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Como imagina o seu futuro? «Nas mãos de Deus»

Faltam pouco mais de oito meses para Elodie Rodrigues, de 27 anos, fazer os votos de castidade, obediência e pobreza e entregar a sua existência a Deus e a uma missão religiosa como freira na congregação das Irmãs da Apresentação de Maria onde terá como missão a educação cristã dos jovens. Os olhos castanhos de Elodie brilham mais quando refere estar cada vez mais perto do momento mais feliz da sua vida. Aquele que aguarda há cinco anos. «Em breve serei Irmã e terei dado mais um passo nessa entrega a Deus.»

Até agora passou por várias fases de discernimento e formação para se colocar a prova e ter a certeza absoluta de que está no caminho certo: começou pelo aspirantado, no Convento de Setúbal onde teve formação religiosa, oração, costura e ajudou nas lides do jardim. No ano seguinte passou para o postulantado, onde pôde participar mais a fundo na vida religiosa das irmãs e, por fim, seguiu para o noviciado ou ano canónico, desta vez recolhendo-se do mundo, sem poder ir ao exterior (nem para visitar os pais) sob acompanhamento da mestra de noviças.

Uma das coisas difíceis neste processo, conta, é manter a total obediência. «É uma aprendizagem.» Elodie decidiu renunciar aos desejos e ideais da maioria das raparigas da idade dela, «para estar mais perto de Deus». Até a sua vaidade foi deixada para trás. Antes de entrar no convento usava o cabelo comprido, encaracolado, pelos ombros. «Eram uns caracóis muito bonitos dos quais tinha muito orgulho.» Quando entrou para o convento cortou-o muito curto, à rapazinho, como sinal exterior de mudança. Para uma fase mais espiritual. Porque nem sempre Elodie foi assim.

Quando estava a estudar no secundário e a viver na aldeia de Alferrarede, no Concelho de Abrantes, fantasiava com comédias românticas e teve um namorado com quem pensou casar e ter filhos. Projetaram sonhos e traçaram objetivos. Mas um ano depois deixou de estar tão convicta e separou-se. «Foi uma relação importante. Mas a minha vocação não era essa.»

Por essa altura queria ser psicóloga e chega mesmo a tentar entrar na universidade. Experimentou também o curso de educação de infância mas não gostou. Aos 19 anos entrou pela primeira vez em discotecas e bebeu álcool. Mas sentiu-se deslocada. «Dá-se muito valor às aparências e têm-se conversas muito fúteis.» Vira-se para a Igreja. Passa a comungar diariamente na Eucaristia após as aulas, enquanto as suas colegas se encontravam com os namorados. Começa a (re)definir um novo futuro para si. Quando anunciou a sua decisão aos seus pais eles estranharam. «Foi difícil. Porque perceberam que não iam ter os netos que tanto queriam. Mas como são pesoas de fé, fizeram também o seu caminho e aceitaram que este era o meu caminho para a felicidade.»

Como imagina o seu futuro? «Nas mãos de Deus.»

 

Bernardo Mendonça
In Expresso (Única), 29.10.11
03.11.11

Elodie Rodrigues
Foto:Nuno Fox


























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