Com poucos dias de diferença, partem para Marte três missões importantes, graças à abertura da melhor janela de lançamento possível para as naves espaciais, determinada pela posição privilegiada que os dois planetas ocupam nas suas órbitas, e que se verifica a cada dois anos, aproximadamente.
A primeira a partir, esta noite, foi a “Hope”, desenvolvida no Centro Mohammed Bin Rashid, do Dubai, em colaboração vários institutos estrangeiros, e que subiu com sucesso desde a ilha de Tanegashima, no Japão.
A segunda será a chinesa “Tianwen”, com lançamento previsto para o período entre hoje e sábado, que visa fotografar e estudar a superfície do Planeta Vermelho. Para estes dois países, é a primeira tentativa de missão a Marte.
Seguir-se-á a norte-americana “Perseverance”, com lançamento previsto para 30 de julho, do Centro Espacial Kennedy, que tem como propósito estudar amostras de solo e rochas para evidenciar eventuais microfósseis, num momento em que fala de vestígios de vida no planeta.
A “Hope” vai viajar 493,5 milhões de km, para chegar a Marte em 2021, ano em que os Emirados Árabes Unidos (EAU) assinalam o 50.º aniversário da fundação.
A missão pretende estudar a dinâmica da atmosfera e monitorizar as alterações climáticas do clima marciano, a fim de observar as variações estacionais, as nuvens e as tempestades de poeira. Os resultados, nestes contextos, serão uma estreia.
«A coisa mais interessante do Planeta Vermelho é o facto de ser possível que haja vestígios de vida. Agora é preciso compreender se existem, e de que género são; e depois, quando conseguiremos levar o ser humano a Marte, porque esta é a grande questão», afirma o P. Gabriele Gionti, do Observatório do Vaticano.
As missões recolherão informações inéditas sobre o planeta, que poderão inspirar novos estudos para ampliar o conhecimento sobre a Terra, considera o religioso jesuíta, que destaca o nível de cooperação internacional exigido para responder a desafios científicos de grande complexidade.
«Na ciência estamos a assistir a uma nova era, em que constatamos que, para fazer progressos, temos de partilhar os nossos conhecimentos. Ninguém sonharia neste momento desenvolver completamente sozinho um programa espacial, e isto impele para uma cooperação maior, assente noutros campos», declarou.