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Espiritanos em Portugal: 150 anos ao serviço da Cultura (1867-2017)

Espiritanos em Portugal: 150 anos ao serviço da Cultura (1867-2017)

Imagem Logótipo dos 150 anos dos Espiritanos em Portugal | D.R.

Adélio Torres Neiva, na sua "História dos Espiritanos em Portugal", obra de quase mil páginas, diz que «a Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo foi fundada por causa da evangelização de Angola. Daí que Angola tenha sido, de facto, o grande laboratório da Missão Espiritana. Efetivamente, quase todos os Espiritanos portugueses estiveram como missionários em Angola» (Neiva, 2005, p.761).

 

I. Uma história de século e meio

A 31 de agosto de 1867, o Superior Geral dos Espiritanos, assinou em Paris o decreto da fundação do Seminário do Congo, em Santarém junto ao Seminário Patriarcal onde os seminaristas teriam as suas aulas. Os primeiros nomeados chegaram a Lisboa a 2 de novembro de 1867. Mas Santarém foi sol de pouca dura e os Espiritanos abandonaram a cidade a 3 de junho de 1870. A Congregação decidiu abandonar provisoriamente a Missão do Congo, a 11 de agosto de 1870.

Após breve passagem por Gibraltar, os Espiritanos regressaram a Portugal e apostaram em Braga com a fundação do Colégio de S. Geraldo a 8 de outubro de 1872. Estava reassumido o projeto da Missão do Congo. Mudaram de espaço diversas vezes em Braga, assumiram um Colégio em Gaia (depois, no Porto). Em 1887 é criada em Sintra uma Comunidade de formação para Irmãos, que deu origem à Escola Agrícola Colonial. Abriria, em 1892 o Colégio Fisher, em Ponta Delgada (Açores) até 1907.

A 29 de janeiro de 1892 abriu a Procuradoria das Missões em Lisboa, no bairro do Castelo. Em 1896, o Governo de Portugal aprovou a Procuradoria das Missões que, a 15 de maio de 1905, passou para as instalações atuais, na Rua de S. Amaro, na Estrela (cf. Neiva, 1992).



Com a revolução republicana de 5 de Outubro de 1910, uma das primeiras medidas adotadas foi a da extinção das ordens religiosas. Só em Angola, os Espiritanos tinham fundado trinta e uma Missões. Todos os bens das Congregações foram confiscados pelo Estado



Em 1894 foi fundada a revista "Portugal em África". Na Ata do Conselho Provincial de 9 de março de 1898, diz-se que «a revista foi criada para fazer conhecer a Congregação, as suas missões e as suas obras» (Neiva, 2005, p.159). Diz Adélio Torres Neiva: «A revista durou até 1910, ano em que foi suprimida pela República, com o decreto que suprimia as Ordens e Congregações Religiosas e teve sempre a sua sede na Procuradoria das Missões. Seria restaurada em 1944, após a Concordata e o Acordo Missionário de Portugal com a Santa Sé» (Neiva, 2005, p.163).

Também em 1894 é aberto o Escolasticado Maior no Convento da Formiga, em Ermezinde (Porto). Em 96 abriu o Noviciado dos Clérigos em Sintra.

Apenas em 1901, a Congregação do Espírito Santo foi aprovada pelo Governo. Em 1907 abre o Escolasticado Maior em Carnide (Lisboa) (cf. Brásio 1999, cols. 1129-1230).

Com a revolução republicana de 5 de Outubro de 1910, uma das primeiras medidas adotadas foi a da extinção das ordens religiosas. Só em Angola, os Espiritanos tinham fundado trinta e uma Missões (cf. Ferreira 2010, p.68). Todos os bens das Congregações foram confiscados pelo Estado, através de um decreto de 1 de janeiro de 1911.

Foi salva a Procuradoria (hoje também Casa Provincial) porque a casa estava registada em nome de um cidadão de nacionalidade inglesa que lutou pela sua posse, alegando ser propriedade de Sua Majestade. E conseguiu.



A primeira Comunidade nasce em Braga, após promulgação de um decreto do governo que considera as missões religiosas como elemento de ação civilizadora e nacionalizadora, dando liberdade à abertura de Seminários



Alguns Espiritanos foram presos, outros refugiaram-se nas suas famílias ou em casas de amigos, alguns conseguiram fugir para o estrangeiro, chegando a Paris. Aqui se começou a estudar a forma de regressar e recuperar os bens e a Missão perdida.

Em 1919, o Superior Geral nomeia Provincial de Portugal o P. Moysés Alves de Pinho e, desta forma, se relança a Congregação em Portugal.

No ano seguinte, a 2 de janeiro, Rodrigues Gaspar, Ministro da Justiça, publicou o decreto 6322, apoiando a criação das "missões civilizadoras". Eram colocadas condições: «uma minoria de membros poderia ser estrangeira, enquanto não houvesse pessoal português devidamente formado. Ao Ministério das Colónias e ao governo da Província respetiva seriam comunicados os nomes e as naturalidades dos membros das Missões» (Ferreira 2010, p.80).

A primeira Comunidade nasce em Braga, após promulgação de um decreto do governo que considera as missões religiosas como elemento de ação civilizadora e nacionalizadora, dando liberdade à abertura de Seminários.

Em janeiro de 1921 é lançada a revista "Missões de Angola e Congo". Seria a 2 de fevereiro de 1921, festa do P. Francisco Libermann, que foi ereta canonicamente a Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo.

O jornal "Ação Missionária" é lançado em janeiro de 1940 e a revista "Encontro" em 1963 (seria fundida com o jornal "Ação Missionária" em 2010).



Escreve Miguel Torga: «Nomes de homens que vinham ao encontro da morte certa e prematura por conta de Deus e do semelhante. Por conta da fé, da esperança e da caridade»



Em 1943 nasce a Comunidade de Coimbra como Lar Académico, para permitir formar na Universidade Padres que serão professores nos Seminários Espiritanos.

Ao longo dos primeiros 75 anos de existência, Portugal só tinha como campo de Missão a então "Província de Angola". Para lá enviou centenas de Padres e Irmãos. Com a nomeação de D. Faustino Moreira dos Santos para Bispo de Cabo Verde, alguns Espiritanos portugueses passaram a ser também nomeados para este Arquipélago. Com a fundação da Província de Espanha a partir de Portugal, houve Espiritanos portugueses a trabalhar no país vizinho. Mas Angola continuou a ser o grande campo de Missão até 1975, data da independência de Angola.

 

II. Reconhecimento da missão espiritana

1. Angola, o Diário XII de Miguel Torga

Miguel Torga (1907-1995) é um nome grande da literatura portuguesa e mundial. Médico de profissão, legou-nos uma vastíssima obra literária. O seu Diário (escrito entre 1941 e 1993) é a obra mais lida. São XVI volumes que têm, ao longo dos tempos, sido alvo de edições sucessivas, ora em separado, ora congregados. O Diário XII fala, entre outras coisas, da sua visita a Angola e Moçambique. Assumidamente agnóstico, deixa-se impressionar e emocionar no Cemitério da Missão da Huíla, fundada em 1881, a poucos kms do Lubango. Escreve a 27 de maio de 1973, data aniversária da fundação da Congregação do Espírito Santo (imagino que ele não sabia…): «Depois do aéreo deslumbramento do maciço da Chela e do abissal fascínio da Tundavala, a rasa emoção do cemitério da missão católica da Huíla. Aqui jaz… aqui jaz…aqui jaz…E são nomes de todas as nacionalidades, portugueses, belgas, franceses, alemães, inscritos lado a lado em humildes lousas iguais, seguidos de uma inscrição trágica: falecido com 24 anos, com 45, com 51, com 32…Nomes de homens que vinham ao encontro da morte certa e prematura por conta de Deus e do semelhante. Por conta da fé, da esperança e da caridade» (Miguel Torga, pp.1251-1252).



«Para além das suas denúncias de caráter político e social, que o tornaram figura pública, o P. Alves Correia foi um verdadeiro precursor do Concílio Vaticano II», «um dos poucos, pouquíssimos pensadores cristãos portugueses que entreviram o sentido da história da Igreja e auguraram o reconhecimento individual e oficial desse sentido»



2. P. Joaquim Alves Correia, "pai da democracia"

No que diz respeito a Teologia e Sociologia, são relevantes as obras do P. Joaquim Alves Correia, considerado um dos pais da democracia portuguesa. Quem o afirma é o Prof. Manuel Braga da Cruz, ex-Reitor da Universidade Católica Portuguesa: «O P. Joaquim Alves Correia é justamente, e sem exagero, um dos pais fundadores da democracia portuguesa em que vivemos» (Francisco Lopes, 1996, p.13). O Prof. Anselmo Borges, catedrático de Filosofia na Universidade de Coimbra, na coletânea de textos do P. Alves Correia que ele coordenou, escreveu: «O P. Joaquim Alves Correia é, sem dúvida, a personalidade mais digna e clarividente do catolicismo português da primeira metade do século XX» (Correia, 1977, p. IX). Frei Bento Domingues recorda a figura de um padre que, «enquanto testemunha da vida e da mensagem de Jesus Cristo, não se acomodou ao mundo como ele está nem pensou em salvá-lo com remendos. Trata-se da tentativa mais global e profunda que conheço na história do catolicismo português do século XX» (Correia, 1977, p.13).

Ele enfrentou o regime do Dr. Oliveira Salazar com múltiplas intervenções em livros e artigos de jornal, contestando a falta de liberdade de expressão e a pobreza a que o país estava obrigado. Pagou um preço alto, pois foi exilado nos EUA (1947) onde morreu e seria sepultado (1951). "De que Espírito Somos?" e "A largueza do Reino de Deus" são as suas obras mais conhecidas e proféticas.



A atividade literária da Província Portuguesa dos Espiritanos tem muitas vertentes: a jornalística, a pastoral, a histórica, a teológica, sociológica, a linguística, a antropológica, a etnológica e a etnográfica



Diz Torres Neiva: «Ele é, sem dúvida, o pensador mais cotado e mais conhecido na Bibliografia espiritana» (Neiva, 2005, p.751). Completa: «Para além das suas denúncias de caráter político e social, que o tornaram figura pública, o P. Alves Correia foi um verdadeiro precursor do Concílio Vaticano II» (p.751). Neste sentido, o Bispo do Porto D. António Ferreira Gomes, também ele exilado ás ordens do Dr. Oliveira Salazar, concluiu: «Como pensador profundamente humanista e como homem de fé e esperança cristã, o P. Alves Correia foi entre nós um autêntico precursor do Concílio Vaticano II, um dos poucos, pouquíssimos pensadores cristãos portugueses que entreviram o sentido da história da Igreja e auguraram o reconhecimento individual e oficial desse sentido» (Correia, 1977, p.3).

Os Missionários Espiritanos em Portugal decidiram prestar-lhe uma dupla homenagem: deram o nome de "Centro Padre Alves Correia" à Instituição fundada em 1992 para apoiar imigrantes em Lisboa; atribuíram o seu nome ao jardim interno da Casa Provincial e Procuradoria das Missões, ali ao lado do Palácio de S. Bento. Nesse jardim, colocaram um busto, réplica daquele que D. António Ferreira Gomes inaugurou na sua terra natal, Aguiar de Sousa (Paredes), numa escarpa junto ao Rio Sousa.

 

3. A obra histórica do P. António Brásio

O P. António Brásio (1906-1985), membro de número da Academia Portuguesa de História, tem uma obra enorme de recolha de documentos relativos à Evangelização de África e à Missionação dos Espiritanos neste continente. Ele gastou praticamente toda a sua vida a percorrer terras e arquivos, do Portugal inteiro ao Vaticano, de Cabo Verde a Angola. Não é possível documentar o trabalho missionário da Igreja e dos Espiritanos na África Lusófona sem recorrer à investigação publicada pelo P. António Brásio, nas coleções "Monumenta Missionária Africana" (quinze volumes a primeira série e sete a segunda) e "Spiritana Monumenta Historica. Series Africana" (cinco volumes). Sobre Angola há cinco grossos volumes com o acerbo documental recolhido por este historiador, com documentos datados entre 1596 e 1967. O último volume é o mais significativo para esta nossa investigação, pois tem numerosos dados sobre a Missão Espiritana em Angola, integrando o período entre 1904 e 1967, quase às portas da independência de Angola. Para percebermos a importância desta investigação, basta ler o elogio que o académico José Pedro Machado fez em 1989 na Academia Portuguesa da História. Só a lista bibliográfica ocupa 26 páginas. Para além das "Monumenta", o P. António Brásio escreveu 62 artigos científicos sobre Angola.



No que diz respeito à História, a Congregação conta com nomes grandes como o P. António Brásio e o P. Adélio Torres Neiva, ambos da Academia Portuguesa da História, com obras de referência publicadas e de valor académico reconhecido



4. A História dos Espiritanos em Portugal do P. Adélio Torres Neiva

O P. Adélio Torres Neiva (1932-2010), Académico Honorário da Academia da História (31 de julho de 2009), escreveu uma longa e bem documentada História da Missão dos Espiritanos portugueses (cf. A.T.Neiva, 2005). No fim, apresenta um itinerário cronológico com as datas mais significativas da história da Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo (cf. Neiva, 2005, pp.929-934).

Na parte final da obra, o P. Adélio Torres Neiva dedica o capítulo 81 aos "Espiritanos em Angola" (pp.761-767) e "Os Missionários do Espírito Santo em Cabo Verde" (pp.769-776).

Sobre a presença dos Espiritanos em Cabo Verde, há que referir o facto de se estarem a celebrar os 75 anos da chegada dos primeiros Padres da Congregação ao arquipélago, marcado por secas frequentes, muito isolamento e abandono religioso desde longa data. A atual situação religiosa que faz da Igreja católica a grande instituição do país, deve muito ao esforço missionário dos Espiritanos, ali chegados em 1941 (cf. Neiva, 2005, pp. 769-776).

Dez anos depois, o Conselho Geral decide avançar para a fundação da Província de Espanha. A decisão foi tomada em 1950 e, em 1951, a Província Portuguesa, com o P. Agostinho de Moura a Superior Provincial, lançou-se nesta fundação. A casa de Madrid foi inaugurada em 1952 e a mudança para a atual casa Provincial (Calle Olivos 12 – Madrid) foi na Páscoa de 1953. (cf. A.T.Neiva, 2005, pp.494-495).



Por causa de Angola, foram fundados em Portugal e daqui partiriam centenas e centenas de Espiritanos Portugueses rumo a este antigo território ultramarino. Muitos deles ali deram a vida, por martírio, por doença ou por idade. A missão dos Espiritanos em Portugal – segundo a Conferência Episcopal Portuguesa – escreveu páginas importantes da história desta Igreja



5. Apostas na Pastoral e na Cultura

A atividade literária da Província Portuguesa dos Espiritanos tem muitas vertentes: a jornalística, a pastoral, a histórica, a teológica, sociológica, a linguística, a antropológica, a etnológica e a etnográfica.

Pegando no mais simples, mas mais emblemático, o Calendário das Missões (iniciado em 1946), o Almanaque (1940) e a Agenda (1946) tornaram-se imagem da marca da Congregação.

A Revista "Portugal em África" foi fundada em 1894 e extinta em 1910.

Reapareceu em 1944 (2ª série), atravessou os tempos do Concílio Vaticano II, colocando-se ao serviço da nova Teologia da Missão que ali surgiu. Diz Torres Neiva: «"Portugal em África" é um testemunho único do itinerário da Missão no contexto português e da sua conversão à renovação da Teologia da Missão» (Neiva, 2005, p.560). A revista terminaria a sua edição por razões que Torres Neiva tenta explicar: «A revista extinguia-se em 1973, quando os ventos políticos da época tornavam cada vez mais difícil manter a identidade da revista e cada vez menos oportuno o título com que se apresentava» (p.458).

«O jornal "Ação Missionária" foi fundado em 1940 e a revista "Encontro" em 1963. Estas publicações mensais fundir-se-iam em 2009, mantendo-se apenas o título do jornal. Na atualidade, os Espiritanos em Portugal continuam ainda a editar o jornal "Ação Missionária", o Calendário e o Almanaque das Missões. Publicam ainda livros de atualidade e formação Missionária.

No que diz respeito à História, a Congregação conta com nomes grandes como o P. António Brásio e o P. Adélio Torres Neiva, ambos da Academia Portuguesa da História, com obras de referência publicadas e de valor académico reconhecido.



O P. José Afonso Moreira, assassinado no Bailundo, Angola, a 8 de fevereiro de 2006, foi condecorado, pelo Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, com o Grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito, a 8 de março de 2006, a título póstumo



No que diz respeito à Teologia e Sociologia, são relevantes as obras do P. Joaquim Alves Correia, considerado um dos pais da democracia portuguesa. Ele enfrentou o regime do Dr. Oliveira Salazar com múltiplas intervenções em livros e artigos de jornal, contestando a falta de liberdade de expressão e a pobreza a que o país estava obrigado. Pagou um preço alto, pois foi exilado nos EUA onde morreu e seria sepultado (1951).

 

6. Sinais de reconhecimento público

O P. Joaquim Alves Correia foi agraciado, a 25 de Abril de 1980, pelo Presidente Dr. Mário Soares, com a condecoração de grande Oficial da Ordem da Liberdade. Este Espiritano deu nome a uma rua na freguesia do Parque das Nações (Lisboa) e outra em Linda-a-Velha (Oeiras). Tem um busto na sua terra natal, Aguiar de Sousa (Paredes). Deu o nome à IPSS que em Lisboa apoia imigrantes, o Centro Padre Alves Correia (CEPAC).

D. Moysés Alves de Pinho tem um busto na sua terra natal (Fiães - Sta Maria da Feira) onde deu o nome à Escola EB 2-3. Também a Câmara Municipal de Sta Maria da Feira deu o seu nome a uma rua em Milheirós. Em Viana do Castelo, atribuíram-lhe o nome da Rua que dá acesso ao Seminário das Ursulinas.

D. Daniel Junqueira tem uma rua com o seu nome na Estela – Póvoa de Varzim, sua terra natal. Foi dado ainda o seu nome ao Centro Social e Paroquial.

D. Abilio Ribas tem um monumento a ele dedicado na sua terra natal (Soajo) e uma rua com o seu nome na sede do Concelho. Foi agraciado com o título de cidadão honorário de S. Tomé e Príncipe.



Com os olhos postos no futuro, os Espiritanos em Portugal continuam a sua missão e os Bispos continuam a contar «com a sua entrega, o seu dinamismo, o seu estilo de vida simples e comprometido, o testemunho da vida comunitária e fraterna, a sua criatividade na evangelização»



O P. Eigemann, suíço que esteve na fundação da Província de Portugal, tem uma rua em Nogueira-Braga, perto do Seminário do Fraião.

O Irmão Evaristo, missionário em Cabinda, professor lendário, foi condecorado pelo Presidente Craveiro Lopes, a 1 de junho de 1954 com a Medalha de Oficial da Ordem de Cristo (cf. Ação Missionária, julho de 1954, p.7).

O P. Pacheco Monte tem uma rua com o seu nome no Porto, junto à Constituição e à Capela do Monte Pedral, onde trabalhou.

O P. Clemente Pereira da Silva tem uma rua em Lourosa, Feira.

O P. Isalino Gomes foi agraciado com a atribuição do seu nome a uma rua em Vila Cova, Barcelos, terra natal.

O P. Agostinho P. Silva deu nome a uma avenida que liga S. Domingos de Rana a Tires, em Cascais. Também a Escola Básica de Tires recebeu o seu nome.

O P. Manuel Andrade deu nome à Escola Básica da Abóboda – Cascais, terra onde exerceu o seu ministério pastoral durante mais de 50 anos.

O P. Álvaro Soares da Silva tem um busto junto à Igreja da Vergada – Feira, sua terra natal. Ele foi um grande missionário em Angola, trabalhando sempre em terras de Silva Porto (Bié), onde fundou o Seminário do Nambi (1940) e as Missões de Silva Porto (Chanhora – 1936), Nova Sintra (Catabola – 1938), Chinguar (1942) e Camacupa (1954).

O P. Adriano Rocha tem um Largo com o seu nome e um busto, junto à Igreja paroquial de Recarei – Paredes, sua terra natal.

O P. José Gonçalves de Araújo tem um busto, integrado num monumento aos missionários, junto à Igreja de Avintes, Vila Nova de Gaia.

O P. José Afonso Moreira, assassinado no Bailundo, Angola, a 8 de fevereiro de 2006, foi condecorado, pelo Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, com o Grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito, a 8 de março de 2006, a título póstumo. Na sua terra natal, Fortunho – Vila Real, há, desde 21 de setembro de 2007, o Largo P. Afonso Moreira e um monumento que evoca a sua vida e Missão.

O P. Martins Ferreira deu o nome ao Instituto Politécnico fundado nos morros do Lobito. Foi na Paróquia de S. João Batista do Lobito que este Missionário dedicou os últimos anos da sua vida, em contexto de guerra civil. E, no início de 2017,deu o nome a um Colégio em Viana, nas periferias de Luanda.

A Escola Primária n.º 404 nos Dembos - Quibaxe (Diocese do Caxito) recebeu o nome do P. Mota, com quase 50 anos de missão ali.

O Posto de Saúde da Missão da Chanhora, no Kuito-Bié, tem o nome do P. António Moreira Loureiro, Espiritano que trabalhou cerca de 50 anos nas Dioceses do Huambo e Kuito-Bié.

A Congregação do Espírito Santo tem ainda a ela dedicadas a Rua das Missões do Espírito Santo (Godim-Régua), a Rua dos Missionários do Espírito Santo (S. José de Sassoeiros – Cascais) e a Travessa do Espírito Santo, junto ao Instituto Geofísico, em Coimbra.

O P. Horácio da Silva tem uma rua e uma estátua em Benguela, Angola. Está em construção o Centro Pastoral P. Horácio da Silva, na Paróquia do Pópulo, em Benguela.

O P. Custódio Campos recebeu, em Cabo Verde, diversas condecorações. Vários Espiritanos portugueses foram agraciados no Brasil.

 

Conclusão

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), por ocasião deste Jubileu Espiritano, publicou uma Nota Pastoral com o título "150 anos de Missão sem fronteiras" (10.11.2016).

Após evocação histórica dos tempos da fundação, a CEP refere o facto de os Espiritanos começarem a sua missão lusófona em Angola. Por causa de Angola, foram fundados em Portugal e daqui partiriam centenas e centenas de Espiritanos Portugueses rumo a este antigo território ultramarino. Muitos deles ali deram a vida, por martírio, por doença ou por idade. A missão dos Espiritanos em Portugal – segundo a CEP – escreveu páginas importantes da história desta Igreja. Hoje, a Missão continua com muita inserção da Igreja local e na animação de diversas dinâmicas laicais. Com os olhos postos no futuro, os Espiritanos em Portugal continuam a sua missão e os Bispos continuam a contar «com a sua entrega, o seu dinamismo, o seu estilo de vida simples e comprometido, o testemunho da vida comunitária e fraterna, a sua criatividade na evangelização».

Como defendeu o Papa Francisco ao lançar o Ano da Vida Consagrada (2015-2016), é preciso fazer uma memória agradecida do passado, viver o presente com paixão e construir o futuro com esperança.

 

Bibliografia

BRÁSIO, António, Angola. Vol. V (1904-1967), in ‘SPIRITANA MONUMENTA HISTORICA. SERIES AFRICANA’, Duquesne University Press, Pittsburgh PA / Ed. E. Nauwelaerts – Louvain, 1971.
BRÁSIO, António, Espírito Santo (Congregação do), in ‘Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura’, Edição Século XXI, Editorial Verbo, Lisboa/S. Paulo, 1999, Vol. 10, cols1128-1130.
CONFERÊNCIA EPISCOPAL PORTUGUESA, Faz-te ao largo, com a força do Espírito. Os 300 anos dos Missionários do Espírito Santo. Ed. Secretariado Geral do Episcopado, Lisboa, 2003.
CONFERÊNCIA EPISCOPAL PORTUGUESA, Nota Pastoral Missão sem fronteiras, 10.11.2016.
CORREIA, Joaquim Alves, Cristianismo e Revolução. Coordenação de Anselmo Borges. Ed. Sá da Costa, Lisboa, 1977.
CORREIA, Joaquim Alves, A largueza do Reino de Deus, Ed. Cong. Espírito Santo, Lisboa, 1931.
FERREIRA, Nuno Estêvão, Ordens e Congregações Religiosas: a problemática da Missionação na I República, in ‘Ordens e Congregações Religiosas no contexto da I República’ (coord. Luís Machado de Abreu e José Eduardo Franco), Ed. Gradiva, Lisboa, 2010.
LOPES, Francisco, P. Joaquim Alves Correia. Ao serviço do Evangelho e da Democracia, Ed. Rei dos Livros, Lisboa, 1996.
MACHADO, José Pedro, Elogio do Padre António Brásio, Academia Portuguesa da História, Lisboa, 1989.
NEIVA, Adélio Torres, Congregação do Espírito Santo. História da Província Portuguesa (1867-2004), Espiritanos, Lisboa, 2005, 944 pp.
TORGA, Miguel, Diário, Publicações Dom Quixote, Vols IX-XVI (1964-1993), 2º ed, 1999.









 

Tony Neves CSSp
Superior provincial da Congregação dos Missionários do Espírito Santo
Publicado em 07.06.2017

 

 

 
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