fuga do mundo em ordem a alcançar uma maior intimidade com Deus, constitui pólo de dinamismos criadores de arte, património, cultura e oirganização social.

As chamadas Ordens e Congregações Religiosas têm uma presença dinâmica de forte compromisso com a história secular. Esse compromisso é indissociável do processo de modelação da cultura europeia e da civilização ocidental, que aquela gerou, que tem raízes na Antiguidade Clássica, passando pela grande gestação medieval e desabrochando na Modernidade.

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O conhecimento aprofundado e a compreensão daquilo que é hoje a Europa e as suas raízes culturais mais profundas, categorias de pensamento e até mesmo alguns aspetos da organização social, bem como alguns quadros estruturantes da nossa mundividência, muito devem ao trabalho cultural, espiritual, económico, assistencial, político e social desenvolvido no seio e a partir das ordens como instituições inscritas na temporalidade ou através da ação dos seus membros.

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Por isso, conhecer a história e o papel das ordens é saber mais e melhor. Entre muitas outras coisas, é saber porque é que organizamos e temos a relação que hoje experimentamos com o tempo e com o espaço, porque é que pensamos e olhamos a vida de uma determinada maneira e projetamos o futuro numa dinâmica de progresso e de aperfeiçoamento constante.

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A vida monástica, a vida regular ou também denominada tecnicamente vida religiosa ou vida consagrada na Igreja Católica, constitui uma das formas de vivência cristã radical que se afirmou no fim do período da Igreja Antiga com uma pujança extraordinária e com expressões múltiplas. (...)

As experiências de vida consagrada desenvolvidas ou acolhidas no seio da Igreja sofreram, ao longo dos séculos e até aos nossos dias, diversas metamorfoses, diversas transformações que revelam quer a poderosa fecundidade deste ideal de vida cristã, quer a sua capacidade de se adaptar aos diferentes contextos históricos e às exigências dos tempos que se sucedem.

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O conhecimento cabal da História de Portugal ficaria muito incompleto se se menosprezasse a presença e a ação transformadora destas instituições que estão, com efeito, umbilicalmente ligadas às derivas e à modelação da identidade portuguesa.

Ao percorrermos o nosso país encontramos por toda a parte as marcas da presença criadora das ordens e congregações em vários planos. Mas, sem dúvida, é no campo arquitetónico e artístico que essas marcas são mais visíveis e a sua resistência secular mais eloquente. Não deixa de ser extraordinário que aquilo que de melhor temos para apresentar em termos monumentais aos turistas que nos visitam sejam, de um ou de outro modo, monumentos ligados às ordens. As ordens e o seu ideário espiritual inspiraram a edificação, patrocinada pela Coroa e por particulares, de mosteiros e conventos magnificentes para habitação dos seus membros e para glória do Portugal cristão. (...)

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Procurando recuperar e recompor trabalho já realizado noutras obras que temos vindo a trazer a lume, esta obra, com dimensão monumental, pretende oferecer uma visão breve, mas impressivamente intensa, através da aliança entre texto escrito e uma visualidade graficamente cuidada dos espaços, do património, dos símbolos, da arte, dos monumentos, das marcas, das figuras, das obras mais emblemáticas da presença empreendedora das ordens e congregações em Portugal. (...)

O que aqui se vê e lê é apenas a ponta do icebergue, a porta de entrada para um mundo muitas vezes pouco conhecido que, com mais esta obra, pretendemos descortinar e oferecer ao conhecimento dos leitores, procurando ao mesmo tempo estimular a investigação e o aprofundamento da pluriforme riqueza histórica, cultural, artística e espiritual deste universo de instituições que realmente tiveram uma ação marcante no horizonte longo da nossa história milenar.

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Sumário

Primeira parte: Das origens à modernidade
I – Abertura – Nas origens da vida monástica em Portugal
II – Eremitismo: A utopia da solidão – Formas e ideários do Eremitismo
III – Oração e trabalho: caminhos para Deus – A árvore do Monaquismo Beneditino
IV – Silêncio e elevação – Os Cistercienses e a sua rede de mosteiros
V – Ordens guerreiras e protetoras – Ordens Militares
VI – Óasis de cultura e educação – Cónegos Regrantes; Premonstratenses; Loios
VII – Em nome dos cativos – Ordens de assistência aos prisioneiros de guerra
VIII – A intimidade que transfigura – Família Carmelita
IX – Estudar e rezar para converter o mundo – Família Dominicana
X – O poder do despojamento – Família Franciscana
XI – AO serviço da hospitalidade e da cura – Família Hospitaleira
XII – O fascínio da universalidade – Jesuítas; Oratorianos
XIII – O serviço dos pobres como ideal – Família Vicentina

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Segunda parte: A explosão das congregações

Terceira parte: Apontamentos temáticos de arte, cultura e património
Pórtico; Artes e Ofícios; Arquitetura; Saberes e Sábios; Música; Literatura e História; Quotidiano; Museus e Toponímia

 

 

 

In O esplendor da austeridade, ed. Imprensa Nacional Casa da Moeda
Vídeo: Ecclesia / RTP 2
12.01.12

Capa

O esplendor da austeridade
Mil anos de empreendedorismo das Ordens e Congrgações em Portugal: Arte, Cultura e Solidariedade

Autor
José Eduardo Franco (dir)

Editora
Imprensa Nacional
Casa da Moeda

Ano
2011

Páginas
706

Preço
95,00 €

ISBN
978-972-27-2005-2

 

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