Fé e cultura
Bento XVI recebeu e elogiou artistas itinerantes
Bento XVI recebeu este sábado os participantes na peregrinação dos artistas e agentes do «espectáculo viajante», promovida no âmbito do Ano da Fé, que a Igreja Católica está a assinalar até 24 de novembro de 2013.
Milhares de circenses, profissionais de feiras de diversões, manipuladores de fantoches, músicos, grupos folclóricos e pintores de rua, entre outros, marcaram presença no encontro.
No discurso que proferiu depois de acariciar duas crias de leão, o papa afirmou que «a alegria dos espectáculos, o gozo recreativo do jogo, a graça das coreografias e o ritmo da música constituem um caminho imediato de comunicação para o diálogo com pequenos e grandes, suscitando sentimentos de serenidade, alegria e concórdia».
«Com a variedade das vossas profissões e a originalidade das exibições, sabeis espantar e maravilhar, oferecendo ocasiões de festa e de divertimento são», sublinhou Bento XVI depois de ouvir testemunhos de artistas e assistir à atuação de dois grupos.
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O papa disse aos participantes que são chamados a manifestar «os valores» que fazem parte da sua «tradição», como «o amor pela família, o cuidado pelos mais pequenos, a atenção aos deficientes, a cura dos doentes, a valorização dos idosos e do seu património de experiência».
«No vosso ambiente conserva-se vivo o diálogo entre as gerações, o sentido da amizade, o gosto do trabalho em equipa», a par do «acolhimento e hospitalidade», salientou.
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Para Bento XV o trabalho dos artistas itinerantes «requer renúncia e sacrifício, responsabilidade e perseverança, coragem e generosidade, virtudes que a sociedade contemporânea nem sempre aprecia» mas que contribuíram para formar várias gerações no seio destas comunidades.
A escolarização das crianças, a procura de espaços apropriados para os espectáculos, as permissões legais para as exibições e as autorizações para a permanência de estrangeiros foram algumas das dificuldades das comunidades artísticas nómadas lembradas pelo papa.
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«Ao mesmo tempo que desejo que a administração pública, reconhecendo a função social e cultural do espectáculo viajante, se empenhe pela tutela da vossa atividade profissional, encorajo-vos e encorajo a sociedade a superar todos os preconceitos e a procurar sempre uma boa inserção nas realidades locais», disse Bento XVI.
Segundo o papa «a dignidade» de cada pessoa «exprime-se também no exercício honesto» da profissão e na «gratuitidade que permite não deixar-se determinar por vantagens economicistas».
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«Também entre vós, ao mesmo tempo que tomais atenção à qualidade das vossas realizações e espectáculos, não deixeis de velar para que, com os valores do Evangelho, possais continuar a oferecer às jovens gerações a esperança e o encorajamento de que necessitam, sobretudo no que se refere às dificuldades da vida, às tentações da desconfiança, do fechamento em si próprio e do pessimismo, que impedem de colher a beleza da existência», pediu.
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Depois de referir que a itinerância não permite a pertença estável a uma comunidade paroquial e a participação nas celebrações e atividades catequéticas, Bento XVI desejou que os artistas encontrem na Igreja «pessoas acolhedoras e disponíveis» capazes de ir ao encontro das suas «necessidades espirituais».
«Não esqueceis, porém, que a família é o caminho principal para a transmissão da fé, a pequena Igreja doméstica chamada a dar a conhecer Jesus e o seu Evangelho e a educar segundo a lei de Deus», realçou.
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«Ao assegurar-vos a proximidade da Igreja, que partilha o vosso caminho, confio-vos a todos à Santa Virgem Maria, a "estrela do caminho", que com a sua materna presença nos acompanha em todos os momentos da vida», disse o papa ao terminar o discurso, antes de proferir as saudações finais em várias línguas.
A audiência do papa foi antecedida por um cortejo de sete mil artistas e 500 membros de bandas musicais até à praça de S. Pedro, no Vaticano, onde foi montado um carrossel e uma tenda de circo.
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Rui Jorge Martins
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02.12.12