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Dia Mundial da Paz: Cardeal D. Tolentino Mendonça ecoa apelo do papa à «conversão ecológica»

O cardeal D. José Tolentino Mendonça ecoou hoje, na capela do Rato, em Lisboa, a mensagem do papa Francisco para o 53.º Dia Mundial da Paz, que se assinala no primeiro dia do ano, tendo apelado à «conversão ecológica» e à «consciência» de «que o mundo não é uma coisa que se usa e deita fora».

«Precisamos de ter uma relação ética» com a criação, vincou o bibliotecário e arquivista da Santa Sé, que desde a separação do lixo doméstico, às compras que se fazem, passando por uma luz que se apaga ou um plástico que se renuncia a usar evocou exemplos que «parecem coisas de nada, mas é a nossa parte», «aquilo que só cada um pode fazer».

O primeiro diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura mostrou-se convicto de que «a multiplicação de pequenos gestos responsáveis cria uma cultura diferente», embora exija uma alteração de comportamentos,uma «transformação [pessoal] que é necessário acontecer», para contrariar uma relação do ser humano com a «casa comum» que muitas vezes «não é iluminada pelo amor».

Na celebração da solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, o anterior responsável pela capela do Rato comentou também os dois outros elementos centrais da mensagem de Francisco, o dialogo e a reconciliação.



«É preciso refazer os laços da comunhão, e isso só acontece com o desejo de reconciliação», dado que «a vida não se resolve com escapismos, mas com perdão, aceitação, superação, integração»



Para o cardeal Tolentino, o diálogo, mais do que «debater ideias», passa por comunicar «a sede de verdade que existe no coração humano»; se assim não for, reduz-se a «um entretém, um palreiro, e não é o acontecer de um encontro».

Ao comentar a necessidade de pacificação mencionada pelo papa no título da mensagem, o prelado observou que «é preciso refazer os laços da comunhão, e isso só acontece com o desejo de reconciliação», dado que «a vida não se resolve com escapismos, mas com perdão, aceitação, superação, integração».

O Dia Mundial da Paz tem significado especial na história da capela do Rato, dado que a 30 de dezembro de 1972, um grupo de católicos, a que se associaram não católicos, organizou uma vigília pela paz em protesto contra a guerra colonial, naquele que é considerado um dos gestos mais emblemáticos da oposição de matriz católica ao Estado Novo.

De acordo com o deputado Castelino e Alvim, apoiante do Governo chefiado por Marcello Caetano, o encontro «iniciou-se após a missa vespertina das 19 horas e 30 minutos de sábado, 30 de dezembro, quando um grupo de indivíduos anunciou que ficava a ocupar o templo até ao dia 1 de janeiro, à tarde, "sem tomar qualquer alimento”, para refletir sobre a mensagem pontifícia acerca da paz, mas incluindo desde logo nessa reflexão a intenção de discutir a defesa da Guiné, de Angola e de Moçambique».



«"Neste momento, na capela da comunidade do Rato, cristãos fazem a greve da fome, alertando as consciências contra a guerra colonial"»



A intenção, prosseguia o parlamentar, «foi manifestada igualmente em panfletos sob o título "Tornar a paz possível", distribuídos nos dias 30 e 31 à porta de várias igrejas de Lisboa e do sul do Tejo, bem como naqueles que numerosos petardos, explodidos em vários pontos da cidade no dia 31 e ferindo três crianças gravemente, espalhavam. Nestes panfletos, intitulados "Greve da fome contra a guerra colonial", começava-se por anunciar: "Neste momento, na capela da comunidade do Rato, cristãos fazem a greve da fome, alertando as consciências contra a guerra colonial"».

O deputado considerou que a intervenção policial, que ocorreu às 20h30 do dia 31, e na sequência da qual foram detidas cerca de de meia centena de pessoas que estavam no interior, decorreu da «forma mais correta».

É a mesma fonte a relatar que os participantes na vigília refletiram sobre «um documento de dezoito páginas datilografadas, editado por "Capela da JEC – Calçada de Bento da Rocha Cabral, 1-B, Lisboa", e que, além da mensagem de Paulo VI», continha «outros textos, alguns de pura política interna, o último dos quais gravemente atentatório da dignidade de Portugal e incitando por vários meios à boicotagem da defesa do Ultramar».


 

Rui Jorge Martins
Fonte histórica: parlamento.pt
Imagem: Bigstock.com
Publicado em 01.01.2020

 

 
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