“Adam”, realizado pela cineasta marroquina Maryam Touzani, foi o primeiro filme distinguido pelo prémio “Croire au cinema” (Crer no cinema), instituído para destacar uma longa-metragem distribuída em França no ano anterior.
A obra, escolhida pelas suas qualidades artísticas e dimensão espiritual ou cristã, narra a história de Abla e Samia, num bairro popular de Casablanca, foi estreada em Portugal no mês de agosto, depois de, em 2019, ter integrado a secção “Un certain regard”, no festival de Cannes.
«Abla é uma mulher viúva que vive sozinha com a filha de 8 anos, Warda, numa casa modesta em Casablanca. A partir de casa, Abla gere uma pequena padaria. A sua rotina, que varia entre as lides domésticas, os afazeres na padaria e os trabalhos da escola, é interrompida quando Samia, uma jovem solteira e grávida, lhes bate à porta de casa», lê-se na sinopse apresentada pela distribuidora, Leopardo Filmes.
"Adam" | D.R.
Os jurados salientam que o encontro «entre uma mulher que carrega o luto e outra que carrega a vida é totalmente contado em nuances e em delicadeza, através de um magnífico trabalho de iluminação».
Esta primeira longa-metragem de Maryam Touzan «celebra a graça do quotidiano mediante os gestos intemporais da preparação dos bolos. E é no acolhimento ao outro e na aceitação do desconhecido que se abrem à sua humanidade comum», refere o júri.
"Adam" (1h40, M/12), candidato de Marrocos a uma nomeação na categoria da Melhor Filme Internacional nos Óscares de 2020, é, para a distribuidora portuguesa, uma «comovente, fascinante e urgente história de amizade e emancipação feminina», que pretende, segundo a realizadora, «dar voz às mulheres, filmar a sua condição humana e social».
«Senti uma urgência em escrever e contar essa história ao tornar-me mãe. A história dela veio com as minhas próprias feridas, a minha experiência com a perda, a angústia que se pode sentir, a negação, a dor não resolvida. No entanto, também havia a minha alegria de ser mãe. É assim que Adam começou a tomar forma», lê-se na nota de intenções da obra.
Criado pela associação SIGNIS, em parceria com quatro órgãos de comunicação católicos franceses, o galardão, que será entregue em Paris assim que as condições sanitárias o permitirem, tem como objetivos «apoiar a criação cinematográfica como lugar de abertura ao mundo e aos outros, e abrir à reflexão e ao diálogo sobre as preocupações atuais».