O advogado e político Fernando Seara considera que «a construção de uma cultura de encontro», num mundo de «múltiplos desencontros», está a marcar «o singular pontificado do papa Francisco».
«Há precisamente 58 anos, neste dia de São Mateus, um jovem estudante argentino, Jorge Bergoglio, visitou a sua paróquia e decidiu confessar-se. E descobriu que aquela confissão tinha despertado a sua fé e Deus o tinha chamado», recorda em artigo de opinião publicado hoje no “Diário de Notícias”.
A «simplicidade» do papa «toca e cativa, aproxima e seduz, sensibiliza e enriquece, motiva e consola. E o seu sorriso entusiasma. A sua austeridade interpela-nos. A sua voz paciente e meiga é um marco de tolerância. Um dom de Deus», sublinha Seara.
Evocando a visita que fez a Cuba há cerca de um mês, em particular à Praça da Revolução, em Havana, onde ontem o papa presidiu à missa em que participaram cerca de 500 mil pessoas, o colunista mostra-se convicto de que «o tempo castrista da "antirreligiosidade beligerante"» está ultrapassado.
«Um dos elementos-chave para alguma tolerância religiosa concretizou-se com a visita do Papa João Paulo II e é interessante que o então cardeal Bergoglio escreveu um texto bem interessante acerca dos Diálogos entre João Paulo II e Fidel Castro em que assume que "na sua diversidade encontraram-se, falaram, escutaram-se com afeto e respeito e inauguraram o caminho do diálogo"», assinala.
Para Francisco Seara, a «permanente construção de uma cultura de encontro» por parte de Francisco é um dos fatores que tem conduzido à reconciliação do mundo com a Igreja católica.
Rui Jorge Martins