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A Igreja é um tapete que Deus tece com fios de mil cores tingidos de sangue: Papa aos católicos no Iraque

Do local para o universal: como tem acontecido nas suas viagens, o papa dirige-se à especificidade religiosa, cultural e histórica das comunidades que visita, transmitindo-lhe ideias e imagens que se ajustam à sua realidade, mas que podem ser lidas e refletidas por toda a Igreja católica. Foi o que aconteceu hoje, em Bagdade, nas palavras que dirigiu a bispos, sacerdotes, religiosos, seminaristas e catequistas, a concluir o programa do primeiro dia de viagem ao Iraque, que se prolonga até segunda-feira.

«As diversas Igrejas presentes no Iraque, cada uma com o seu secular património histórico, litúrgico e espiritual, são como muitos fios individuais coloridos que, entretecidos conjuntamente, compõe, um único e belíssimo tapete, que não só atesta a nossa fraternidade, mas reenvia para a sua fonte. Porque o próprio Deus é o artista que idealizou este tapete, que o tece com paciência e o remenda com cuidado, querendo-nos sempre entre nós bem entretecidos, como seus filhos e filhas», assinalou.

O testemunho de fé, pago não raras vezes com a vida, esteve presente no local do encontro, onde há dez anos um atentado terrorista vitimou vários fiéis, «cuja causa de beatificação está em curso»: «Estamos reunidos nesta catedral de Nossa Senhora da Salvação, abençoados pelo sangue dos nossos irmãos e irmãs que pagaram o preço extremo da sua fidelidade ao Senhor e à sua Igreja».

«Possa a recordação do seu sacrifício inspirar-nos a renovar a nossa confiança na força da cruz e da sua mensagem salvadora de perdão, reconciliação e renascimento. O cristão, com efeito, é chamado a testemunhar o amor de Cristo em todo o lado e em todo o tempo. Este é o Evangelho a proclamar e a incarnar», acentuou.




«Nunca esqueçamos que Cristo é sobretudo anunciado pelo testemunho de vidas transformadas pela alegria do Evangelho. Como vemos a partir da antiga história da Igreja nestas terras, uma fé viva em Jesus é “contagiosa”, pode mudar o mundo»



Francisco evocou igualmente «todas as vítimas de violências e perseguições, pertencentes a seja qual for a comunidade religiosa», e antecipou que no sábado vai encontrar-se com líderes das tradições religiosas presentes no Iraque, para proclamar «mais uma vez» a «convicção de que a religião deve servir a causa da paz e da unidade entre todos os filhos de Deus».

Os católicos podem «facilmente ser contagiados pelo vírus do desencorajamento», para o qual Deus providencia «uma vacina eficaz», a «esperança, que nasce da oração perseverante e da fidelidade quotidiana», convertendo os fiéis em «sinais vivos da presença do Reino de Deus», que se concretiza em «santidade», «justiça» e «paz».

«Nunca esqueçamos que Cristo é sobretudo anunciado pelo testemunho de vidas transformadas pela alegria do Evangelho. Como vemos a partir da antiga história da Igreja nestas terras, uma fé viva em Jesus é “contagiosa”, pode mudar o mundo», frisou.

Aos bispos, Francisco vincou a necessidade de estarem «próximos» do povo e dos sacerdotes, para que estes não os vejam como «administradores ou gestores, mas como pais, preocupados para que os filhos estejam bem, prontos a oferecer-lhes o seu apoio e encorajamento de coração aberto», num acompanhamento feito de «oração», «tempo» e «paciência».



«Sede pastores, servidores do povo, e não funcionários de Estado, clero de Estado. Sempre no povo de Deus, nunca afastados como se fosseis uma classe privilegiada. Não renegueis esta “estirpe” nobre é o santo povo de Deus»



Dirigindo-se aos padres, o papa salientou que o apostolado constrói-se sobretudo fora da igreja: «Sabemos que o nosso serviço comporta também uma componente administrativa, mas isto não significa que tenhamos de passar todo o nosso tempo em reuniões ou atrás de uma secretária. É importante sair para o meio do nosso rebanho e oferecer a nossa presença e o nosso acompanhamento aos fiéis».

«Sede pastores, servidores do povo, e não funcionários de Estado, clero de Estado. Sempre no povo de Deus, nunca afastados como se fosseis uma classe privilegiada. Não renegueis esta “estirpe” nobre é o santo povo de Deus», apontou.

Depois de agradecer a todas as pessoas que trabalham pela paz, cristãos e crentes de outras tradições religiosas, que semeiam «sementes de reconciliação e convivência fraterna», o papa realçou que os jovens e os idosos são «a ponta de diamante» do país, «os frutos mais saborosos da árvore»: «Cabe-nos cultivá-los no bem e irrigá-los de esperança».

No livro de honra da catedral, Francisco escreveu a seguinte mensagem: «Penitente e peregrino de fé e paz no Iraque, de Deus imploro para este povo, com a intercessão da Virgem Maria, a força para reconstruirem juntos o país na fraternidade».

O programa do segundo dia da visita do papa começa às 4h45 (hora de Lisboa, mais três no Iraque), com a partida, de avião, para Najaf, cidade onde se encontra com o grande aiatóla Sayyd Ali Al-Husayni (6h00). Segue-se novo trajeto aéreo, rumo a Nassiriya, onde tem um encontro religioso junto do planalto de Ur (8h10), evocando a figura de Abraão, associado à génese do judaísmo, cristianismo e islão. De regresso a Bagdade, Francisco preside à missa na catedral caldeia de S. José (15h00).



Imagem Mapa da visita do papa Francisco ao Iraque | 5-8.3.2021

 

Rui Jorge Martins
Fonte: Sala de Imprensa da Santa Sé
Imagem: ChiccoDodiFC/Bigstock.com
Publicado em 05.03.2021 | Atualizado em 06.03.2021

 

 

 
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