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João Paulo II e Bento XVI

Férias: dar tempo à natureza, repouso, renovação, espiritualidade e cultura

O tempo das férias oferece a muitas pessoas a oportunidade para um contacto mais direto com a natureza. É importante que cada um de nós se torne observador atento das maravilhas da criação, da sua beleza sempre nova, da sua fecundidade inexaurível, e da sua profundidade sugestiva e misteriosa.

A redescoberta destes valores, de cujo encanto muito frequentemente a vida moderna nos mantém distantes, faz nascer no coração um sentimento de jubiloso agradecimento que facilmente se transforma em oração: «Bendiz, ó minha alma, o Senhor! Senhor, meu Deus, vós sois sumamente grande! / Estais revestido de majestade e esplendor, / Envolvido em luz como num manto. / Vós estendestes o céu como um pavilhão, / Fixastes a Vossa morada acima das águas, / Fazeis das nuvens o Vosso carro, / Andais sobre as asas do vento...», com o que prossegue naquele belíssimo Salmo 103.

João Paulo II
15.7.1979

 

O repouso faz parte não só da ordem humana, mas também do programa divino da vida humana. Repousa bem aquele que trabalha bem e, por sua vez, aquele que trabalha bem deve repousar bem.

João Paulo II
25.7.1979

 

Para que as férias sejam verdadeiramente tais e tragam um autêntico bem-estar, é preciso que nelas as pessoas voltem a encontrar um bom equilíbrio quer consigo próprias quer com o ambiente. É esta harmonia interior e exterior que regenera a alma e restitui energias ao corpo e ao espírito. (...)

ImagemClaude Monet

O direito às férias não deve fazer esquecer quantos, por várias razões, não podem deixar o próprio ambiente quotidiano, porque são impedidos pela idade, por motivos de saúde ou de trabalho, por dificuldades económicas ou ainda por outros problemas. No período de verão são ainda mais necessários determinados serviços públicos de primária importância, como também se revela muito preciosa a presença de voluntários que dedicam atenção às pessoas mais sozinhas.

João Paulo II
6.7.1997

 

Neste período de férias é precisamente às famílias que o meu pensamento se dirige em primeiro lugar. Quantas vezes elas sofrem devido ao cerrado ritmo de trabalho, de forma especial nas grandes cidades! Quantas vezes é difícil encontrar o clima sereno e a atmosfera tranquila para viver a intimidade, dialogar e fazer emergir as exigências e os projetos de cada um! Então, eis que as férias são propícias antes de mais para colmar estas lacunas, por assim dizer, de «humanidade», de paz e de convivência.

ImagemChilde Hassam

Daqui a exigência de as férias serem efetivamente um período de renovação humana em que, longe do habitual ambiente de vida, é possível encontrar-se a si mesmo e os outros, numa dimensão mais equilibrada e serena.

Nesta perspetiva, é sem dúvida interessante observar que são cada vez mais numerosos os indivíduos e as famílias que aproveitam as férias para transcorrer alguns dias nos chamados «lugares do espírito»: mosteiros, santuários, ermos e casas de retiro. Quase sempre, estas localidades unem a beleza do ambiente natural à oportunidade de haurir riquezas espirituais do encontro com Deus na reflexão e no silêncio, na oração e na contemplação.

ImagemGeorges Seurat

Trata-se de uma tendência saudável, a qual seria bom que não se limitasse ao período das férias, mas encontrasse formas adequadas para acompanhar a atividade quotidiana também em outros momentos do ano. Com efeito, o verdadeiro desafio consiste em salvaguardar a harmonia interior, de tal forma que o ritmo da existência diária possua sempre aquele respiro sobrenatural de que todos nós necessitamos.

João Paulo II
1.8.1999

 

No mundo em que vivemos, torna-se quase uma necessidade poder-se retemperar no corpo e no espírito, especialmente para quem vive na cidade, onde as condições de vida, muitas vezes frenéticas, deixam pouco espaço ao silêncio, à reflexão e ao contacto descontraído com a natureza.

ImagemJohn Ottis Adams

Além disso, as férias são dias durante os quais nos podemos dedicar mais prolongadamente à oração, à leitura e à meditação acerca dos significados profundos da vida, no contexto sereno da própria família e das pessoas queridas. O tempo das férias oferece oportunidades únicas para parar diante dos espetáculos sugestivos da natureza, maravilhoso "livro" que está ao alcance de todos, grandes e pequeninos. No contacto com a natureza, a pessoa reencontra a sua justa dimensão, redescobre-se criatura, pequena mas ao mesmo tempo única, "capaz de Deus" porque interiormente aberta ao Infinito. Estimulada pela busca de sentido que se torna urgente no seu coração, ela percebe no mundo que a circunda a marca da bondade, da beleza e da providência divina e quase naturalmente se abre ao louvor e à oração.

Bento XVI
17.7.2005

ImagemClaude Monet

 

Neste período estival muitos deixaram a cidade e encontram-se em localidades turísticas ou nos países de origem para as suas férias. Desejo-lhes que esta pausa de repouso esperada sirva para restabelecer a mente e o corpo, submetidos todos os dias a contínuas canseiras e desgaste, devido ao andamento frenético da existência moderna. As férias constituem também uma preciosa oportunidade para passar mais tempo com os familiares, para reencontrar parentes e amigos, numa palavra, para dar mais espaço àqueles contactos humanos que o ritmo dos compromissos de todos os dias impede que se cultive como se gostaria. Certamente nem todos podem usufruir de um tempo de férias e não são poucos os que são obrigados a renunciar a elas por vários motivos.

Penso de modo particular em quem está só, os idosos e os doentes que com frequência, neste período, sofrem ainda mais a solidão. Gostaria de manifestar a estes nossos irmãos e irmãs a minha proximidade espiritual desejando de coração que a nenhum deles faltem o apoio e o conforto de pessoas amigas.

ImagemPierre-Auguste Renoir

O tempo das férias torna-se para muitos ocasião proveitosa para encontros culturais, para momentos prolongados de oração e de contemplação em contacto com a natureza ou em mosteiros e estruturas religiosas. Dispondo de mais tempo livre podemos dedicar-nos com mais facilidade ao diálogo com Deus, à meditação da Sagrada Escritura e à leitura de algum livro formativo. Quem faz a experiência deste repouso do espírito, sabe como ele é útil para não reduzir as férias simplesmente a distrações e divertimentos. A participação fiel à celebração eucarística dominical ajuda a sentir-se parte viva da comunidade eclesial também quando se está fora da própria paróquia. Onde quer que nos encontremos, temos sempre necessidade de nos alimentarmos da Eucaristia.

Bento XVI
13.8.2006

 

© SNPC | 27.07.12

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