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Curso Literatura e Religião descobre cruzamentos entre Bíblia e criação literária

Imagem S. Lucas, evangelista (det.) | Andrei Rublev | C. 1400 | Biblioteca Estatal da Rússia, Moscovo

Curso Literatura e Religião descobre cruzamentos entre Bíblia e criação literária

O que têm em comum os Evangelhos de Lucas e João, a ceia de Emaús, os "Diários" de Kafka, o Livro de Job, o "Inferno" de Dante e autores como Pedro Mexia, Tolentino Mendonça, Frederico Lourenço, Esther Mucznik e Tiago Cavaco?

Todos marcam presença no curso "Literatura e Religião", que decorre de 8 a 19 de fevereiro, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com o apoio do Programa em Teoria da Literatura.

O programa começa com a sessão "All the ships at sea" (Pedro Mexia, dia 8), prosseguindo com "'Marina', de T.S. Eliot" (Rodrigo Abecasis, dia 9), "Os noivos", de Alessandro Manzoni (Joana Corrêa Monteiro, dia 10), "Os 'Diários' de Kafka" (Tiago Cavaco, dia 11), e "I Canto do 'Inferno' de Dante" (Teresa Bartolomei, dia 12).

A segunda semana da iniciativa abre com "Evangelho segundo Lucas" (José Tolentino Mendonça, dia 15), "Tolstoi e os burocratas da fé" (Ana Matoso, dia 16), "Evangelho segundo João" (Frederico Lourenço, dia 17) e "Livro de Job" (Esther Mucznik, dia 19). No dia 18 realiza-se uma mesa-redonda com António Feijó, João Figueiredo e Miguel Tamen.

O curso é de entrada livre e está aberto a todas as pessoas, com os textos de apoio para as aulas (18h00, Anfiteatro IV) a serem disponibilizados aos participantes. As inscrições devem ser feitas através do endereço eletrónico "cliteraturaereligiao@gmail.com".

«A Bíblia é escritura sagrada, mas precisamente por isso é importante velar para que o adjetivo (sagrada) não oculte o substantivo (a escritura) e vice-versa», escreve Tolentino Mendonça no mais recente artigo publicado no semanário "Expresso".

O poeta, ensaísta e especialista em estudos bíblicos subscreve a tese de que «a leitura da Bíblia se reforça em densidade quando é revisitada como "corpus" literário e não apenas como "corpus" teológico ou histórico.

«Lembro-me de uma belíssima frase de José Saramago quando editou, não sem polémica, o seu romance "Caim": "A mim, a Bíblia permitiu-me escrever o que não estava dito." O que é absolutamente verdade», sustenta o autor.

Para Tolentino Mendonça, «Saramago é uma espécie de narrador bíblico e, surpreendentemente ou não, em mais sentidos do que os expectáveis, pois mesmo quando ideologicamente problematiza a revelação bíblica deixa-se contaminar pelo seu léxico, enamora-se do seu ritmo, retrabalha incessantemente as suas imagens».

«E com isto» - sublinha - «não é só a literatura que ganha, mas também a história da exegese, ela que é um campo de estudo bem mais irrequieto e atento a contributos transdisciplinares do que parece.»

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 14.01.2016

 

 
Imagem S. Lucas, evangelista (det.) | Andrei Rublev | C. 1400 | Biblioteca Estatal da Rússia, Moscovo
«Saramago é uma espécie de narrador bíblico e, surpreendentemente ou não, em mais sentidos do que os expectáveis, pois mesmo quando ideologicamente problematiza a revelação bíblica deixa-se contaminar pelo seu léxico, enamora-se do seu ritmo, retrabalha incessantemente as suas imagens»
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