A atriz e cantora Inês Herédia começou a compreender que o mundo artístico e a fé cristã são realidades conciliáveis ao ler a Carta aos Artistas, do papa S. João Paulo II, e participar no musical "Wojtyla".
Em entrevista publicada hoje no semanário "Igreja Viva", a finalista do concurso "Ídolos" em 2012 recorda que a preparação do espectáculo e a interpretação do seu papel provocaram uma mudança na forma como olhava para a fé e para a religião: «Acho que essa foi a maior diferença, foi a coisa mais fraturante na minha vida».
«Primeiro lemos a Carta aos Artistas que o papa João Paulo II escreveu, e esse casamento da arte com a fé era uma coisa que eu nunca tinha feito antes, que não achava possível», explicou.
«Hoje em dia ainda é giro perceber - perceber mas que para mim ainda hoje não é uma coisa totalmente inteligível - como é que as duas coisas estão intimamente ligadas. Para mim foi um estalo na cara todos os dias», acrescentou.
Quando decidiu ser acompanhada para discernir a vocação, Inês Herédia experimentou a tensão interior e a dúvida: «Só pensava: "Eu estou a dar a importância errada ao palco, estou aqui à procura de uma coisa que só tenho da fé, que só a fé é que me dá, que só Deus é que me dá, só o sacrário é que me dá"».
«Andei numa luta muito grande entre arte e fé - "eu estou a dar o peso errado a isto, eu estou a dar o peso errado àquilo" -, estava sempre a balancear e depois apercebi-me de que os dois podem ser a mesma coisa. Foi um crescimento enorme em termos espirituais», realçou.
Inês Herédia estudou artes performativas e teatro, em Portugal e Inglaterra, e participou em musicais de Filipe La Féria, depois de se ter estreado nos musicais com "Wojtyla", apelido do papa polaco.
«Acho que ainda hoje estou a colher sementes, e vou estar sempre a colher sementes do que o "Wojtyla" fez na minha vida. Primeiro porque era um projeto muito despretensioso, eram histórias reais de pessoas que se tinham cruzado com o papa João Paulo II ao longo da vida, mas aquelas histórias eram nossas. De alguma maneira cada história falava sobre a nossa história de conversão também, e então era como se não estivéssemos a representar», afirmou.
Inês Herédia está hoje mais ocupada com a música, embora o seu coração esteja no teatro. Mas seja o que a vida trouxer, a referência a "Wojtyla" é indelével: «Mudou a minha vida, porque percebi: "Eu posso fazer isto, eu sei que tenho talento, sei que posso fazer isto, não tenho que fazer projetos artísticos que comprometam os meus valores"».
Rui Jorge Martins