IMpressão digital
Pintura

Três exposições

José Loureiro (Chiado 8 Arte Contemporânea, de 12 de Janeiro a 23 de Março e Cristina Guerra Contemporary Art, de 1 a 31 de Março); Bruno Pacheco (Culturgest, de 20 de Janeiro a 25 de Março); Pedro Gomes (Galeria Filomena Soares, de 8 de Março a 14 de Abril).

Diz Platão: «Não penses que a educação seja aquilo que alguns publicam como tal. Porque afirmam que a ciência, não estando na alma, aí a irão colocar, como se dessem vista a olhos cegos. Ora aquilo que dissemos mostra que a faculdade de aprender e o órgão dessa faculdade existem na alma de cada um. Mas existem lá como um olho que não poderia, a não ser acompanhado por todo o corpo, voltar-se para a luz e deixar as trevas. Por isso é com a alma inteira que devemos desviar-nos do devir (do temporal) até que a alma fique capaz de suportar a contemplação da realidade e daquilo que é mais luminoso na realidade, ou seja, o bem.» – Platão, República VII, 518 b-d.

A citação é de Simone Weil (in A Fonte Grega, Cotovia, 2006).

Deveras, se a «noite escura do espírito» acha correlato na «noite escura da sensibilidade» será de bom juízo e sensata política engendrar maneira de adestrar também a última.

E de pronto voltamos a Simone Weil: «Adestram-se os cães de circo com chicotadas e pedaços de açúcar, mas muito mais rapidamente e facilmente com o chicote, sem esquecer que nem sempre se tem açúcar. A dor é, por conseguinte, o meio principal. Mas não tem nenhum valor em si.»; «(...) tal como pela vista não se reconhecem os sons, do mesmo modo nenhuma outra faculdade para além do amor pode reconhecer Deus.» (idem)

Neste trabalho de destrinça, de esclarecimento dos sentidos, de apuro da atenção para o conhecimento do que importa conhecer, poderá o nosso olhar descobrir, em doses económicas e equilibradas, tanto pedaço açúcar como algum chicote no exercício de contemplação da obra destes pintores.

Talvez assim, pelo que a mim me pareceu:

Em José Loureiro, velocidade e decantação de elementos primordiais por acção do dispêndio de energia cinética.

Em Bruno Pacheco, ironia, incisão profunda nas figuras da arrumação social com um fundo de perplexidade sobre a esquadria do resultado, como um espanto defronte a vitalidade cromática de uma termiteira. Pulsação das cores (forte, ténue, muito ténue).

Em Pedro Gomes, decomposição, recomposição em leve.

Concluindo, «a ideia do indefinido não deve ser aplicada à quantidade até se ter visto claramente nesta matéria o número que é o intermediário entre o uno e o indefinido.» Platão, Filebo, 16 b-e.

mmb

© SNPC

 

 

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Pintura de José Loureiro

José Loureiro

























Pintura de Bruno Pacheco
Bruno Pacheco

























Pintura de Pedro Gomes
Pedro Gomes
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