Tenho um amigo católico que detesta a confissão. Não vou fazer inconfidências mas o meu amigo despreza-a tanto que não se confessa há uma década. Ele apresentou várias razões para passar ao lado daquele que é formalmente denominado o sacramento da Reconciliação. Tem medo de confessar de uma só vez os seus pecados, que são agora muitos; está assustado por aquilo que o padre possa dizer (ele já teve algumas más experiências); e está muito ocupado.
O meu amigo não é a única pessoa que encontrei a sentir-se assim. Há vários anos, enquanto orientava um retiro, conheci uma mulher que não se confessava há 20 anos. O seu motivo também tinha sido uma experiência desagradável com um padre durante o sacramento. Se bem me recordo, ele censurava-a por não se confessar com mais frequência.
Ao responder, perguntei-lhe: «Se tivesse uma má experiência com um médico, nunca mais voltaria a ver um médico?». Todavia, mesmo depois de termos falado sobre as suas experiências, ela estava hesitante em voltar. A nossa sessão espiritual foi breve, e passados 20 minutos era tempo de outro participante no retiro. Por isso não faço ideia se ela alguma vez voltou ao confessionário.
Às vezes sinto quase como a língua atada nestes casos. Não porque eu julgue que as pessoas nessas situações são más católicas ou porque desconheça respostas que podem ajudar estes bloqueios comuns. É antes porque eu me confesso frequentemente. Muito frequentemente. E gosto.
Admito que é mais fácil para mim fazê-lo ao viver numa casa repleta de padres, e especialmente quando o meu diretor espiritual é membro da minha comunidade. Se alguma vez me sentir oprimido pelo pecado, ou até um pecado, tudo o que preciso de fazer é bater à porta de alguém e pedir. Por outro lado é mais difícil, dado que se trata de homens com quem eu vivo e, muitas vezes, trabalho. Depois de confessar os pecados a alguém, poderei vê-lo ao pequeno-almoço na manhã seguinte. Ou numa reunião. Mas isso nunca me incomodou porque imagino que alguém que viva ou trabalha comigo já sabe que não sou perfeito.
Muitas vezes penso no que é que me torna mais inclinado a confessar-me do que as pessoas que mencionei. Não sou com certeza mais santo do que quem quer que seja - nem de longe. Não é por ter menos pecados.
Talvez seja a frequência. E confesso-me uma vez por mês, se não mais. Estou habituado. Consequentemente cessou qualquer medo concebível. Como alguém que tem medo de voar e viaja 50 vezes de avião por ano, e de repente apercebe-se de que está confortável na aeronave. Ele sabe que haverá inevitavelmente turbulência e pode dizer: «Estou habituado. E não é tão mau como eu pensava que poderia ser».
Por vezes digo a católicos inquietos o quão maravilhosa uma pessoa se sente ao ser honesta com Deus no sacramento. O velho argumento contra a confissão segundo o qual se pode sempre dizer a Deus os pecados é bom. Claro que pode. Mas muitas vezes não se faz. Além do mais, ajuda a verbalizar os pecados com outra pessoa. E ouvir as palavras da absolvição, de viva voz, é muito mais poderoso do que as intuir na oração. Pelo menos para mim.
O meu nível de conforto também deriva de experiências com confissão do outro lado. Ao ouvir confissões e dar a absolvição, consigo ver como as pessoas se sentem aliviadas. Elas exalam. Relaxam. Sorriem. E posso sentir o quão agradecidas ficam ao serem perdoadas de algo que pensavam que era imperdoável. Tudo isto torna a confissão preciosa para mim.
Mas sobretudo gosto de como me sinto mais tarde, como se Deus me tivesse dado outra oportunidade - o que, claro, Deus dá. E quer eu esteja a ouvir confissões ou vá à confissão, penso sempre no que o meu professor de Teologia disse à nossa turma: «A confissão não é sobre o quão mau você é, mas o quão bom Deus é».
Quem me dera que eu pudesse convidar todos aqueles que se afastaram a regressar. E para aqueles que regressam, espero que ouçam, de alguma forma, o que eu digo às pessoas que não se confessam há anos: «Bem-vindo de volta».