Jornais, museus, escolas, livros, editoras, igrejas, arquitetura, obras de arte: são múltiplos os exemplos que levam o P. Tiago Freitas, diretor do Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese de Braga, a considerar que «a cultura sempre esteve presente na Igreja», e a revelar os planos para a abertura de um “Quarteirão Cultural” na “cidade dos arcebispos”.
«Sempre fez parte da própria Igreja ser um promotor cultural e não há razão nenhuma para deixar de o ser», frisou o chefe de gabinete do arcebispo primaz em entrevista publicada hoje no “Igreja Viva”, suplemento semanal do “Diário do Minho”.
O responsável considera que a cultura integra o «ADN da Igreja» porque, «desde os primórdios (…) motivou, patrocinou, pagou a grandes artistas para produzirem obras de temática religiosa, e ainda hoje o faz».
«Como promotor de arte, a Igreja sempre o foi, e encontra na arte um modo de veicular os seus valores. E os valores é que, depois, geram cultura», defende o autor dos livros “Colégio de paróquias - A paróquia em tempos de mobilidade”.
O cristianismo torna mais valiosa as comunidades e países onde chega: «Seríamos uma sociedade mais pobre se a Igreja deixasse de produzir arte e de fazer cultura, porque os valores que veicula são valores universais, da inclusão, da paixão pela arte, pela leitura... São valores universais, que toda a gente, independentemente da sua fé, deve abraçá-los, porque são valores positivos».
«De modo concreto, a Arquidiocese, na sua história, sempre foi um promotor cultural», como se comprova pelos organismos da Igreja ligados à comunicação social, educação, arquivística, e também no domínio do apoio social, expressão da compaixão pelo ser humano que tem como paradigma a parábola bíblica do bom samaritano.
O P. Tiago Freitas lembra que «faz parte da história da Arquidiocese de Braga uma aposta na cultura, sem esquecer as imensas atividades que se fazem ao longo do ano – o lançamento de exposições, de livros, conferências, sessões de cinema, de música».
O maior desafio para a Igreja no diálogo e inserção na cultura é, de acordo com o responsável, «encontrar linguagens e modos, expressões de arte que correspondam às sensibilidades dos dias atuais».
A Igreja orgulha-se do seu passado nas variadas expressões artísticas, ao financiar e exibir obras que se tornaram intemporais, mas é preciso compaginar esse legado «com uma arte mais contemporânea».
«A nível do debate e da formação, eu creio que esse passo já foi dado, isto é, que a Igreja tem aprendido a arte do diálogo e da escuta, de dar a possibilidade de se expressar a quem tem uma visão diferente da Igreja. Sobretudo com essa atitude, a Igreja tem crescido e tem sabido adaptar-se. A nível mais artístico, nem sempre», embora haja exceções, por exemplo, no âmbito da arquitetura, com dois exemplos na arquidiocese, amplamente reconhecidos por especialistas internacionais, como as capelas Árvore da Vida e Imaculada.
Na entrevista, o P. Tiago Freitas revela planos para unir, arquitetonicamente, dois espaços que dirige, a Livraria e o Auditório Vita (neste caso renovando a fachada, para melhor dar a entender que se trata de um espaço com aptidão para receber espetáculos), a que se juntará um jardim.
«Acho que esse é um ponto forte no projeto: estarmos no centro da cidade com um espaço amplo, um espaço com luz, prazeroso, para quem quer até ler – não apenas comprar livros, mas também ler e com usufruto de um jardim», assinala.
Está também idealizada uma nova praça, em frente ao Auditório Vita, para dar mais segurança às pessoas que o frequentam, objetivo que depende do acordo com a Câmara Municipal.