D.R.
O papa manifestou hoje preocupação pelo «grave problema do desemprego», alertou para as consequências da falta de trabalho no bem-estar da família e acentuou que é preciso «escutar os pobres e a sua experiência diária de privações múltiplas e sobrepostas».
«Promover o desenvolvimento integral requer diálogo e envolvimento com as necessidades e as aspirações das pessoas», planeando «respostas para situações concretas», afirmou Francisco, referindo-se aos carenciados.
As palavras do papa foram proferidas no Vaticano, ao receber os participantes na conferência promovida pela Fundação "Centesimus Annus-Pro Pontifice" sobre o tema "Alternativas construtivas numa fase de desordens globais. Emprego e dignidade do indivíduo na era digital - Incentivos à solidariedade e à virtude cívica".
Francisco vincou que é necessário dar vida «a estruturas de mediação capazes de colocar em conjunto pessoas e recursos, iniciando processos nos quais os pobres sejam os protagonistas principais e os beneficiários».
«[O desemprego] chegou a um nível muito grave, muito grave. É um problema que assumiu proporções verdadeiramente dramáticas, quer nos países desenvolvidos quer naqueles em vias de desenvolvimento, e que pede para ser enfrentado através de um sentido de justiça entre as gerações e de responsabilidade para o futuro», declarou.
Para o papa, «os esforços para enfrentar o conjunto das questões ligadas ao crescimento das novas tecnologias, às transformações dos mercados e às legítimas aspirações dos trabalhadores devem ter em consideração não só os indivíduos, mas também as famílias».
«Esta, como sabeis, foi uma preocupação exprimida pelas recentes assembleias sinodais sobre a família, que sublinharam como a incerteza nas condições laborais acaba muitas vezes por aumentar a pressão e os problemas das famílias e tem um efeito na capacidade da família de participar frutuosamente na vida da sociedade», assinalou.
A concluir, Francisco apelou aos membros da Fundação que contribuam para um «debate informado» na sociedade, mas também para que se comprometessem na «mudança de atitudes, de opiniões e de estilos de vida que é essencial para construir um mundo mais justo, livre e em harmonia».
A Fundação retira o nome da encíclica "Centesimus Annus", promulgada pelo papa S. João Paulo II a 1 de maio de 1991, assinalando o 100.º aniversário da "Rerum novarum", de Leão XII, considerado o primeiro documento pontifício sobre o mundo do trabalho, em particular acerca da condição dos operários.