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«Recolher para redistribuir, não produzir para desperdiçar. Deitar fora comida significa deitar fora pessoas. E hoje é escandaloso não se dar conta de quanto a comida é um bem precioso, e de como tanto bem acaba mal», vincou este sábado o papa, ao receber, no Vaticano, membros da Federação Europeia dos Bancos Alimentares.
A uma semana da próxima campanha de recolha de alimentos que o Banco Alimentar vai organizar nos supermercados em Portugal, Francisco frisou que dar comida a quem tem fome «não é assistencialismo», mas «o primeiro gesto concreto de acompanhamento para um percurso de resgate».
«Olhando para vós, imagino o empenho gratuito de muitas pessoas, que trabalham no silêncio e fazem bem a muitos», afirmou o papa, para quem os voluntários se entregam não com palavras, mas com factos.
Para Francisco, «lutar contra a chaga terrível da fome quer dizer também combater o desperdício», que «manifesta desinteresse pelas coisas e indiferença por quem delas está privado», sendo também «a expressão mais crua do descarte».
O papa reiterou que «a economia, nascida para ser “cuidado pela casa”, tornou-se despersonalizada; em vez de servir o ser humano, escraviza-o, subjugando-a a mecanismos financeiros cada vez mais distantes da vida real, e cada vez menos governáveis».
«Como podemos viver bem quando as pessoas são reduzidas a números, a estatísticas contam mais do que os rostos e as vidas dependem dos índices da bolsa?», questionou.