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D. Tolentino Mendonça e Siza Vieira abrem ciclo sobre arte e espiritualidade

O arquiteto Álvaro Siza Vieira, distinguido com o Pritzker, considerado o “Nobel” da arquitetura, e o arcebispo D. José Tolentino Mendonça, bibliotecário e arquivista da Santa Sé, abrem esta quarta-feira, no Porto, o ciclo de conferências “Arte e Espiritualidade – Criatividade-Mistério-Dogma”.

Intitulada “Pode o chão ser céu?”, a sessão, com lotação já esgotada, decorre às 21h30 no auditório de Serralves, contando com a moderação do jornalista Vítor Gonçalves.

«Pensemos na encomenda da igreja de Marco de Canavezes ao Siza Vieira, que não é um criador católico mas que tem uma reflexão sobre o que é o espiritual, o que é o habitar, o que é um templo», observou o teólogo e poeta em entrevista ao Sol, em 2013.

D. Tolentino Mendonça considerou que «o contributo que dá ao diálogo com a arquitetura de uma igreja é marcante. As duas partes ganham. Para um arquiteto, construir uma igreja constitui um desafio, e para as comunidades é um privilégio enorme ter grandes criadores a trabalhar dentro do seu espaço vital».

Em 2015, o prelado escreveu um texto no livro “Página sagrada”, de Siza Vieira, publicado pela Universidade Católica Editora, com desenhos do arquiteto, que já tinha evocado a vida dos apóstolos S. Pedro e S. Paulo em azulejos colocados ao longo do corredor da área da reconciliação da basílica da Santíssima Trindade, em Fátima.

No programa do ciclo de conferências, que se prolonga até 1 de dezembro, lê-se: «Nestes tempos de obsessão pela materialidade do sucesso rápido ressoa a urgência de regresso a um lugar de silêncio. A Arte, força vital de profunda espiritualidade, é ela própria estremecimento, inquietação e apaziguamento. De que forma dialoga a Arte com a Ciência, a Filosofia, a Religião, o Pensamento?».

Para o compositor e cantor Pedro Abrunhosa, comissário do ciclo, «as palavras são como tijolos: sozinhas tem a utilidade do arremesso, pela combinação infinita do conjunto constituem-se em ideias e substantivam o impossível».

«De Gilgamesh, incrustado pela fragilidade cuneiforme no barro milenar, conhecemos as ambições, as angústias, o medo, o pensamento. Do personagem histórico, as pedras remanescentes dos colossais monumentos atestam o Rei que foi. Da vontade de perenidade, de se repetir pelo que deixa, tem a humanidade fugido à condição de besta, quer pela imaterialidade da palavra, quer pela robustez da argamassa. Que caminhos comuns tem percorrido e a que ascese mistérica nos tem, granito e verbo, votado?»

O encontro insere-se na programação que assinala os 30 anos da Fundação de Serralves e o 20.º aniversário do museu.

De sexta-feira a domingo, realiza-se a 16.ª edição de uma das mais populares iniciativas do espaço, Serralves em Festa, que conta com 50 horas de música e artes performativas, em centenas de espetáculos para toda a família.


 

Rui Jorge Martins
Fontes: Fundação de Serralves, Sol
Publicado em 28.05.2019 | Atualizado em 28.05.2019

 

 
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