

O 4.º colóquio internacional de teologias feministas, que decorre esta sexta-feira e sábado em Lisboa, vai ser dedicado à «reforma da Igreja católica», num período em que «parece abrir-se agora uma nova fase de descompressão e de abertura de portas a diálogos (por vezes, difíceis)», refere a nota de apresentação.
«Depois de quase 30 anos de desinvestimento explícito na renovação da teologia e de repressão de teologias progressistas, nomeadamente, das teologias feministas», constatam-se novos sinais, assinala a Associação Portuguesa de Teologias Feministas, responsável pela iniciativa, em parceria com o Centro de Estudos Sociais, laboratório associado da Universidade de Coimbra.
Os organizadores lembram que «uma mulher – Anne-Marie Pelletier – ganha, pela primeira vez, o prémio de teologia “Joseph Ratzinger”», o jornal “L’Osservatore Romano”, do Vaticano, «passa a ter uma página dedicada às mulheres», e o papa Francisco «diz que é preciso que as mulheres estejam presentes em lugares de decisão na Igreja».
Ao mesmo tempo, prossegue a apresentação, «o diálogo entre as religiosas americanas e o Vaticano continua bloqueado» e o papa «faz referência ao “génio feminino” e à necessidade de aprofundar a teologia “feminina”, parecendo desconhecer o património já acumulado das diversas teologias feministas».
«Uns consideram que estamos em tempos semelhantes aos anteriores – um discurso para escamotear as diferenças. Outros consideram que tudo se tornou possível de repente. Outros ainda apelam ao reconhecimento deste tempo como um tempo de paciência vigilante», assinala a nota.
O colóquio situa-se «no horizonte da interpelação que S. Francisco ouviu de Deus, antes de se lançar no seu movimento de renovação: “Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja, que está em ruínas”».
«Que lugar têm as mulheres nesta reconstrução? Serão “o ângulo morto da reforma de Francisco”? Terão todas as reformas que passar por Francisco? De que estamos, realmente, à espera? O que esperamos?», constituem alguns dos questionamentos a debater.
O encontro, que se realiza no Centro de Estudos Sociais (Picoas Plaza, Rua do Viriato, 13, lj. 117/118), conta com as conferências de Maaike de Haardt presidente da European Society of Women in Theological Research, e Marta Maria Zubía Guinea, professora de Direitos Humanos e Cristianismo, na Universidad de Deusto.
No programa preveem-se também as intervenções de Alfreda Fonseca, Ana Vicente, Fernanda Henriques, Teresa Toldy e António Marujo, entre outras personalidades.
Programa
14 de novembro
17h30
Abertura do Colóquio
18h00
“¿Renovación o transformación? Hacia una Iglesia laica, al estilo del movimiento de Jesús”
Marta Zubia Guinea
21h30
Assembleia-Geral da Associação Portuguesa de Teologias Feministas
15 de novembro
10h00
“Que expetativas de mudança?”
Alfreda Fonseca, Ana Vicente, António Marujo
11h45
Pausa para café
12h00
“Elisabeth Schussler Fiorenza: uma proposta de reforma da Igreja”
Fernanda Henriques, Teresa Toldy
15h00
Sessões paralelas
Sessão A
“Entre Mulheres: Gerir espaços – iniciar processos – gerar a vida” (Marijke de Koning)
“Uma Teóloga em Contexto - leitura feminista e poética de Teresa de Ávila” (Teresa Vasconcelos)
“Importância da Mulher na vida religiosa, do exemplo bíblico à reforma do século XII aos nossos dias: exemplos do passado, esperança para o presente futuro” (Edson Marques Oliveira)
“Uma Papisa para o século XXI. Formulando alternativas ao Papado através do cinema” (Júlia Garraio)
Sessão B
“Voz e vez ao empoderamento das mulheres em lugares de decisão da Igreja Católica: a emergência de novos olhares, saberes e epistemologias construídas a partir do ‘feminino’” (Rosana Patane)
“Que el genio femenino no suponga una amable exclusión” (Roser Solè Besteiro)
“A revolução da misericórdia: ganhar perdendo” (Carlos João Diogo)
“A nudez como poder” (João Diogo)
“Igualdade nas diferenças: estratégias e rearranjos de gênero nas igrejas neopentecostais brasileiras” (Celso Gabatz)
16h30
Pausa
17h00
Apresentação do livro do III Colóquio Internacional de Teologias Feministas
17h30
“Transformation and the virtue of ambivalence”
Maaike de Haardt
19h00
Encerramento do colóquio
Trad. / edição: Rui Jorge Martins
/span>