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Ambiente: Aquecimento global de 1,5 graus é limiar moral e religioso

Limitar o aumento do aquecimento global a 1,5 graus Celsius não é só um imperativo físico, mas também «moral» e «religioso», considera o responsável pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano, em texto publicado hoje, data em que se assinala o quarto aniversário da encíclica “Laudato si’”, que o papa Francisco dedicou ao «cuidado da casa comum».

«O limiar de 1,5 graus Celsius é um limiar físico crítico, enquanto permitiria ainda evitar muitos impactos destrutivos das alterações climáticas causadas pelo ser humano», acentua o cardeal ganês Peter Turkson, lembrando que o aumento de 1 grau, na sequência da revolução industrial, tem causado «grave impacto nas pessoas, em termos de condições meteorológicas extremas, como seca, inundações, aumento do nível do mar, tempestades devastadores e incêndios violentos». Por isso, a urgência climática «não poderia ser maior».

O prelado acentua que o aumento de 1,5 graus é também «um limiar moral», dado que se trata «da última possibilidade de salvar todos aqueles países e os muitos milhões de pessoas vulneráveis que se encontram nas regiões costeiras» e reitera que «são os pobres a pagar o preço mais alto das alterações climáticas».



Na Jornada Mundial da Juventude realizada em janeiro, no Panamá, «os jovens lançaram a “Geração Laudato si’” e publicaram um poderoso manifesto, que desafia as comunidades de fé e a sociedade civil a uma conversão ecológica radical»



Ao mesmo tempo, continua o texto, o limite de 1,5 graus é igualmente «um limiar religioso», porque o mundo que está a ser destruído «é o dom de Deus à humanidade». As sociedades ocidentais têm muito a aprender dos «irmãos e irmãs indígenas», para quem «a Terra não é um bem económico», mas uma oferta divina, como refere a encíclica.

Para o cardeal Turkson, «o apelo alarmante dos cientistas para agir» é também «apoiado por um apelo muito poderoso que chega das novas gerações, cujo futuro está ameaçado», existindo «um ativo movimento» de estudantes «que se levanta em todo o mundo», como acontece esta sexta-feira, em mais de 110 países, incluindo cerca de três dezenas de localidades portuguesas, com uma greve de alunos em defesa do planeta, inspirada pelas ideias da jovem ativista sueca Greta Thunberg.

O conselheiro do papa recorda que na Jornada Mundial da Juventude realizada em janeiro, no Panamá, «os jovens lançaram a “Geração Laudato si’” e publicaram um poderoso manifesto, que desafia as comunidades de fé e a sociedade civil a uma conversão ecológica radical». E sublinha: «Nos últimos meses, os jovens tornam-se cada vez mais explícitos», e a «sua frustração e raiva com a nossa geração é óbvia».



«Cada um de nós é chamado a agir. Mas temos também de entrar em ação em conjunto, a partir dos governos e das instituições até às famílias e às pessoas: precisamos de todos os braços disponíveis» para «derrotar os poderosos interesses» que impedem uma «resposta coletiva significativa» a uma «ameaça sem precedentes»



«Todos devemos concretizar uma mudança radical do nosso estilo de vida, do uso da energia, dos consumos, do transporte, da produção industrial, da construção civil, da agricultura, etc. Cada um de nós é chamado a agir. Mas temos também de entrar em ação em conjunto, a partir dos governos e das instituições até às famílias e às pessoas: precisamos de todos os braços disponíveis» para «derrotar os poderosos interesses» que impedem uma «resposta coletiva significativa» a uma «ameaça sem precedentes», frisa D. Turkson.

Esta movimentação popular, em particular dos jovens, pode contribuir para que os líderes mundiais que vão participar na cimeira da ONU sobre o clima, em setembro, produzam «sólidos planeamentos nacionais para a aplicação do Acordo de Paris, sobretudo os países mais poderosos e mais poluidores».

«Para enfrentar esta crise climática alarmante, é preciso mobilizar vontades e decisões, bem como recursos económicos em vasta escala. Foi o que aconteceu por ocasião da crise financeira de 2007-2008 para salvar os bancos: não é possível refazê-lo agora para salvar a nossa casa comum, o futuro dos nossos filhos e das gerações futuras?», questiona.

O cardeal Turkson realça que ainda há «muita esperança, há ainda tempo para agir e evitar os piores efeitos das alterações climáticas».



 

Rui Jorge Martins
Fonte: Sala de Imprensa da Santa Sé
Imagem: yelantsevv/Bigstock.com
Publicado em 24.05.2019

 

 

 
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