O padre José Tolentino Mendonça é um dos poetas que integra o novo livro “Passagens: Poesia, artes plásticas”, «antologia que reúne composições de mais de 60 autores da poesia portuguesa dos séculos XX-XXI explicitamente vinculadas ao domínio das artes plásticas, com destaque para a pintura».
A obra (272 páginas, 15,50 €) foi «organizada não com base num princípio autoral, mas de acordo com uma lógica espacial que visa proporcionar uma leitura histórica dos poemas visualmente orientada», refere a Assírio & Alvim, que publica o volume.
«A coletânea integra um vasto conjunto de textos especificamente dedicados a conhecidos lugares, artistas e/ou obras plásticas da história da arte, e ainda uma série de textos onde a relação da poesia com a pintura se estabelece de uma forma menos referencial e mais problematizante», refere a sinopse.
Disponível a partir desta quinta-feira, o livro, com prefácio e seleção de Joana Matos Frias, pretende também conduzir a uma reflexão «sobre a natureza das fronteiras entre a expressão plástica e a expressão poética».
O leitor encontrará «um singular panorama da poesia portuguesa moderna e contemporânea composto por autores de poéticas tão díspares quanto as dos dois ciclos modernistas, a neorrealista, a surrealista e a experimental, etc. – sem qualquer prejuízo das expressões estéticas individuais, cada vez mais comuns na viragem do século XX para o XXI», lê-se na introdução.
O volume apresenta também «uma ampla perspetivação verbal da história da arte ocidental, traçada por palavras e versos onde coabitam artistas plásticos de todas as épocas, como se a Antologia aspirasse a ser um “museu poético” ou um “museu de tudo”».
«A leitura da poesia vem contrapor a esta imposição da velocidade vertiginosa do instante a volúpia da lentidão e da paragem assentes numa temporalidade com espessura, e ao fazê-lo substitui a perceção imediata de vários objetos contíguos por uma perceção contínua e demorada em que cada objeto parece desdobrar-se “ad infinitum”, para supremo deleite do leitor-espetador», escreve Joana Matos Frias.
“Apontamento no Museu de Nápoles” (2001), “Um pormenor de Piero della Francesca” (2001), “Para um desenho de Ilda David’” (1999) e “Uma floresta pintada por Ilda David’” (2001) são os poemas de José Tolentino Mendonça incluídos no livro, fazendo dele um dos autores com mais presenças na antologia.
Em “Um pormenor de Piero Della Francesca” lemos: «Pela neve sem rasto/ caminhou/ aquele que busca um amor».
O livro integra poemas dos seguintes autores: Adília Lopes, Al Berto, Albano Martins, Alberto de Lacerda, Alberto Pimenta, Alexandre O’Neill, Ana Hatherly, Ana Luísa Amaral, Ana Marques Gastão, Ana Paula Inácio, António Barahona, António Franco Alexandre, António Gedeão, António Osório, António Ramos Rosa, Armando Silva Carvalho, Bernardo Soares, Carlos de Oliveira, Daniel Jonas, Emanuel Jorge Botelho, Eugénio de Andrade, Fernando Echevarría, Fernando Guimarães, Fernando Lemos, Fernando Pinto do Amaral, Fiama Hasse Pais Brandão, Gastão Cruz, Gonçalo M. Tavares, Helder Moura Pereira, Herberto Helder, Inês Lourenço, Jaime rocha, João Luís Barreto Guimarães, João Rui de Sousa, Jorge de Sena, Jorge Sousa Braga, José bento, José Emílio-Nelson, José Gomes Ferreira, José Manuel de Vasconcelos, José Miguel Silva, José Tolentino Mendonça, Luís Adriano Carlos, Luís Filipe Castro Mendes, Luís Filipe Parrado, Luís Quintais, Luís Veiga Leitão, Luiza Neto Jorge, Manuel António Pina, Manuel de Freitas, Manuel Gusmão, Maria Andresen, Mário Cesariny, Mário Dionísio, Nuno Júdice, Nuno Rocha Morais, Pedro Tamen, Rosa Maria Martelo, Rui Lage, Rui Pires Cabral, Ruy Belo, Sophia de Mello Breyner Andresen, Vasco Gato, Vasco Graça Moura, Vítor Nogueira e Vitorino Nemésio.
Rui Jorge Martins