«O decano da arquitetura paisagística em Portugal», Gonçalo Ribeiro Teles, vai ser homenageado pela Câmara Municipal de Lisboa nesta sexta-feira, 26 de junho, em evento que contará com a presença do cardeal-patriarca, D. Manuel Clemente.
A sessão, para a qual está anunciada a presença do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, António Costa, coincidirá com a inauguração da exposição “O Mester da Paisagem”, patente na igreja de S. José dos Carpinteiros e na Casa dos 24, anuncia um comunicado da autarquia enviado ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
«A Casa dos 24 foi fundada em 1383, e foi a primeira assembleia municipal com poder deliberativo, onde tinham lugar dois representantes de cada uma das corporações ou ofícios da cidade», assinala a nota.
Tanto a igreja como a casa, «propriedade da Irmandade de São José dos Carpinteiros», foram reabilitadas pela Edilidade, que agendou a homenagem para as 18h30, inserindo-a na programação da Capital Verde Europeia 2020.
Gonçalo Ribeiro Teles, membro e ex-juíz-presidente da secular irmandade «que corporizava e reunia tudo o que dizia respeito ao ofício (mester) de carpinteiro, é o “Mester da Paisagem” e o alvo desta homenagem que percorre a sua obra e mestria de pensar e trabalhar a paisagem», assinala o Município.
Com 98 anos, completados a 25 de maio, o ex-deputado e ministro de Estado e da Qualidade de Vida é responsável pela legislação fundadora da Política de Ambiente, em que se destacam a Reserva Agrícola Nacional e a Reserva Ecológica Nacional.
Foi co-fundador, em 1975, do curso de Planeamento Biofísico, que em 1981 se transformaria na licenciatura em Arquitetura Paisagista da Universidade de Évora, instituição de que foi professor catedrático, e que lhe atribuiu o grau de doutor "honoris causa".
«As lutas que travou ao longo da vida marcaram a sociedade portuguesa e foram testemunho do pensador e do técnico que estava em regra à frente do seu tempo. Considerado utópico quando há mais de 50 anos se batia pelas hortas urbanas de Lisboa, elas são hoje um sinal da modernidade municipal adaptada à ecologia global», sublinhou o jornal “Público” no dia do seu 98.º aniversário.
Fernando Santos Pessoa, arquiteto paisagista que assina o artigo, acentua que «não abundam em Portugal muitas personalidades com a dignidade, a sabedoria e a humildade inata do Gonçalo Ribeiro Telles, cuja vida foi sempre um empenho contínuo em prol da beleza, da integridade do Homem e da Natureza, da liberdade e da cidadania», pelo que o país «terá sempre para com ele uma enorme dívida de gratidão».
Gonçalo Ribeiro Teles lutou pela democracia antes e depois do 25 de Abril de 1974, tendo sido agraciado com o grau de oficial da Ordem Militar de Sant’Iago (1969), grã-cruz da Ordem Militar de Cristo (1988), grã-cruz da Ordem da Liberdade (1990), grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2017), além de outras distinções no estrangeiro.