Arte e espiritualidade
Crónica visual do Advento e Natal (3): Arcabas e o nascimento de Jesus
Que doçura, que ternura da mãe pelo seu filho, que força na segurança transmitida pelo pai que vigia, que calor transmitido pelo burro e pelo boi, que alegria nos anjinhos.
Arcabas, pintor e escultor contemporâneo francês nascido em 1926, transmite à sua maneira a maravilha do Menino Jesus nascido em Belém, a maravilha da incarnação de Deus na vida dos homens.
«E, quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura…» (Lucas 2, 6-7).
O recém-nascido está aninhado na sua mãe. Ambos estão deitados na palha, envolvidos por uma quente cobertura quente. Maria, extraordinariamente serena, rodeia com toda a sua ternura este bebé, concluindo a sua obra de esperança e de promessa. As suas mãos em cruz são proteção e bênção sobre a criança adormecida.
Em cima, como num voo de pássaro, três anjinhos numa glória dourada, vigiam sobre eles. O de baixo contempla a cena, pensativo, a cabeça apoiada na mão. O burro e o boi expiram o bafo aquecido dos seus narizes, intensamente iluminados.
À semelhança de todo o recém-nascido, Jesus é pequeno, frágil, como que ameaçado na sua existência. Precisa de proteção. De pé, José foi buscar uma vela, abrigando a chama vacilante das correntes de ar. Ele é solidamente apresentado, plantado sobre pernas fortes, a cabeça quadrada, motivo que se encontra com frequência na obra de Arcabas.
A sua silhueta é iluminada pela chama da vela, evocação evidente de Georges de La Tour: a chama atravessa-o e torna-o como que transparente sobre o mistério que acontece.
Arcabas fascinado pelo mistério de Deus que se faz criança entre os homens, celebra assim a graça da Natividade, a glória do Menino-Deus.
Natividade
Dominique de Pirey
Historiador de arte, teólogo
In jesus-catholique.fr
© SNPC (trad.) |
20.12.13
Arcabas
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