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Exposição: Concatedral de Miranda do Douro apresenta as suas «mais belas peças»

É inaugurada hoje na concatedral de Miranda do Douro uma mostra que «reúne a parte mais significativa do seu espólio», com obras de escultura, arte sacra e pintura, das quais se destaca o “Calendário da sé”, assinado por Pieter Balten (c. 1527-1584), «exemplo raríssimo de uma iconografia praticamente ausente no património artístico nacional».

«Passados cerca de 240 anos, da transferência da sede da diocese para a cidade de Bragança, a qual ocorreu no último quartel do século XVIII, esta é a primeira vez que um conjunto de obras tão relevante é colocada à fruição do público», sublinha a Direção Regional de Cultura do Norte.

A exposição «afirma a relevância, a vitalidade e o potencial cultural do que foi a Diocese de Miranda, ao mesmo tempo que revela a urbanidade e mundividência dos prelados que ocuparam o trono episcopal mirandês, assim como do investimento que foi realizado para que este templo fosse, de facto, brilhantíssimo em termos artísticos e arquitetónicos».

Expostas numa das antigas sacristias, as obras de arte, «de apreciável valor cultural» ligadas à diocese nordestina, criada em meados do século XVI, comprovam a sua «importância estratégica e económica» no contexto da fronteira com Espanha.



Imagem D.R.

Imagem D.R.


O “Calendário da sé”, composto por doze quadrinhos pintados em Antuérpia, revela «um discurso de harmonização do mundo em estreita relação com a simbologia astrológica, sem deixarem de ser quadros devocionais no seu mais exato sentido».

Os bispos de Miranda do Douro «chegaram a possuir uma pinacoteca capitular com mais de uma centena de peças: no ano de 1720 contavam-se nessa galeria 127 quadros, sacros e profanos, de que apenas sobreviveram duas dezenas», explica a Direção Geral de Cultura do Norte.

A mostra decorre paralelamente à empreitada de conservação e restauro de seis vitrais da igreja, datados de meados do século XX.

A vila de Miranda foi elevada à categoria de cidade e de sede diocesana em 1545. O projeto da catedral, começado a executar em 1552, sob a direção de Gonçalo de Torralva e Miguel de Arruda, «insere-se na tipologia de sés mandadas construir por D. João III, com uma fachada harmónica – em que um corpo central é ladeado por duas poderosas torres -, e um interior em três naves abobadadas à maneira gótica, com cruzaria de ogivas de nervuras visíveis».

O retábulo-mor é uma obra seiscentista, terminada em 1614, do mestre galego Gregório Fernández. «Igualmente digno de nota é o retábulo de Nosso Senhor da Piedade, em talha barroca de boa qualidade, e o órgão do século XVIII, de igual modo profusamente decorado com talha dourada.»

Miranda do Douro caiu em poder espanhol em 1710 e 1762, tendo sido estas ocupações «o motivo principal para a mudança do bispo para Bragança, cidade menos exposta a ameaças externas».


 

Rui Jorge Martins
Fonte (texto e imagem de topo): Direção Geral de Cultura do Norte
Publicado em 17.12.2020 | Atualizado em 07.10.2023

 

 
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