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Novas igrejas de todos os tempos: Políptico de Santa Joana Princesa

Imagem Morte de Santa Joana Princesa | 1976 | D.R.

Novas igrejas de todos os tempos: Políptico de Santa Joana Princesa

Tema: Arte

A pintura na Igreja tem um papel catequético relevante, desde as catacumbas até aos nossos dias, dado ser uma comunicação vinculada sempre de forma silenciosa e pessoal.

O políptico de Santa Joana Princesa é uma pintura do arquiteto Luiz Cunha para a igreja homónima também de sua autoria, em Aveiro (1976). É um quadro composto por sete partes, que recria o retrato da Padroeira de Aveiro e a sua exemplar vida de devoção a Jesus Cristo. No centro deste políptico, o autor reproduz a tábua do séc. XV, uma das obras-primas da iconografia portuguesa, de uma forma fiel mas pessoal, acrescentando elementos novos.

Ao seu redor existem seis partes que contam a vida desta infanta, filha de D. Afonso V e irmã de D. João II.

No lado esquerdo, existem duas partes onde se conta a rutura da sua vida de princesa. O retângulo superior refere-se às difíceis conversas com o Príncipe Perfeito, seu irmão, nas recusas de propostas de casamento, como aconteceu a Ricardo III.

O quadrado inferior retrata o dia da tomada do hábito, onde a tesoura corta não só os seus cabelos, mas sim toda a sua vida.

No lado direito, as duas partes do políptico ilustram toda a posterior vida de devoção.

O retângulo superior apresenta a Ria de Aveiro, as esmolas dadas pelas suas próprias mãos e a opção pelos pobres, num lugar onde abundou a peste.

E por fim, no quadrado inferior, a sua morte junto de inúmeras folhas caídas. Está descrito que no dia da sua morte, as árvores da cerca do convento deixaram cair as folhas, em plena primavera.

No centro em baixo está representada a sua devoção pela Paixão de Cristo, onde Luiz Cunha desenha duas mãos a segurar a coroa de espinhos, a sua divisa, numa forte interpretação sobre a opção de vida desta mulher.

No eixo e sobre o retrato, o autor remata a totalidade do quadro num triângulo, onde sintetiza a Santíssima Trindade, com uma mão, uma pomba e a cruz.

O políptico de Santa Joana Princesa descentrado sobre a presidência é uma obra de arte onde o autor rodeia o retrato quatrocentista por um cubismo Corbusiano, compondo um todo em que o antigo e o novo se entrelaçam de forma original, contando uma história humana de entrega a Deus, eminentemente simbólica, contemporânea e perene.



ImagemPolíptico de Santa Joana Princesa | Luiz Cunha, 1976 | Pintura a acrílico sobre madeira de mogno, 1,49x1,33 m | Igreja paroquial de Santa Joana Princesa, Aveiro (Luiz Cunha, 1976) | Foto: Paulo Miranda, novembro 2008 | D.R.

ImagemRetrato de Santa Joana Princesa | Nuno Gonçalves (atrib.), séc. XV | Pintura a óleo sobre madeira de castanho, 0,60x0,40 m | Convento Dominicano de Jesus, Museu de Aveiro | Foto: Alves Gaspar, março 2012 | D.R.

ImagemIgreja paroquial de Santa Joana Princesa, Aveiro (Luiz Cunha, 1976) | Foto: Paulo Miranda, novembro 2008 | D.R.

 

Arq.º Paulo Miranda
Publicado em 03.02.2015

 

 
Imagem Morte de Santa Joana Princesa | 1976 | D.R.
O políptico de Santa Joana Princesa descentrado sobre a presidência é uma obra de arte onde o autor rodeia o retrato quatrocentista por um cubismo Corbusiano, compondo um todo em que o antigo e o novo se entrelaçam de forma original
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