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Revista Didaskalia apresenta as cartografias do silêncio

“Cartografias do silêncio” é o tema da mais recente edição da Didaskalia, revista semestral da Faculdade de Teologia da UCP (Lisboa).

A abrir este primeiro número de 2009 estão os textos do biblista Roland Deines e de Henrique de Noronha Galvão, professor jubilado da Faculdade de Teologia. Seguem-se sete artigos dedicados ao assunto principal deste fascículo. A terminar, uma breve secção com recensões de seis livros.

Can the ‘Real’ Jesus be Identified with the Historical Jesus? - A Review of the Pope’s Challenge to Biblical Scholarship and the Various Reactions it Provoked
Roland Deines
Este artigo examina as reacções, sobretudo de académicos alemães especialistas de Novo Testamento, ao livro “Jesus de Nazaré” do Papa Bento XVI, não focando tanto pormenores exegéticos controversos mas privilegiando as “grandes questões” que demasiadas vezes permanecem inadvertidas como pano de fundo das discussões. Defende-se que o livro do Papa constitui uma importante e necessária tentativa de reconciliar fé e história, tendo como pressuposto a actuação efectiva do Deus bíblico na história. A realidade de Jesus de Nazaré como Filho de Deus incarnado é, por conseguinte, falseada e deturpada não apenas do ponto de vista teológico mas também histórico, sempre que ele for apenas entendido dentro dos parâmetros permitidos pelo “positivismo secular”. Contra o projecto do Papa Bento XVI, a maioria das críticas dirigidas a “Jesus de Nazaré” pelos especialistas do Novo Testamento defende que o único acesso academicamente viável ao Jesus histórico é o baseado na mencionada metodologia secular. Todos os aspectos reais na vida do Jesus terreno que vão além da realidade empírica, não são deste modo negados mas relegados para o domínio das crenças pessoais. [Escrito em inglês]

Conversão à Sabedoria. A actualidade de Santo Agostinho
Última lição na Faculdade de Teologia do Prof. Henrique de Noronha Galvão

Taciturnidade e Silêncio: Para a história do silêncio monástico
José Mattoso
O silêncio simultaneamente contemplativo e afectivo cultivado em meios monásticos ocidentais parece nascer entre os cluniacenses (concretamente com o abade Odo, 927-942), e seguir uma tradição que se transmite através de Guilherme de St-Thierry e de Aelredo de Rievaulx (ambos ligados à espiritualidade cisterciense), da segunda ou terceira geração dos cartuxos, e finalmente de Mestre Eckhart e do seu discípulo João Tauler. Nas origens do monaquismo oriental e ocidental considerava-se sobretudo a sua forma ascética. A tradição mística derivada da teologia apofática inspirada nos escritos de Dionísio Areopagita suscitou uma grande quantidade de obras místicas, sobretudo nos autores de S. Victor de Paris e seus sucessores, mas era considerada demasiado especulativa pelos autores monásticos mais acessíveis como o que redigiu The Cloud of Unknowing e o próprio Tauler.

Elia e la voce del silenzio. Ascolto dello Spirito, ascolto del corpo
Luciano Manicardi
A tradução da expressão hebraica de 1Re 19,12, “voz de silêncio sussurrante” (qôl demāmāh daqqāh), e a aplicação ao texto de 1Re19,11-13 do esquema retórico “três coisas digo, quatro afirmo” (cf. Pr 30,15ss.; Am 1-2) permitem colher a dimensão interior e espiritual da experiência de Elias no Monte Horeb, através de uma releitura em chave simbólica dos fenómenos atmosféricos “teofánicos” : o vento, o terremoto e o fogo. Esta interpretação espiritual, que podemos encontrar em ambientes monacais hesicastas, revela o silêncio como voz através da qual Deus se torna presente ao profeta falando na profundidade do seu corpo. Emerge assim o valor espiritual que o corpo tem na Bíblia e a certeza de que a escuta de Deus não se faz sem a escuta do corpo, verdadeiro lugar do Espírito. [Escrito em italiano]

Os rostos do silêncio (para uma semiótica do silêncio)
José Augusto Mourão
“As maneiras de dar a volta às coisas são infinitas”, dizia Pascal. Assim as modalidades do silêncio que nos aparecem como rostos a decifrar no interior de práticas enunciativas tão diversas como a oração, a meditação, a literatura e a música. Percorre-se aqui a forma que o silêncio reveste na literatura (M.G. Llansol, E. de Andrade, E. de Jesus, Celan) e no texto bíblico de Mc 14,3, partindo de um ponto de vista semiótico.

Relearning to think analogically: the decline of language and the alleged silence of God
Manuel Sumares
A questão acerca do declínio da linguagem e o silêncio de Deus não pode evitar as discussões complexas na filosofia contemporânea relativamente à possibilidade que a linguagem pode oferecer para falar do divino. Os filósofos analíticos, que trabalham por dentro da Viragem Linguística no século vinte, têm feito muitas incursões na problemática. Mas é sobretudo a filosofia hermenêutica e a sua preocupação com a superação do esquecimento do ontológico que o problema do declínio se conjuga com a poética que exprime a emergência dos seres e a sua possível dimensão religiosa. Contudo, o maior obstáculo a uma maior abertura ao divino reside no nominalismo que efectivamente domina a filosofia moderna e contemporânea. Aprender de novo pensar analogicamente vai implicar o discernir uma expressão teológica mais originária do Ser e a reabilitação de uma metafísica realista baseada na participação e a relação contígua entre o real e o Logos. [Escrito em inglês]

The Experience of the Religious through Silent Moving Image and the Silence of Bill Viola’s Passions
Inês Gil
Com a descoberta do cinema no fim do século XIX, novas formas de representar e de exprimir o Religioso nasceram. A indústria cinematográfica percebeu rapidamente que o filme tinha o poder de atrair novas audiências e transformou a mensagem religiosa explícita num discurso teológico implícito no cinema de ficção. Hoje, o conceito de “cinema” tem que ser repensado e alargado, tal como a noção de “Transcendental” porque a forte impressão de realidade da imagem fílmica pode mergulhar o espectador numa verdadeira experiência religiosa. [Escrito em inglês]

Presença e ausência – Indícios literários do Divino
Isabel Allegro de Magalhães
De modo sumário, este texto mostra como a humanidade, ao longo da História manteve viva a pergunta pelo sentido último da existência humana sobre a terra; como culturas e religiões foram dando respostas diversas a essa interrogação, tendo todas elas um carácter provisório enquanto resposta -- apesar da existência de revelações religiosas. Por isso essa interrogação fundamental continua a emergir, através de múltiplas vozes, em todos os tempos e lugares, dentro e fora dos quadros espirituais e religiosos existentes. A dimensão interrogativa quanto ao sentido último da vida parece assim surgir em modalidades diferenciadas em quase todos os contextos culturais do mundo. Por exemplo, a literatura, bem como outras formas de arte, é um dos espaços que incorpora essa busca do Invisível. Através de uma sua afirmação, dúvida, recusa ou mesmo de uma negação, figuram em muitos textos literários preocupações metafísicas e expressões de inquietação acerca do Divino. Em alguns exemplos, da poesia e da ficção narrativa do século XX e do XXI em Portugal, tenta-se observar os vários modos como a questão do Divino se inscreve.

Theological «Burning Points» in the Novel «Chinmoku» [Silence]
Adelino Ascenso
Uma das melhores estradas para uma investigação frutuosa no campo da teologia fundamental encontra-se na estética, nomeadamente na arte e na literatura, com particular destaque para a poesia e o romance, pois estes são meios para exprimir o sentido profundo na enfermidade e na angústia, assim como nas alegrias e dúvidas da humanidade. A obra do escritor japonês Shūsaku Endō (1923-1996) expressa tal angústia e tais dúvidas através dos personagens dos seus romances, abordando temas teológicos que são «pontos quentes» na nossa sociedade. No presente estudo, apresentamos o seu romance Chinmoku [Silêncio], o qual constitui um extracto do Capítulo III da dissertação doutoral defendida em Dezembro 2008, na Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma, com o título Transcultural Theodicy in the Fiction of Shūsaku Endō. [Escrito em inglês]

 

© SNPC | 29.07.09

Capa

Didaskalia

Autor
AA.VV.

Editora
Faculdade de Teologia
da UCP

Ano
2009
Fascículo 1

Páginas
224

Preço
€ 15,00

ISSN
0253-1674
















 

 

 

 

 

 

 







 

 

 

















 

 




























 

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Revista Didaskalia - Telef. 21 721 41 54
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