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Pai-nosso é oração audaz que abate o medo na relação com Deus, diz papa, que evoca “Noite feliz”

O papa saudou hoje uma delegação de deputados austríacos que se deslocaram ao Vaticano por ocasião do bicentenário do canto natalício “Stille nacht” (“Noite feliz”), composta em 1818 por Franz Gruber (música) para letra de Joseph Mohr, e que em 2011 foi declarada património cultural imaterial da humanidade por parte da UNESCO.

«Com a sua profunda simplicidade, esse canto faz-nos colher o acontecimento da Noite Santa. O Salvador Jesus, nascido em Belém, revela-nos o amor de Deus Pai. A Ele queremos confiar toda a nossa vida», declarou Francisco na saudação aos peregrinos de língua alemã presentes na audiência geral desta quarta-feira.

A intervenção principal do papa prosseguiu a reflexão, iniciada há uma semana, sobre o Pai-nosso, oração «breve, audaz, feita de sete pedidos, número que na Bíblia não é casual, indica plenitude», e que «não tem preâmbulos».

«Digo audaz porque, não Cristo não a tivesse sugerida, provavelmente nenhum de nós, melhor, ninguém entre os teólogos mais famosos, ousaria orar a Deus desta maneira», assinalou.

Com efeito, continuou Francisco, Jesus convida à oração «fazendo cair as barreiras da sujeição e do medo», não se referindo a Deus chamando-o de «Omnipotente», «Altíssimo» ou títulos semelhantes, «mas simplesmente com a palavra “Pai», que exprime «confiança filial».



É porque «Deus é Pai» e tem «uma imensa compaixão» por cada pessoa, querendo que «os seus filhos lhe falem sem medo, diretamente», que cada ser humano «pode-lhe contar tudo, inclusive as coisas que na vida permanecem distorcidas e incompreensíveis»



O Pai-nosso é também uma oração que mergulha as raízes «na realidade concreta» do ser humano, como se manifesta no pedido pelo pão de cada dia, súplica «simples mas essencial, que diz que a fé não é uma questão “decorativa”, distante da vida, que acontece quando foram satisfeitas todas as outras necessidades».

A oração brota «em qualquer lado onde há um homem, um qualquer homem que tem fome, que chora, que luta, que sofre e que se pergunta “porquê”», respondendo à «continua fome» e «sede», à «procura de felicidade» que inspira o ser humano.

«Jesus, na oração, não quer extinguir o humano, não o quer anestesiar. Não quer que esmoreçamos as perguntas e os pedidos, aprendendo a suportar tudo. Quer, antes, que cada sofrimento, cada inquietude, tenda para o céu e se torne diálogo», frisou.

Para Francisco, os cristãos devem ser como o cego Bartimeu, que pedia esmola à beira do caminho e que os transeuntes mandaram calar quando bradou a Jesus para ter compaixão dele.

«Jesus voltou a dar-lhe a vista e disse-lhe “a tua fé salvou-te”, quase a explicar que o fator decisivo para a sua cura tinha sido aquela oração, aquela invocação gritada com fé, mais forte do que o “bom senso” de tanta gente que o queria fazer calar. A oração não só precede a salvação, mas de alguma forma já a contém, porque livre do desespero de quem não acredita numa saída para tantas situações insuportáveis», declarou.

Com a prece do Pai-nosso, os cristãos não são conduzidos a aderir à teoria, avançada no passado, que «a oração de petição é uma forma débil da fé, enquanto que a oração mais autêntica seria a do louvor puro, aquela que procura Deus sem o peso de qualquer petição».

É porque «Deus é Pai» e tem «uma imensa compaixão» por cada pessoa, querendo que «os seus filhos lhe falem sem medo, diretamente», que cada ser humano «pode-lhe contar tudo, inclusive as coisas que na vida permanecem distorcidas e incompreensíveis», na certeza de que Ele permanece sempre com o homem, «até ao último dos dias» sobre esta Terra», concluiu.








 

Rui Jorge Martins
Imagem: koldunovaaa/Bigstock.com
Publicado em 10.10.2023

 

 
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