Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura

"A alegria do amor" no cinema

Imagem Foto de Alex Litvin na Unsplash

"A alegria do amor" no cinema

«A alegria do amor que se vive nas famílias é também o júbilo da Igreja. Apesar dos numerosos sinais de crise no matrimónio – como foi observado pelos Padres sinodais – "o desejo de família permanece vivo, especialmente entre os jovens, e isto incentiva a Igreja". Como resposta a este anseio, «o anúncio cristão sobre a família é verdadeiramente uma boa notícia». É com estas palavras que o papa Francisco começa a exortação apostólica pós-sinodal "A alegria do amor".

À luz deste documento, recomendo um conjunto de filmes com o tema da família na sua diversidade, com as suas luzes, com as suas alegrias e desafios. São películas de diferentes géneros, épocas e nacionalidades. Algumas podem ser vistas com crianças (classificação A), outras são para adolescentes e adultos (classificação B). Convido a vê-las com abertura e com um olhar que quer reconhecer o humano que existe em cada história.

 

Os Croods
De Chris Sanders, Kirk DeMicco
EUA, 2013, 98 min.; classificação: A

Pré-História. Após a destruição do seu lar por um grande terramoto, Grug vê-se obrigado a emigrar com a sua família. Enquanto avançam por um mundo desconhecido e aterrador, encontram-se com um nómada de mente aberta que a todos deixa fascinados, sobretudo a filha de Grug.

No número 232 de "A alegria do amor" o papa aborda o tema das crises na família e escreve: «A história duma família está marcada por crises de todo o género [...]. Cada crise implica uma aprendizagem, que permite incrementar a intensidade da vida comum [...]. Cada crise esconde uma boa notícia, que é preciso saber escutar, afinando os ouvidos do coração».

Com um magnífico desenho dos personagens, com boas doses de humor e aventura, esta história ajuda a dirigir o olhar para a própria família, com as suas crises e terramotos, com os seus medos e esperanças.

 




 

Os incríveis
De Brad Bird
EUA, 2001, 115 min.; classificação: A

O filme conta a história de uma família de super-heróis composta por cinco membros: pai, mãe, filha adolescente, o filho do meio e um bebé. Pouco tempo depois de se conhecer os personagens, surge o conflito: a mãe obriga os filhos e o marido a manter em segredo os seus poderes, com o objetivo de se integrarem na sociedade e aparentar ser uma família normal. O pai, pelo contrário, desejo reviver os seus dias de glória e diz que nada deve fazer com que se envergonhem dos seus poderes. No meio de uma forte discussão, ouvimos a pretensão da filha adolescente: «Quero ser uma família normal... e não parecer uma família normal».

Com sequências de ação muito bem conseguidas, com claras referências a super-heróis conhecidos, este filme ajuda a refletir sobre a identidade e missão da família na sociedade.

 

 

Estamos todos bem
De Giuseppe Tornatore
Itália-França, 1990, 126 min.; classificação: B

Matteo Scuro (Marcello Mastrioanni), um funcionário rural já aposentado, decide percorrer a Itália para visitar os seus cinco filhos, que moram em diferentes cidades.

Com uma belíssima banda sonora de Ennio Morricone e a boa mão de Tornatore para tocar fibras íntimas, somos introduzidos na alma dos personagens com tudo o que há de amor e de entrega, de solidão e dor, de ilusão e desencanto.

Tenhamos presente as palavras do papa no último capítulo da exortação: «A presença do Senhor habita na família real e concreta, com todos os seus sofrimentos, lutas, alegrias e propósitos diários. Quando se vive em família, é difícil fingir e mentir, não podemos mostrar uma máscara» (n. 315).

Além das boas críticas, este filme obteve o prémio do Júri Ecuménico em Cannes, no ano de 1990.

 




 

A festa de Babette
De Gabriel Axel
Dinamarca, 1987, 102 min.; classificação: A

Um dos filmes favorito do papa Francisco. Deixemos que ele mesmo no-la recomende: «A alegria desse amor contemplativo tem de ser cultivada. Dado que estamos feitos para amar, sabemos que não há maior alegria do que um bem partilhado: "Dá e recebe, desfruta dele" (Ben Sirá 14, 16). As alegrias mais intensas da vida brotam quando se pode provocar a felicidade dos outros, numa antecipação do céu. Recordo a feliz cena do filme "A festa de Babette" em que a generosa cozinheira recebe um abraço agradecido e um elogio: "Como deleitarás os anjos!". É doce e reconfortante a alegria de provocar deleite nos outros, de os ver desfrutar. Esse gozo, efeito do amor fraterno, não é o da vaidade de quem se olha a si mesmo, mas do amante que se compraz no bem do ser amado, que se derrama no outro e se torna fecundo nele».

 




 

Kramer contra Kramer
De Robert Benton
EUA, 1979, 105 min.; classificação: B

O pai e esposo Ted Kramer (Dustin Hoffman) ama a sua família e o seu trabalho, onde passa a maior parte do tempo. Uma noite, ao regressar a casa, a esposa, Joanna (Meryl Streep) comunica-lhe a decisão de o abandonar, forçando-o a encarregar-se do filho de seis anos.

"Kramer contra Kramer" é um drama sem precedentes sobre a dor causada pelo divórcio e a luta para manter o equilíbrio entre o trabalho e a família.

Recordemos o que diz "A alegria do amor": «Tem-se de acolher e valorizar sobretudo a angústia daqueles que sofreram injustamente a separação, o divórcio ou o abandono, ou então foram obrigados, pelos maus-tratos do cônjuge, a romper a convivência. Não é fácil o perdão pela injustiça sofrida, mas constitui um caminho que a graça torna possível. Daí a necessidade duma pastoral da reconciliação e da mediação, inclusive através de centros de escuta especializados que se devem estabelecer nas dioceses» (n. 242).

 




 

A família Bélier
De Éric Lartigau
França, 2014, 105 min.; classificação: B

Todos os membros da família Bélier são surdos-mudos, exceto Paula, de 16 anos. Ela faz de intérprete para os seus pais, especialmente no que respeita ao funcionamento da quinta familiar. O conflito ocorre quando Paula, incentivada pelo seu professor de música, que descobriu o seu talento para o canto, pensa sair de casa para estudar.

Com uma boa mistura de comédia e drama, com música e letras realmente comovedoras, o filme realça muitos valores familiares, como o amor, a ternura, a comunicação e a ajuda mútua.

Podemos evocar aqui as palavras do papa na sua exortação: «As pessoas com deficiência são, para a família, um dom e uma oportunidade para crescer no amor, na ajuda recíproca e na unidade. (...) A família que aceita, com os olhos da fé, a presença de pessoas com deficiência poderá reconhecer e garantir a qualidade e o valor de cada vida, com as suas necessidades, os seus direitos e as suas oportunidades» (n. 47).

 




 

Terra de sonhos
De Jim Sheridan
EUA-Irlanda-Grã-Bretanha, 2003, 105 min.; classificação: B

O realizador conta a história de uma família de imigrantes irlandeses que viajam para os EUA em busca de melhores oportunidades de vida. Desde a fronteira percebemos a dor que atravessa esta família: o pai sem trabalho e com muito pouco dinheiro; a mãe com depressão; a filha adolescente que não diz palavra; e uma simpática criança de cinco anos. Todavia, é uma família a caminho, que sonha e se esforça por seguir em frente.

No n. 46 de "A alegria do amor" podemos ler: «As migrações «constituem outro sinal dos tempos, que deve ser enfrentado e compreendido com todo o seu peso de consequências sobre a vida familiar. [...] A Igreja desempenhou, neste campo, papel de primária grandeza. A necessidade de manter e desenvolver este testemunho evangélico (cf. Mt 25, 35) aparece hoje mais urgente do que nunca.».

 

 

Caminho para casa
De Lee Jeong Hyang 
Coreia do Sul, 2002, 85 min.; classificação: A

Sang-Woo, uma criança de sete anos, viveu na cidade desde que nasceu. Mas agora tem de ir para o campo e ficar com a avó, uma mulher surda-muda que guarda belos segredos no coração. Filme dedicado a todas as avós, que fala do amor incondicional, da ternura e da sabedoria dos idosos.

«Os idosos ajudam a perceber "a continuidade das gerações", com «o carisma de lançar uma ponte entre elas. Muitas vezes são os avós que asseguram a transmissão dos grandes valores aos seus netos, e «muitas pessoas podem constatar que devem a sua iniciação na vida cristã precisamente aos avós. As suas palavras, as suas carícias ou a simples presença ajudam as crianças a reconhecer que a história não começa com elas, que são herdeiras dum longo caminho e que é necessário respeitar o fundamento que as precede», escreve o papa Francisco no n. 192 de "A alegria do amor".

 

Sergio Guzmán
In "Signis"
Trad.: Rui Jorge Martins
Publicado em 29.05.2016 | Atualizado em 16.03.2023

 

 

 
Imagem Foto de Alex Litvin na Unsplash
«A história duma família está marcada por crises de todo o género [...]. Cada crise implica uma aprendizagem, que permite incrementar a intensidade da vida comum [...]. Cada crise esconde uma boa notícia, que é preciso saber escutar, afinando os ouvidos do coração»
«Tenhamos presente as palavras do papa no último capítulo da exortação: «A presença do Senhor habita na família real e concreta, com todos os seus sofrimentos, lutas, alegrias e propósitos diários. Quando se vive em família, é difícil fingir e mentir, não podemos mostrar uma máscara»
«Tem-se de acolher e valorizar sobretudo a angústia daqueles que sofreram injustamente a separação, o divórcio ou o abandono, ou então foram obrigados, pelos maus-tratos do cônjuge, a romper a convivência. Não é fácil o perdão pela injustiça sofrida, mas constitui um caminho que a graça torna possível»
«As pessoas com deficiência são, para a família, um dom e uma oportunidade para crescer no amor, na ajuda recíproca e na unidade»
«As migrações «constituem outro sinal dos tempos, que deve ser enfrentado e compreendido com todo o seu peso de consequências sobre a vida familiar»
«Os idosos ajudam a perceber "a continuidade das gerações", com «o carisma de lançar uma ponte entre elas. Muitas vezes são os avós que asseguram a transmissão dos grandes valores aos seus netos, e «muitas pessoas podem constatar que devem a sua iniciação na vida cristã precisamente aos avós»
Relacionados
Destaque
Pastoral da Cultura
Vemos, ouvimos e lemos
Perspetivas
Papa Francisco
Teologia e beleza
Impressão digital
Pedras angulares
Paisagens
Umbrais
Evangelho
Vídeos