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Dante: A "Divina Comédia" e a fé

Neste livro, Martim de Albuquerque evidencia a questão da fé na Divina Comédia, poema épico e teológico de Dante Alighieri (c. 1265-1321), dividido em três partes - Inferno, Purgatório e Paraíso.

O volume, recentemente lançado pela Alêtheia, resulta de uma sessão no âmbito da iniciativa "Átrio dos Gentios", promovida na paróquia de S. Nicolau em Lisboa pelo pároco, padre Mário Rui Pedras, onde um crente e um não crente discutem questões relacionadas com a fé.

Neste encontro, o autor debateu a Divina Comédia com o poeta e escritor Vasco Graça Moura.

Martim de Albuquerque, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, conta redigiu várias obras sobre Direito, Cultura e história das ideias políticas, galardoadas com o Prémio Nacional de História, o Prémio Gulbenkian de História – que lhe foi atribuído quatro vezes –, o Prémio Laranjo Coelho e o Prémio D. João de Castro da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos, entre outras distinções.

Da introdução, que respeita o anterior acordo ortográfico:

«É certo – observou T.S.Eliot ­–, que podemos fazer uma distinção entre o que Dante "crê como poeta e aquilo que cria como homem". Porquanto "é dificilmente verosímil que um poeta tão grande como Dante possa ter composto a Commedia simplesmente por motivos intelectuais sem fé", a despeito até de que "a fé em si mesma se transforme eventualmente em algo diverso ao tornar-se poesia". Nunca, porém, de tal modo que o sentido essencial e mais profundo desapareça, pois isso equivaleria à desumanização da obra, que se transformaria, então, em mero artifício literário, sem autêntica vivência.

A conjugação de muitos pontos da presente análise da Divina Comédia com passagens de outras obras de Dante de que nos socorremos ao longo do texto, evidencia a existência de um nó de indissolúvel concordância entre a fé de Dante e da Comédia enquanto poesia. (...)

Porque da Fé na Divina Comédia me ocupo, não intento, por consequência, como é natural, debater especificamente a questão, tão controvertida, de saber se estamos perante uma verdadeira obra de poesia, nem se o texto, sob a forma poética, se reduz a mero conteúdo filosófico e teológico. Tão pouco importa agora ex professo a separabilidade entre um e outro aspecto, e, menos ainda, repensar a fundo os problemas de estrutura literária da obra. Mas nada disso se ignorou.

Dá-se como pressuposto, como ponto de partida, que a Teologia e a Filosofia podem revestir forma poética, sendo a Poesia, como é, um dos modos supremos de objectivação e concretização do pensamento e qualquer daquelas realidades passível de expressão a esse nível - a primeira reportando-se à ciência de Deus ou das coisas divinas, ao acúmen, e a segunda ao amor da Sabedoria, própria apenas dos seres humanos, únicos que possuem noção da ignorância e podem desejar superá-la.

Dante, o Poeta, foi reconhecido e celebrado também como Teólogo e Filósofo. Já os primeiros comentadores o sublinharam. Com orgulho, o próprio filho, Pietro Alighieri, o rotula «gloriosus theologus, philosophus et poeta». E Boccaccio declara, na biografia do Poeta, que as três vertentes lhe haviam sido reconhecidas simultânea e alternativamente em vida, pois alguns chamaram-lhe sempre Poeta, alguns Filósofo e muitos Teólogo (...).»

 

Martim de Albuquerque
In Dante - A "Divina Comédia" e a fé, ed. Alêtheia
16.07.13

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Capa

Dante
- A "Divina Comédia" e a fé

Autor
Martim de Albuquerque

Editora
Alêtheia

Ano
2013

Páginas
230

Preço
18,00 €

 

 

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