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Florença organiza encontros entre crentes e não crentes e presidente do município diz que Francisco fala ao coração de todos

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Florença organiza encontros entre crentes e não crentes e presidente do município diz que Francisco fala ao coração de todos

O presidente da autarquia italiana de Florença, que o papa visita esta terça-feira, considera que a presença de Francisco «não pode ser lida só como um evento religioso, mas um evento que interessa a toda a cidade, entendida como grande comunidade laica».

«Estou convencido de que o papa não fala só aos crentes, aos religiosos, aos cristãos católicos, mas a todos, incluindo aqueles que não creem ou que creem e pertencem a outras religiões», declarou o responsável máximo do município, Dario Nardella,     à Rádio Vaticano.

Em entrevista ao jornal "Corriere Fiorentino", o edil afirma que a presença de Francisco tem para ele «um duplo significado, como crente católico e como presidente de uma comunidade laica».

«A visita do Santo Padre mostra concretamente a possibilidade de ser ao mesmo tempo crente e laico. No sulco do ensinamento do presidente da autarquia Giorgio La Pira, que professou orgulhosamente o seu credo sem nunca rebaixar os princípios laicos e pluralistas da sua comunidade, uma lição válida ainda hoje», apontou.

A seguir, a entrevista à Rádio Vaticano:

Para si, trata-se de uma visita religiosa mas também laica?
Penso realmente que sim. De resto, se virmos as visitas que o papa fez no mundo, nas cidades - penso, em particular, na sua viagem aos EUA -, a sua voz foi escutada e obteve o interesse da parte de toda a opinião pública, não apenas da parte dos fiéis.
Este papa, graças também à sua simplicidade na comunicação e à capacidade de criar empatia com os cidadãos, é - na minha opinião - a personalidade hoje mais escutada e reconhecida no mundo. Também porque coloca temas, questões, que estão no centro da vida do ser humano, não apenas no centro da religião cristã católica.

Preparou a cidade para o encontro com o papa sublinhando a laicidade das comunidades florentinas com uma série de encontros. De que modo?
Como presidente da autarquia, devo, obviamente, preocupar-me com os aspetos organizativos e logísticos, e colaborar com a diocese e o Vaticano no que diz respeito à segurança e às exigências dos organizadores.
Todavia, pensei que a ocasião histórica do encontro entre o papa e Florença, uma das cidades mais importantes do mundo, não se pode reduzir apenas às informações ou aos problemas do trânsito, mas deve ser colhida por toda a força e potencialidade que tem.
Penso, portanto, no significado, no valor, não só religioso mas também ético e civil que poderá ter este encontro.
Por isso, organizámos quatro sessões que consistem num diálogo entre um católico e um laico, sobre os temas que estão no centro do título que a Convenção Eclesial apresentou por ocasião desta visita do papa, ou seja, "o novo humanismo".
O que significa hoje para um cidadão, para uma cidade como Florença, falar de novo humanismo, partindo dos problemas concretos como a ecologia, a integração cultural, a paz, a promoção da cultura e do pluralismo cultural...

 

O humanismo viu o seu centro em Florença, uniu o divino e o humano. Pensa que continua a ser atual colocar Florença no centro de um novo percurso humanista?
Espero e penso que Florença possa jogar ainda um papel fundamental. De resto, o humanismo nasceu na onda de uma crise que conduziu a esse feliz encontro entre o pensamento clássico e a filosofia cristã.
Hoje vivemos a sensação de estarmos novamente num túnel sem fim: a crise económica, os conflitos inter-religiosos, o tema devastador dos migrantes, o medo dos cidadãos...
Mas é precisamente neste momento que pode tornar-se decisivo o diálogo entre a cultura e a religião, entre a cultura e a fé: precisamente neste momento a Igreja global pode, com toda a coragem que é capaz de exprimir, recolocar ao centro a esperança, a paz e a comunidade entre os povos.
Neste sentido, creio que falar de «novo humanismo» significa para a minha cidade, para Florença, ser protagonista de um novo processo, de um novo início - podemos dizê-lo - que parta precisamente da ideia de realçar o conceito do humanismo clássico, segundo o qual o homem estava no centro do mundo.
Hoje é o mundo, a Terra, no centro dos pensamentos do homem, e refiro-me, por exemplo, ao grande desafio de mudança climática, a que o papa Francisco, na encíclica "Laudato si'", chamou «a escolha da ecologia integral». Em síntese, nesta situação de grande crise, vejo seguramente grandes oportunidades.

O motivo principal da visita de Francisco é a participação na Convenção Eclesial Nacional, espécie de "estados gerais" da Igreja católica em Itália que reunirão 2500 delegados.

O programa da deslocação prevê igualmente uma alocução sobre a realidade do trabalho, em Prato, o discurso no congresso, já em Florença, a oração com doentes e deficientes, o almoço com 60 pessoas pobres e a missa no estádio Artemio Franchi, onde são esperadas milhares de pessoas.

O principal clube de futebol de Florença, a Fiorentina, é atualmente treinado pelo português Paulo Sousa, ocupando o primeiro lugar da divisão de topo do campeonato italiano.

 

Edição: Rui Jorge Martins
Entrevista: Rádio Vaticano
Publicado em 09.11.2015 | Atualizado em 24.04.2023

 

 
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Este papa, graças também à sua simplicidade na comunicação e à capacidade de criar empatia com os cidadãos, é - na minha opinião - a personalidade hoje mais escutada e reconhecida no mundo. Também porque coloca temas, questões, que estão no centro da vida do ser humano, não apenas no centro da religião cristã católica
É precisamente neste momento que pode tornar-se decisivo o diálogo entre a cultura e a religião, entre a cultura e a fé: precisamente neste momento a Igreja global pode, com toda a coragem que é capaz de exprimir, recolocar ao centro a esperança, a paz e a comunidade entre os povos
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