As figuras de Zacarias e Isabel, casal que só na velhice, e contra todos os prognósticos, concebeu o seu filho, João Batista, foram o quadro bíblico a que o papa Francisco recorreu hoje para retratar a esterilidade da Igreja e a forma como dela se pode libertar.
Tal como Isabel, também a mãe de Jesus seria incapaz de conceber, dado que era virgem: ambas são sinais «da humanidade incapaz de dar um passo a mais» das suas possibilidades terrenas, sublinhou Francisco na missa a que presidiu.
No Natal é esperada a «novidade de Deus» naquele que é «capaz de recriar todas as coisas, de fazer novas as coisas», afirmou o papa, citado pela Rádio Vaticano.
Francisco referiu-se à «muita esterilidade» que existe entre os católicos: «A Igreja é mãe, e torna-se mãe apenas quando se abre à novidade de Deus, à força do Espírito. Quando diz a si mesma “eu faço tudo, mas agora acabou, não posso andar mais”, é então que vem o Espírito».
«Hoje é um dia para rezar pela nossa mãe Igreja, pela muita esterilidade no povo de Deus. Esterilidade de egoísmos, de poder. Quando a Igreja acredita que pode tudo, que pode apropriar-se das consciências das pessoas, de percorrer o caminho dos fariseus, dos saduceus, pelo caminho da hipocrisia, então a Igreja é estéril», apontou.
O papa apelou à oração para que a Igreja «se deixe surpreender pelo Espírito Santo» e «faça filhos», tornando-se «uma Igreja mãe»: «Muitas vezes penso que a Igreja, em alguns lugares, mais do que mãe, é empresária».
«Olhando para esta história de esterilidade do povo de Deus, e tantas histórias na História da Igreja que fizeram a Igreja estéril, peçamos ao Senhor, hoje, olhando para o presépio», a graça «da fecundidade da Igreja», para que ela, «antes de tudo», seja «mãe, como Maria», concluiu Francisco.
Rui Jorge Martins