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«A misericórdia não é uma palavra abstrata, mas um estilo de vida», sublinha papa

Imagem O bom samaritano (det.) | Ferdinand Hodler | 1885 | Kunsthaus Zurique, Suíça

«A misericórdia não é uma palavra abstrata, mas um estilo de vida», sublinha papa

O papa vincou hoje, no Vaticano, que é preciso «nunca esquecer que a misericórdia não é uma palavra abstrata, mas um estilo de vida», pelo que «uma coisa é falar de misericórdia, outra é viver a misericórdia».

As palavras de Francisco foram proferidas na Praça de S. Pedro, durante a última audiência do Jubileu da Misericórdia antes do descanso de verão, durante o qual serão também suspensas as audiências semanais das quartas-feiras.

Depois de parafrasear o apóstolo Tiago no seu livro bíblico, afirmando que «a misericórdia sem as obras é morta em si mesma», o papa acentuou que ela «tem olhos para ver, ouvidos para escutar, mãos para reerguer».

«O que torna viva a misericórdia é o seu constante dinamismo para ir ao encontro dos necessitados e das necessidades de quantos estão na pobreza espiritual e material», afirmou.

Para Francisco, a vida de cada dia permite «tocar com a mão muitas exigências que dizem respeito às pessoas mais pobres e mais provadas»: «A nós é pedida aquela atenção particular que nos leva a nos darmos conta do estado de sofrimento e carência em que jazem muitos irmãos e irmãs».

«Às vezes passamos diante de situações de dramática pobreza e parece que não nos tocam; tudo continua como se nada fosse, numa indiferença que no fim de contas nos torna hipócritas e, sem que nos apercebamos, desemboca numa forma de letargia espiritual que torna insensível o espírito e estéril a vida», apontou.

Após reiterar a frase «quem não vive para servir, não serve para viver», o papa mencionou a «misericórdia de Deus» para com cada pessoa e evocou, «da mesma maneira», os rostos que a ela lhe pedem misericórdia.

«Quem experimentou na própria vida a misericórdia do Pai não pode permanecer insensível diante da necessidade dos irmãos», frisou Francisco, que evocou uma o Evangelho segundo S. Mateus (25, 35-36): «Tive fome e destes-me de comer; tinha sede e destes-me de beber; estava nu, era refugiado, doente, na prisão e assististe-me».

«Não se pode hesitar diante de uma pessoa que tem fome: é preciso dar-lhe de comer. Jesus diz-nos isto. As obras de misericórdia não são temas teóricos, mas testemunhos concretos. Obrigam a arregaçar as mangas para aliviar o sofrimento», acrescentou.

Perante a multiplicação de «pobrezas materiais e espirituais», a Igreja é chamada a dar «espaço à fantasia da caridade para individuar novas modalidades operativas», para que «a via da misericórdia se torne cada vez mais concreta».

«A nós, portanto, é pedido que permaneçamos vigilantes como sentinelas, para que não aconteça que, diante das pobrezas produzidas pela cultura do bem-estar, o olhar dos cristãos se turve e se torne incapaz de ver o essencial», alertou Francisco.

De improviso, realçou: «Ver o essencial: o que significa? Ver Jesus, olhar Jesus no faminto, no recluso, no doente, no despido, naquele que não tem trabalho e deve levar por diante uma família. Ver Jesus nestes irmãos e irmãs nossas; ver Jesus naquele que está sozinho, triste, naquele que erra e que tem necessidade de conselho, naquele que tem necessidade de fazer caminho com Ele em silêncio para que se sinta em companhia. Estas são as obras que Jesus nos pede: olhar Jesus nessas pessoas, porquê? Porque Jesus a mim, a todos nós, nos olha assim».

Francisco também recordou a sua recente visita à Arménia, «a primeira nação a ter abraçado o cristianismo, no início do séc. IV» e «um povo que, no decorrer da sua longa história, testemunhou a fé cristã com o martírio».

A intervenção do papa incluiu, igualmente, o lançamento da sua próxima viagem internacional, à Geórgia e ao Azerbaijão, de 30 de setembro a 2 de outubro, que tem o propósito de «valorizar as antigas raízes cristãs presentes naquelas terras, sempre em espírito de diálogo com as outras religiões e culturas» e, ao mesmo tempo, «encorajar esperanças e sentimentos de paz».

«A história ensina-nos que o caminho da paz requer uma grande tenacidade e passos contínuos, começando pelos pequenos e, aos poucos, fazendo-os crescer, indo um ao encontro do outro», apontou.

Como cristãos, somos chamados a reforçar entre nós a comunhão fraterna, para dar testemunho do Evangelho de Cristo e para ser fermento de uma sociedade mais justa e solidária. Por isso toda a visita é partilhada com o supremo patriarca da Igreja Apostólica Arménia, que fraternalmente me hospedou na sua casa durante três dias», concluiu Francisco.

Após a catequese, o papa dirigiu-se, como habitualmente, a peregrinos de várias nacionalidades; nas palavras aos fiéis lusófonos, Francisco saudou «os professores e alunos de Guimarães e de Viseu», a quem encorajou a nunca se cansarem de «servir as pessoas necessitadas, como verdadeiras testemunhas da misericórdia no mundo».

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 30.06.2016

 

 
Imagem O bom samaritano (det.) | Ferdinand Hodler | 1885 | Kunsthaus Zurique, Suíça
«Não se pode hesitar diante de uma pessoa que tem fome: é preciso dar-lhe de comer. Jesus diz-nos isto. As obras de misericórdia não são temas teóricos, mas testemunhos concretos. Obrigam a arregaçar as mangas para aliviar o sofrimento»
«Ver o essencial: o que significa? Ver Jesus, olhar Jesus no faminto, no recluso, no doente, no despido, naquele que não tem trabalho e deve levar por diante uma família. Ver Jesus nestes irmãos e irmãs nossas; ver Jesus naquele que está sozinho, triste, naquele que erra e que tem necessidade de conselho, naquele que tem necessidade de fazer caminho com Ele em silêncio para que se sinta em companhia. Estas são as obras que Jesus nos pede: olhar Jesus nessas pessoas, porquê? Porque Jesus a mim, a todos nós, nos olha assim»

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