Palavras de Isabel Jonet e de José Luís Ramos Pinheiro no final da sessão sobre o «O Bem» (10 de Maio)
Isabel Jonet
Presidente da Federação Portuguesa de Bancos Alimentares
De que forma é que tem testemunhado, no Banco Alimentar Contra a Fome, a presença e ausência das expressões do Bem?
Sabe que eu penso que a ausência de Bem não existe. O Bem existe e flui sempre. Por vezes não o vemos ou não o queremos ver. Sabe que mesmo todas as pessoas que não contribuem para o Banco Alimentar, e que com isso não estão a contribuir para pessoas mais próximas, frágeis e com menos possibilidades, têm que ter a sua motivação e a sua razão. E nós não podemos julgá-las, porque podemos estar a cometer um tremendo acto de injustiça.
Penso que o exemplo do Banco Alimentar, e sobretudo o exemplo de todos os que colaboram com o Banco Alimentar, que são heróis com os pequenos gestos que fazem no dia-a-dia e por ocasião das campanhas de recolha, são exemplos vivos do Bem, da possibilidade do exercício do Bem, e sobretudo da mais-valia para o bem comum.
O que é que lhe sugere a iniciativa «Eis o Homem», que atravessa as dimensões do Bem, da Verdade e da Beleza?
Para mim a grande mais-valia desta iniciativa foi eu ter lido a encíclica [“Populorum Progressio”], que não tinha lido porque ela foi publicada quando eu era acabada de nascer, em 1967. Esta descoberta de uma encíclica com quarenta anos e tão actual aos dias de hoje foi para mim uma coisa extraordinária.
E depois, de facto estes três valores transcendentais são aqueles que temos de retomar e que têm de voltar a fazer parte integrante das nossas vidas, se queremos que o Homem esteja outra vez no centro das sociedades, no seu devido lugar.
José Luís Ramos Pinheiro
Administrador do Grupo Renascença
O que é que lhe sugere a iniciativa «Eis o Homem», que atravessa as dimensões do Bem, da Verdade e da Beleza?
Penso que é uma iniciativa muito interessante porque nos obriga, a partir de um texto notável como é o texto da “Populorum Progressio”, a reflectir de forma profunda sobre valores essenciais como o Bem, a Verdade e o Belo.
Todos nós temos seguramente boas intenções, todos nós somos pessoas que tendemos, de facto, para a bondade e para a perfeição; mas quando somos confrontados com as dores concretas do mundo e com o desafio que isso implica de nós, cristãos, para sermos algo mais do que apenas movidos pela compaixão, para sermos capazes de assumir um papel activo na nossa sociedade e na nossa vida, isso interpela-nos directamente: as situações humanitárias degradantes que conhecemos, e de que nos chegam ecos de todo o mundo, mas por vezes também a pobreza escondida e terrível ao nosso lado, não só a pobreza material, mas também a carência espiritual.
O ser humano não se pode desenvolver só numa vertente; tem que se atender, com certeza, às carências materiais, físicas das pessoas; mas se elas não têm o enquadramento espiritual perde-se toda a ligação ao transcendente, e perde-se, sobretudo, o sentido do Bem, da Verdade e do Belo na existência do Homem.
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