/head Capela de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face | Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura

Capela de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face

A capela de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, em Hem, próximo de Roubaix, no norte da França, constitui uma extraordinária testemunha da renovação da arte sacra no final dos anos 1950.

Nascida da vontade do mecenas e industrial Philippe Leclercq (1899-1980), é um exemplo raro de arte total num espaço que permanece íntimo. O P. Renaud Wittouck, sacerdote da diocese de Lille, capelão dos artistas e da capela, fala sobre a relação que ela evidencia entre arte e espiritualidade.



Imagem D.R.

Imagem D.R.

Imagem D.R.

«Quando me paramento com uma casula de Alfred Manessier [1911-1993], as pessoas – é mais forte que elas – aproximam-se para ver e tocar. “É belo”: dizem tudo quando dizem isso. Os paramentos litúrgicos são verdadeiras obras de arte, mas quanto revestem um padre para a celebração da missa, tornam-se vivos, se se pode dizer, animam-se, a sua alma desperta. Ainda mais por terem sido criados para estes espaços. A harmonia das cores e das formas torna-se palpável.»

«As pessoas que entram na capela ficam imediatamente impressionadas pela “Santa Face” de Georges Rouault [1871-1958], com o olhar de Cristo pousado sobre elas. (…) O que me parece importante dizer é que o rosto de Cristo sofredor, simultaneamente terno e misericordioso, está no centro da fé dos cristãos, como está no centro da capela, e como esteve no centro da vida de Santa Teresa de Lisieux. De cada vez que entro na capela, sou tocado pelo olhar de amor e de compaixão de Cristo, que me incita ao recolhimento e à oração.»



Imagem D.R.

Imagem D.R.

Imagem D.R.

«A imagem-relicário de Eugène Dodeigne [1923-2015] não foi imediatamente acolhida pelos fiéis. Ela chegou mesmo a parecer “escandalosa” a alguns aquando da sua apresentação. Mas acredito que depois ela soube conquistar os corações pela pureza da sua forma. Talvez seja preciso olhá-la de perfil: é Teresa que reza connosco. Além disso, a sua presença torna-se ainda mais concreta graças à relíquia que a escultura contém. (…) Este gesto de veneração dos santos, que consiste em beijar as suas relíquias perde-se atualmente. Ele fala da nossa admiração pelas grandes testemunhas da fé, e também do nosso desejo de seguir as suas pegadas. Hoje os fiéis honram Santa Teresa depositando flores aos seus pés.»



Imagem D.R.

Imagem D.R.

Imagem D.R.

«O que Manessier quis representar também na parede em vitral foi a vida no Carmelo, onde Teresa cumpriu a sua vocação: acolher o amor de Deus e dá-lo a conhecer a todos. No entanto, o tempo será curto, dado que ela morrerá a 30 de setembro de 1897 [24 anos]. Com o jogo das cores e a sua simbólica, Manessier soube tornar presentes essas dimensões da vida de Teresa: à direita, o branco da infância; ao centro, com os azuis e vermelhos, a humildade do claustro e o sofrimento da doença; por fim, à esquerda, o resplandecimento de Teresa no Céu. Ela, então, afirmou: “Não morro, entro na vida”.»


Imagem D.R.

Imagem D.R.

Imagem D.R.

«Hermann Baur [1894-1980], o arquiteto da capela [inaugurada em 1958, antes da reforma litúrgica originada pelo concílio Vaticano II (1962-1965)] realizou uma obra inovadora, em avanço às mudanças que os bispos reunidos no concílio por iniciativa do papa João XXIII promoveram. Por exemplo, o altar está colocado a uma certa distância da parede, de tal maneira que se pode dar a volta a ele, e portanto celebrar voltado para o povo reunido. Ainda que os fiéis não se possam reunir em torno do altar e formar uma assembleia verdadeiramente envolvente, os bancos estão dispostos em V, sobre um plano ligeiramente inclinado, de maneira que todos estão orientados para o altar, que é o centro para o qual converge toda a atenção. A proximidade existente entre os fiéis e o presidente cria um ambiente muito familiar e facilita a boa participação de todos. Foi uma das recomendações principais dos Padres do concílio: que as pessoas não sejam simples espetadores estranhos à ação litúrgica nem fiquem mudos.»


Imagem D.R.

Imagem D.R.

Imagem D.R.

«Para mim, o artista é também um profeta. Ele sente as coisas antes dos outros, arriscando-se a ser incompreendido. Por exemplo, como estou sempre a dizer, ele pode ajudar a tomar consciência dos perigos que a Terra corre. A sua arte deve também ser algo de gratuito; deve fazê-la frutificar e partilhar.»

«O rosto de Cristo sobre o altar é o rosto do Amor que perdoa. A parede de luz fala-nos também do caminho da fé, que nos faz passar por sombras e luzes, provações e alegrias.»


Imagem D.R.

Imagem D.R.

 

In Narthex
Trad.: Rui Jorge Martins
Imagem: D.R.
Publicado em 07.10.2023

 

 
Relacionados
Destaque
Pastoral da Cultura
Vemos, ouvimos e lemos
Perspetivas
Papa Francisco
Impressão digital
Paisagens
Prémio Árvore da Vida
Vídeos