O ideal olímpico, “citius, altius, fortius” (“mais depressa, mais alto, com mais força”), «não é um incitamento à supremacia de uma nação sobre outra» nem «à exclusão dos mais fracos», vincou hoje o papa Francisco.
A divisa dos Jogos Olímpicos, apontou, é um convite a todos, e não só aos desportistas: «Assumir o cansaço, o sacrifício, para alcançar as metas importantes da vida, aceitando os próprios limites se se deixar bloquear por eles mas procurando superá-los».
As palavras do papa foram proferidas no Vaticano, durante a audiência a dirigentes e atletas do Comité Olímpico Nacional Italiano, que está a assinalar o seu centenário.
«Desde sempre o desporto favoreceu um universalismo caracterizado pela fraternidade e amizade entre os povos, concórdia e paz entre as nações, pelo respeito, tolerância e harmonia na diversidade», afirmou o papa, após citar a Carta Olímpica, que preconiza e exclusão de atitudes discriminatórias, contribuindo para a «construção de um mundo melhor, sem guerras e tensões».
Para Francisco, cada acontecimento desportivo em que se «defrontam representantes de nações com história, cultura, tradições, fés e diferentes valores pode tornar-se, através de uma força capaz de abrir caminhos novos, por vezes inesperados, na superação de conflitos causados pela violação dos direitos humanos».
O papa encorajou o trabalho realizado pelo Comité para favorecer atividades desportivas «acessíveis a todos» e que estejam «atentas aos mais frágeis e às faixas mais precárias da sociedade».
Francisco sublinhou a necessidade de o desporto não estar voltado para «o útil, mas para o desenvolvimento da pessoa humana» e ter um carácter de «gratuidade», sendo inclusivo a pessoas com deficiência, estrangeiros, moradores nas periferias e todos os que precisam «de espaços de encontro, socialidade, partilha e jogo».
A terminar, o papa desejou sucesso à candidatura de Roma aos Jogos Olímpicos de 2014 - «eu não estarei cá» - e deixou um pedido: «Por favor, não se esqueçam de rezar por mim».
A audiência com o papa Francisco foi antecedida de uma missa presidida pelo cardeal italiano Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho da Cultura, organismo do Vaticano que tem um departamento exclusivamente dedicado ao desporto.
Rui Jorge Martins