"Durante o fim" | D.R.
«Apresentar filmes em que paisagem principal são artistas plásticos», através de um «registo de intimidade relativamente à relação do artista com o mundo, e em profundidade no que respeita ao discurso que a sua obra constitui» é o objetivo do Ciclo de Documentário de Artista, que se inicia esta quinta-feira.
A iniciativa do Silo-Espaço Cultural, no NorteShopping, Matosinhos, começa a 15 de dezembro, às 21h30, com a exibição de “Durante o fim”, sobre o escultor Rui Chafes, realizado por João Trabulo, que estará presente na sessão para uma conversa com os espetadores, após o visionamento.
A viagem de 70 minutos «ao universo artístico, interior e secreto» do artista foi realizada em 2003, tendo integrado a seleção de festivais de cinema em Portugal, Itália, Dinamarca, Canadá, EUA, Brasil, Alemanha e Rússia.
«No atelier, território de eleição do artista, percebe-se como tudo acontece: do barulho das máquinas ao silêncio que envolve a conceção e idealização de cada escultura, surgem sons, imagens e vozes de outros tempos», refere a sinopse do documentário.
Em artigo publicado na página da Visão, em 2011, o crítico Manuel Halpern sublinha que «João Trabulo seguiu Rui Chafes durante três anos» para «oferecer uma obra contemplativa, que tenta mostrar a arte pelo lado interior, fazendo muito mais do que descrever o seu método de trabalho ou procurar leituras rápidas».
«Como pelas palavras e pelas imagens o filme de João Trabulo deixa entrever, a escultura de Rui Chafes permanece perfeitamente aurática e ancorada num princípio de transcendência que recusa radicalmente a banalização do artístico ou a sua dissolução no campo mais alargado das “imagens”, anotou, por seu lado, Celso Martins, no Expresso.
Os filmes escolhidos para o Ciclo de Documentário de Artista, com entrada gratuita, «são maioritariamente de difícil acesso ao público, fazendo parte de catálogos de produtoras independentes, e que nos casos em que passaram em salas de cinema, fizeram-no em ocasiões pontuais ou por períodos curtos», explica a galeria.
Os principais objetivos da iniciativa são «aproximar o público daquilo que é a intimidade do desenvolvimento de uma obra de arte e da personalidade de quem a realiza», e divulgar «trabalhos cinematográficos de grande qualidade e valor artístico, que apresentam autores fundamentais para a compreensão da Arte Contemporânea em Portugal».